sábado, 31 de outubro de 2009

Crise actual é só comparável com o período da I República afirma Vitor Bento

Ontem ,numa conferência dedicada à apresentação de um estudo económico sobre o futuro da Economia Portuguesa ,dirigido por Ernâni Lopes (antigo ministro das Finanças) “A Economia no Futuro de Portugal”, no Centro Cultural de Belém.

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«Para encontrar uma década de crescimento tão fraco, é preciso recuar a 1912/1921, período pós implantação da república e da passagem da 1ª guerra mundial», afirmou, Vitor Bento (Economista,Presidente do Sibs,Conselheiro de Estado) durante a sua intervenção no CCB

Mais informação aqui..


Os factos não são novos, pois já aqui neste blogue foram divulgados, mas é importante quando a informação chega a determinados patamares institucionais.
A partir de agora os "generais de 5 estrelas" do regime republicano vão ter de falar de outro modo.O caso não é para menos.
Não só a frase vem de quem vem, como é completamente nova na abordagem "oficial" das nossas elites pensantes:
Até hoje considerava-se em rodapé que o falhanço (quando admitido) da I República se devia à I Grande Guerra (as despesas e desvio de mão de obra, a par da queda de produção)... pois agora, Vítor Bento descreve implicitamente o periodo entre 1912 e 1921, portanto começa antes da guerra.
Por outro lado nunca houve uma referência tão forte sobre o carácter negativo da evolução daquele periodo, embora Vitor Bento tenha o cuidado de não se referir ao regime, mas antes ao período temporal, a conclusão acaba por ser a mesma.

Este foi claramente um ponto de inflexão a favor da ideia que os monárquicos sempre divulgaram.

Cronologia da república - 31 de Outubro

1919
  • É fechado o jornal açoriano “ A folha da tarde”
  • É fechado o jornal açoriano “A folha de angra”
1921
  • É lançada uma bomba contra o consulado dos EUA em Lisboa
1923
  • É fechado o jornal açoriano “Diário de Angra”
Fontes: aqui

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Corre opção


As notícias enfocam um "novo" caso de compadrio que envolve "figuras" on ou off da política. Estas notícias ganham ânimo na boca dos apresentadores, comentadores, jornalistas e bloggers. Tenho pena que tanto comentário provoque o efeito contrário na selva portuguesa – o rugir de um novo caso torna em brisa todos os anteriores. É sinal do tempo. Cada vez tudo é mais efémero inclusive as noções de moral e justiça. Nesta selva os predadores correm de barriga cheia pela gula e pela vaidade. A política que devia ser uma actividade altruísta, positiva e congregadora tornou-se um meio privilegiado de tráfico de benefícios pessoais. Toda a política inclusive a ética republicana, principalmente esta. O país não reage. Espanta-se de boca aberta como se os cargos dos políticos e de directores de empresas públicas produzissem uma auréola santifica na moleira dos preponentes. Pelo contrário, os preponentes fazem as suas opções. E todos têm uma opção de vida. Infelizmente este país não tem bons exemplos para dar e a escumalha, sem referências e valores, corre para a frente fruindo do acumulado de impunidades. Já vem de trás. Deixamos impune o regicídio, o terrorismo republicano (que se vai comemorar com uma grande festa em 2010!), o assentamento do Estado Novo, a descolonização, o PREC e agora vislumbramos o degredo moral do regime.
Dizem para aí que o país está moderno e que está a avançar. Eu vejo-os. A correrem por eles e a darem ao povão, entusiasta, umas voltas... de atraso.

Iconografia pré-republicana #5

Portugal Pilot Flag. Digital ID: 1574657. New York Public Library

Os direitos da mulher


"Por volta de 1900, quase todos os direitos [femininos] estavam a ser conquistados, especialmente nos países protestantes. Não havia, no entanto, uma única juíza, política, generala ou empresária em toda a Europa. Curiosamente, a monarquia, uma das mais antigas instituições, permitia ocasionalmente que uma mulher estivesse acima de todos os homens. Em 1900, a mais famosa mulher no mundo inteiro era a rainha Vitória, que então celebrava o seu 63º ano no trono britânico."

Geoffrey Blainey, Uma Breve História do Século XX
(Livros d' Hoje, 2009)

Pedro Correia no Corta-fitas

Cronologia da república - 30 de Outubro

1911

  • Greve de mineiros

1912

  • Invasão da câmara municipal do Porto por republicanos

1919

  • É fechado o jornal “Defesa de Castelo-Branco”
  • É fechado o jornal “A cidade” de Braga

1923

  • Greve de operários do Porto

1924

  • É fechado o jornal “Alma Nova” de Elvas

Fontes: aqui

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

E outros países derivam...

Este livro «El Rey. Historia da Monarquia» coordenada pelo historiador espanhol Jose Antonio Escudero, acaba de ser distinguido com o Premio Nacional de Historia que contempla ensaios e trabalhos de excelência da investigação histórica, no país vizinho. É uma imagem pelo caminho da Monarquia na construção da Espanha actual, um país com uma imagem sólida de respeitabilidade e excelência no Mundo Contemporâneo. Espanha nasceu com a Monarquia e prossegue com ela. Sobre o actual monarca, o historiador não hesita em afirmar: «El rey Juan Carlos, es "referencia de todos e introduce una especie de factor de unidad y faro cuando todo lo demás se mueve".». Um farol que tem faltado ao nosso país nos últimos 99 anos, durante este tempo tão desorientado que talvez nem a navegação de cabotagem o ajudará a chegar a bom porto. Estimo mesmo que a ética republicana está para Portugal, como o iceberg esteve, em 1912, para o Titanic.

Vigarices regimentais




A tomada de posse do governo de continuidade presidido por José Sócrates, trouxe poucas novidades. Na verdade, apenas a menção à república, consistiu em algo de inédito e que não mereceu qualquer comentário pelos geralmente atentos analistas políticos.

1. A questão das prioridades do investimento público. Não tenhamos qualquer tipo de ilusões quanto a isto. O 1º ministro irá insistir nos Trabalhos de Imhotep, impondo-nos o TGV, a terceira autoestrada para o Porto e o substituto da Portela. No entanto, os mais recentes dados fornecidos pelas Nações Unidas, coloca Portugal num excelente 23º lugar mundial, no que respeita a infraestruturas. Pelo contrário, o ranking nacional quanto à justiça, educação e competitividade, é desastroso. A obsessão no favorecimento do sector da construção civil, poderá ser satisfeita, se se atender à urgente reabilitação das zonas históricas das grandes cidades, onde o parque imobiliário anterior ao século XX, está vergonhosamente votado à completa ruína . Este crime deverá ser erradicado da vista de todos, em benefício do interesse geral.

Este relatório independente, da ONU, é por si próprio uma advertência - quase um indicativo para um bom programa de governo - que serve de conselho para as necessárias prioridades da acção governamental. Esperemos e aguardemos.

2. A questão da república.

Sócrates iniciou o seu discurso com um apelo aos "valores republicanos", tendo-o terminado com uma evocação ao primeiro - e possivelmente derradeiro - centenário comemorativo da subversão que o 5 de Outubro de 1910 representou.

Sabemos de fonte segura que o 1º ministro é um pragmático destes dias de contas, balanços e imediatismo mediático. Se amanhã fosse instaurada a Monarquia, Sócrates diligentemente a serviria, como regime de todas as liberdades e da independência nacional. Pouco lhe interessam aspectos filosóficos, históricos ou conceptuais e se alguém pretender aprofundar um certo tipo de questões, lá replica com o costumeiro ..."está a querer complicar?"

Pelos vistos, desta vez parece que sim. Provavelmente, José Sócrates sofre umas quantas influências doutorais de Mário Soares, exímio contador de estórias, algumas mais verídicas que outras e no caso da república de 1910, parte integral da apologética de uma situação que tendo sido escandalosa, violenta e absurda, serve de justificação para a sempre necessária ligação no tempo, a tal almejada e imprescindível continuidade que legitima.

O caso do Centenário da República, surge no momento exacto. As dificuldades que se avizinham de uma situação económica, política e social de limites ainda indefiníveis mas certamente graves, conduz à necessidade de um paliativo urgente, ou seja, a montagem do espectáculo de circo. Sem qualquer hipótese de reedição de um campeonato de futebol internacional, como mobilizar a distracção popular? Não existe dinheiro para mais uma Expo de promoção ao umbigo em torno do qual o regime gira, Portugal não venceu a Eurovisão em 2009, o Mundial da FIFA realizar-se-á na África do Sul e não consta ser possível unir patrioticamente os portugueses tal como aconteceu durante o processo que conduziu à independência da Timor.

Resta-lhes a patranha republicana. No entanto, o 1º ministro poderá ter a certeza de que anda por aí muita gente a ..."querer complicar". Num momento em que praticamente se extinguiu a geração monárquica dos pergaminhos, linhagens e heráldicas, o sistema instalado pode contar com uma feroz e radical oposição que não deixará de apresentar a verdade aos portugueses. Regime espúrio, ilegal, prepotente e violento, a república foi a forja fatal do desgraçado século XX a que este país se submeteu, tal canga por castigos imerecidos. Os monárquicos de hoje são académicos, preenchem lugares relevantes em todos os campos profissionais, têm influência e como o regime bem sabe, possuem uma audiência sem precedentes. A mentira e o reescrever de uma estória mal contada, não passarão.

A chamada ao previsível carnaval do Centenário da República, consiste num erro crasso que evidenciará ainda mais, as profundas clivagens existentes entre os próprios detentores dos mais altos cargos da dita instituição. Os tristes acontecimentos do passado 5 de Outubro de 2009 assim o demonstraram.

Sim, vamos "querer complicar". Neste aspecto, o quanto pior-melhor, serve perfeitamente e até contamos com a preciosa ajuda do residente de Belém, do 1º ministro e dos chefes da oposição. Perfeito!


Cronologia da república - 29 de Outubro

1913

  • Destruição do jornal católico “O Universal”

1921

  • Explosão de bombas na sede das juventudes sindicalistas

1923

  • Greve e agitação operária no Porto

Fontes: aqui

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Iconografia pré-republicana #4

Portugal. Digital ID: 1572761. New York Public Library

Toma lá, Dá cá


Esta história republicaneta conta-se em poucas palavras: Um dos primeiros senão o primeiro "decreto" dos terroristas republicanos foi a abolição dos Títulos Nobiliárquicos. Ora, esses meninos já sabiam que as mercês desde meados do século XIX eram uma "necessidade do Tesouro Público". O fisco, na monarquia, sabia tirar partido da concessão de títulos e tributava os diversos alvarás com um imposto muito elevado (cada alvará importava Imposto de Sêlo + Emolumentos + Direitos de Mercê). O desmesurado aumento dos impostos desde o tempo Miguelista fez com que muitos titulares de jure e herdade recusassem os mesmos assim como muitos agraciados recusavam renovações e mercês novas pela questão tributária. Vai daí que a verdadeira integridade republicana viesse ao de cima um mês depois de saída a lei tudo igual ao litro, em Novembro de 1910, quando o ministro das finanças de então, o dr. Afonso Costa, apresentou ao parlamento uma proposta, de imediato aprovada, de revisão da lei revogando os antigos Direitos de Mercê – é que as qualificações de nobreza eram em grande número pagas em prestações e o Afonso Costa não queria perder pitada – (em 1913 aprovou um novo diploma para apelidar o imposto de "Direitos de Encarte" e obrigando a que este fosse pago de uma só vez não permitindo as "prestações"!!) Com monarquia ou em república todos os representantes de títulos e mercês podiam exibir os títulos (mas obrigatóriamente precedidos no nome civil) desde que tivessem pago os escudos devidos na tesouraria do Afonso Costa.

Cronologia da república- 28 de Outubro

1922

  • Greve dos mineiros de Aljustrel

1923

  • Tumultos populares no Porto

1924

  • Greve de trabalhadores em Guimarães

Fontes: aqui

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Cronologia da república - 27 de Outubro

1911

  • Congresso do partido republicano “circo dos cavalinhos” começa com 600 e acaba com 280 delegados

1912

  • Assalto de repartições públicas e queima de documentos em vila flor

1917

  • Decreto de mobilização agrícola

1918

  • É fechado o jornal “O Minho” de Viana do Castelo

Fontes: aqui

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Entrevista de José Adelino Maltez ao Ensino Magazine de Outubro

..."O Sô Doutor" é uma instituição nacional que a República criou para substituir a aristocracia"

Retirado da entrevista que o politólogo, concedeu ao referido jornal

Independência


Um novo governo tomou posse. Na tomada, o presidente desta república disse que ia ser colaborante, um "referêncial de estabilidade", pois sabia o que era governar em maioria relativa. A maior parte do povo não deslinda o que estas palavras querem dizer. Não é por se ter ouvido uma mentira. Ao invés, é uma cassete gasta. O regime é presidido por parte daqueles que andaram à liça e a dispôr das verbas deste país. A propalada independência e imparcialidade face aos partidos ou governos é uma falácia. Um presidente da república não se devia "por a pau". A promiscuidade entre a presidência e a governança existe e nesta república é uma regra matemática. Como melhor exemplo lembro, porque, tal como dizem os comunistas – nunca esquecer –, a Amnistia Presidencial aos terroristas das FP25 tendo à cabeça o chefe da tribo da COPCON, Otelo Saraiva. Eles devem-se. Os portugueses deviam levantar a cabeça e decifrar as constantes "imparcialidades" dos presidentes da república. Talvez o óbice seja esse: levantar a cabeça. Devem andar muito pesarosas de olhar para o chão e para as migalhas.

Cronologia da república - 26 de Outubro

1914

  • Assalto ao jornal “Liberdade” no Porto

1915

  • Greve dos operários de Setúbal e Palmela

1916

  • Dec 2691 obriga os produtores de trigo a vende-lo a manutenção militar

Fontes: aqui

domingo, 25 de outubro de 2009

Iconografia pré-republicana #3

Portugal. Digital ID: 1574227. New York Public Library

Cronologia da república - 25 de Outubro

1913

  • É fechado o jornal “O Germinal” de Setúbal

1917

  • Nas eleições para a vaga de um deputado e de um senador no círculo ocidental de Lisboa votam apenas 14% dos recenseados

Fontes: aqui

sábado, 24 de outubro de 2009

Cronologia da república - 24 de Outubro

1923

  • Greve em São Pedro da Cova
  • Várias prisões em São Pedro da Cova
  • Encerramento da sede do sindicato em São Pedro da Cova
  • Encerramento da chamada sopa comunista em São Pedro da Cova

Fontes: aqui

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Cronologia da república - 23 de Outubro

1912

  • Greve de tanoeiros no Porto

1917

  • É fechado o jornal “A Madrugada” de Castelo-Branco

Fontes: aqui

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Coisas do diabo...




Ainda muito a propósito do Orçamento Geral do Estado que o governo deverá apresentar ao Parlamento, sugerimos ao 1º ministro que admoeste o Palácio de Belémquanto a uma redução de gastos. De Madrid chega a notícia de João Carlos I tersolicitado a Zapatero, o não aumento em 2010, da dotação anual à Casa Real. Como se sabe, o Palácio da Zarzuela despende 8,9 milhões de Euros/ano para aquele "estadão" que se conhece. Aqui, na República da Tugalândia, os quase 17 milhões anuais são apenas suficientes para a sra. de Cavaco Silva - a fanática capadócia - dizer em entrevista que o Palácio de Belém não tem... um tostão?!

Cronologia da república - 21 de Outubro

1910

  • Suspensão das funções do bispo de Beja por portaria

1912

  • Ataque ao posto da GNR pela população em Coruche

1914

  • Destruição do jornal “Noticias de Évora”

1920

  • Greve de alfaiates em Lisboa

1921

  • Tentativa de Assassinato, em Leiria, do industrial Alfredo da Silva
  • CGT reclama a libertação dos sindicalistas detidos

Fontes: aqui

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Num ocaso nevoento




«É o presidencialismo possível ou desejável em Portugal?» Debate com a participação de João Gonçalves e de Pedro Mexia. Ciclo de debates - "QUE DEMOCRACIA PARA O SÉC. XXI? - organizado pelo CADC – Centro Académico de Democracia Cristã, em colaboração com as Livrarias Almedina. Na Almedina, Estádio Cidade de Coimbra. 23 de Outubro 2009, às 21h 00."

A resposta só pode ser uma: não!

Tivemos uma experiência presidencialista com Sidónio Pais e uma tentativa abortada com Manuel Arriaga - Pimenta de Castro. A 2ª república não foi presidencialista, devido aos condicionalismos impostos pela personalidade do primeiro-ministro Oliveira Salazar e à clara necessidade de manter as Forças Armadas tranquilas e aparentemente ttulares do exercício da soberania. Gomes da Costa jamais poderia ter sido o "presidente-total" e ainda menos um general Carmona ou a conhecida nulidade Craveiro Lopes. Pelo contrário, o sempre subestimado Américo Tomás, viu crescer a sua importância - embora discreta e camuflada pelo governo de Marcelo Caetano - após o desaparecimento político de Salazar.

O ilusório presidencialismo, não passa de uma reedição de um neo-sebastianismo disfarçado de "novos tempos", enfim, um bonapartismo querido por alguns, num projecto de moralização da coisa pública. Conhecendo a personalidade e a carreira de alguns - ou melhor, do único - candidato(s) a salvador(es) da pátria, conclui-se com um simples apontar do dedo à manipulação e à quimera. Não será desta forma que a república conseguirá sobreviver ao vórtice que criou. Aliás, temos coisas mais importantes para tratar.


Era tudo muito legal. Tudo à imagem da República


"(...) No decorrer dos conturbados tempos da 1ª República, surgiram variados grupos e grupelhos semi-secretos, actuando como corpos privados de polícias secretas ao serviço dos variados partidos políticos e até das próprias instituições ou como associações onde, por vezes, era difícil traçar uma linha clara entre fins políticos e fins criminosos. Assim, nasceram mais ou menos ligados à Maçonaria-Carbonária e ao Partido Democrático, a Formiga Branca, os Defensores da República, os Voluntários da República, o Grupo dos Treze, e outros "13". As lutas entre estes grupos eram constantes, como no caso dos Lacraus e do Grupo do 27 de Abril, atacando a acção da Formiga Branca e dos Democráticos."


Pedro Manuel Pereira, in jornal "A avezinha", 15.10.2009

A Lei do Código eleitoral, de 1913 OU Uma República contra a descriminação e as elites

A transcrição que se segue refere-se à Lei do Código Eleitoral de 1913 que foi revista para melhorar a anterior de 1910.

"Capítulo I
Dos Eleitores

Artigo 1º – São eleitores de cargos legislativos todos os cidadãos portugueses do sexo masculino, maiores de 21 anos que estejam no gozo dos seus direitos civicos e politicos que saibam ler e escrever português e residam no territorio da Republica Portuguesa.

Artig 2º – Os cidadãos pertencentes ao exercito e á armada e aos corpos da policia civica, que á data da eleição se encontrem em serviço efectivo não podem votar.

Art. 3º – Não podem ser eleitores: os alienados e bem assim os interditos, (...) os falidos, (...) os que estiverem pronunciados por despacho com transito em julgado (...) e os por efeito de sentença penal condenatória, (...) os que tiverem sido condenados como vadios, a partir de 5 anos a contar da data que os condenou, (...) os que tiverem sido condenados por crime de conspiração contra a República, (...) os indigentes incluindo os que tiverem sido internados em qualquer estabelecimento de caridade, (...) os estrangeiros naturalizados ha menos de dois anos."


Foto retirada do site: www.parlamento.pt

Festa Republicana na Rua do Carmo


"A poucos dias, são as festas da cidade – não festas de uma aristocracia, mas festas para o povo, festas para todos. E pratica-se aquele monstruoso atentado na Rua do Carmo. Atira-se uma bomba sobre um cortejo que reune principalmente crianças. Morre um vendedor de hortaliça, um operario de Castelo de Vide, um dos proprios implicados no crime, e ha dezenas de pessoas feridas, quasi todas operarios e crianças. Não é já a existencia de agitadores que se observa. Verifica-se a existencia de uma seita de malfeitores que não se preocupa com os mais elementares sentimentos de humanidade."

Relato do embate entre facções republicanas a 10 de Junho, em Lisboa; in O Mundo, 1914, pág 105

Cronologia da república - 20 de Outubro

1911

  • António José de Almeida é espancado por Carbonários em Lisboa

1913

  • Tentativa de derrube da Republica
  • Destruição dos jornais “Dia” e “Nação” em Lisboa

1914

  • Tentativa de derrube da república
  • Corte das comunicações telefónicas e telegráficas com o norte do país
  • Incidentes em Bragança
  • Destruição do jornal “Jornal da Noite” em Lisboa
  • Destruição do jornal “Restauração” em Lisboa
  • Destruição do jornal “Talassa” em Lisboa
  • Destruição do jornal “Ridículos” em Lisboa

1919

  • Conflito entre os industriais de conserva e os marítimos em Setúbal

1921

  • Decreto 7744 – Suspensão da constituição

Fontes: aqui

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Iconografia pré-republicana #1

Portugal. Digital ID: 1571937. New York Public Library

A revolução devorando os seus filhos

Como refere aqui em baixo a cronologia do nosso Daniel Nunes Mateus, faz hoje oitenta e oito anos que os ímpetos revolucionários e a instabilidade política da república produziram um dos seus mais aberrantes acontecimentos; quando, ao mesmo tempo que o assassino de sidónio Pais era libertado da cadeia eram barbaramente assassinados António Granjo, Carlos da Maia, Freitas da Silva, Machado dos Santos e Botelho de Vasconcelos, naquela que ficou conhecida pela Noite Sangrenta, com o protagonismo dum obscuro cabo Abel Olímpio o "Dente de ouro" e a sua Camioneta fantasma (na imagem). Saiba mais aqui.

Liberdade & fraternidade na República Portuguesa (1914-1916)

«De 1914 a 1916 andamos com a vida por um fio, insultado em tôda a parte onde aparecíamos: no Parlamento, na rua, nos cafés e nos carros "eléctricos". Raro era o dia em que não recebíamos aviso de que fôra deliberado, num comité de patriotas, coserem-nos de facadas ou queimarem-nos nos miolos, alguns dêsses avisos dimanando da Polícia que, todavia, nunca prendeu tão beneméritos cavalheiros, sabendo quem êles eram e onde se reuniam concertando o patriótico intento.
Uma noite na Brasileira do Rossio, apareceu um grupo à minha procura, um grupo de patriotas, está bem de ver, um dêles mal disfarçando debaixo do capote um machado. Propunham-se abrir-me a cabeça, como aconselhara o Mundo, para ver o que eu tinha dentro dela. Por acaso não jantara em casa, nesse dia, e por isso não fôra, como de costume, depois de jantar, tomar café à Brasileira, sem nenhum aviso do que se planeava.
Pagou as favas o Dr. António José de Almeida, insultado e zurzido pelos bons patriotas que me tinha procurado no café, e provàvelmente êle teria sido vítima duma machadada, se não o empurrassem para a loja dum armeiro, o Heitor, que, por um feliz acaso, ainda não tinha fechado.
No Parlamento, mais duma vez, êsses executores da alta justiça social se instalaram, armados de bombas e pistolas, na galeria que dominava o sector unionista, dispostos a cumprirem o seu mandato a um sinal convencionado

Brito Camacho, «Portugal na Guerra»

Cronologia da república- 19 de Outubro

1911

  • Manifestação de carbonários contra os jornais “O intransigente”, a “Republica” e a “Luta”
  • Existem 500 presos políticos

1915

  • Greve dos soldadores de Setúbal

1921

  • Tentativa de derrube da Republica
  • São assassinados António Granjo, Carlos da Maia, Freitas da Silva, Machado dos Santos e Botelho de Vasconcelos
  • Libertado o assassino de Sidónio País

Fontes: aqui

domingo, 18 de outubro de 2009

Cronologia da república - 18 de Outubro

1911

  • Saneamento de dois professores da Faculdade de Direito de Coimbra

1917

  • Protestos dos Bombeiros Municipais de Lisboa, sendo o quartel invadido pela GNR

1919

  • É fechado o jornal “ A Província” de Coimbra

Fontes: aqui

sábado, 17 de outubro de 2009

A velha república

É sempre bom reler "A República Velha" (Gradiva), de Vasco Pulido Valente, um livro que eu estava proibido de ler na faculdade. Ali, naquele livro maldito, podemos constatar o carácter terrorista da I República. Ali, naquele livro que Mário Soares deve ter queimado num auto-de-fé privado, podemos ver como o "bom povo republicano" era a PIDE informal de Afonso Costa; o bom povo bufava e batia com primor. Ali, podemos verificar que a repressão dos direitos sindicais começou com Afonso Costa, e não com Salazar. Ali, podemos ver como a esquerda indígena não evoluiu muito: os nossos esquerdistas passaram do "morte ao talassa" para o "morte ao fascista". Em 100 anos, conseguiram mudar uma palavra.

Henrique Raposo no Clube das Republicas Mortas

O Rei não és tu!

O prezado Tiago Moreira ramalho resolveu evoluir para o ódio mais básico que pode ditar a conduta anti-monárquica, que na maior parte dos casos pouco ou nada tem a ver com republicanismo...."o Rei sou eu" escreve no site do EXPRESSO

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Outras grandes nações no debalde do sec XIX cairam no republicanismo formatado.Com os mesmos efeitos e com os devidos ajustes o republicanismo apenas realçou o descontrole social e politico emergentes da fase de concentração industrial, na devida proporção do grau de desenvolvimento no momento em que se deu a mudança de regime.
O romantismo da ruptura abrupta em nome de uma teoria inatíngivel ,os filhos, netos e bisnetos da Comuna de paris continuam a sua senda, propagando aos ventos os beneficios de uma sociedade sem classes no meio de um mundo onde as Nações mais evoluidas foram aquelas que em vez de romperem com o ciclo politico adaptaram-se a ele, onde a igualdade se transparece nas oportunidades, a equidade na força do tecido económico e a fraternidade no sentimento de pertença a uma comunidade cujo perene representante é o Rei.
O texto, que rebato, tem importãncia pelo fraco conhecimento daquilo que foi a experiência da 1º Republica em Portugal e das suas congéneres pela Europa fora


"O rei sou eu"


Falso..o Rei é determinado por razões históricas intrínsecas ao próprio povo e cultura que pressupõe representar.No caso português é SAR D. Duarte Pio, por variadissimas razões , as quais o próprio Estado reconhece.

"É essa a maravilha de tornar os Estados numa coisa pública, tirando-os da mão de um senhor - normalmente é um senhor, não há quotas na genética - que o herdou apenas porque os concidadãos dos seus antepassados não se importaram de abdicar do direito a escolher o seu líder máximo, delegando tal competência à madrasta natureza. E que madrasta, tantas vezes"

A mesma genética que confere cidadania ao nascidos filhos de.. e em território X.... Também na mais fundamental peça do edificio republicano, a cidadania, existe a questão genética hereditária a fundamentar a existência do próprio Estado.
SE não pode existir um Rei porque hereditariedade de direitos politicos é errado, então também o é na assumpção de pertença a um povo,cultura ou nação aos recém nascidos.
Toda a Nação Pais ou Estado é um somatório de esforço e dedicação em prol da ascendência , em prol do futuro

"Dizem que o monárquico é regime de muita virtude. Que os países mais ricos da Europa são Monarquias. Pois são. Mas falta dizer que se tornaram os mais ricos e poderosos muito antes de se pensar na ideia de uma República. Ou no século XIX a Inglaterra e a Holanda não eram muito mais ricas que esta nossa praia mal amparada?"

Falso!...a Inglaterra medieval era pobre...mais pobre que o rico império português, o qual só existiu até à Republica.
Para dizer a verdade só podemos falar em Republica versus Monarquia a partir de 1918
mesmo assim as monarquias que deixara de o ser ficaram mais pobres (Alemanha ,por exemplo...Russia, Austria, Turquia...etc etc etc) enquanto que as monarquias que prevaleceram ficaram mais ricas
Mesmo assim qualquer Reino europeu está mais bem colocado em qualquer indice, que a melhor das republicas...e isto é um facto não casual, muito pelo contrário indica a qualidade do regime e o nível de incompetência politico-administrativa que grassa na tal "praia mal amparada"

"E dizem que o monárquico é regime de muita liberdade, de muita escolha"

correcto!...Qualquer monarquia europeia figura nos lugares cimeiros de qualquer índice de qualidade democrática e liberdade expressão.Dizer o contrário é ocultar sériamente a verdade

"como é que se pode falar em Democracia quando o mais alto cargo do Estado é imposto por uma espécie de desígnio divino?"

falso!...Fosse um povo e a qualidade do regime deste mesuraveis pelas qualidades éticas intrínsecas de um único cargo e ninguém estaria preocupado com níveis de desemprego ou dinâmicas do PIB, cargo esse que em Portugal só parece ser relevante para aparecer numa varanda a 5 de Outubro e 2 a 3 vezes em comunicados pela televisão.

"Uma Monarquia Constitucional é apenas uma Monarquia como qualquer outra"

Não!...tem Constituição..está lá na palavra "constitucional"

"o povo inglês até pode ter os mais democráticos sistemas eleitoral e participativo; isto pode ser tudo verdade, mas não deixa de lhes faltar uma última liberdade: a de escolherem o seu líder máximo, "

Realmente há que ter pena dos 18% dos britânicos que perdem o sono a pensar nisso.
O problema são os 90% de portugueses que perdem o sono a sonhar com o nivel de vida dos britânicos
Mas podemos escolher o Presidente!...tão felizes que somos!


"só não percebe isto quem não quer."


Concordo...mesmo!

Só tenho pena e plena desconsideração por aqueles que acham bem penhorar o futuro de toda uma nação para poderem um dia serem Presidentes...ou lá o que isso seja

Entretanto os nossos melhores emigram para as ditatoriais monarquias...porque de facto lá vive-se melhor e com mais liberdade!

Cronologia da república - 17 de Outubro

1910

  • Distúrbios na Universidade de Coimbra
  • Dec.-D.G nº11 Abolido provisoriamente o lugar de reitor do liceu

1911

  • O governo pede a assembleia para suspender a constituição para julgar monárquicos
  • Criação de um tribunal especial “Tribunal das Trinas”

1915

  • Greve dos operários de construção civil
  • Greve dos polidores de móveis

Fontes: aqui

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Saudade de João Camossa


Faz hoje 2 anos que faleceu João Carlos Camossa Saldanha. Homem invulgar e cativante, foi fundador do Centro Nacional de Cultura (e seu presidente em 1949)* e do Partido Popular Monárquico. Que saudade. Ele foi um dos culpados pela minha adesão à causa monárquica. João Camossa "nasceu" monárquico. O seu pai, o capitão-mar-e-guerra Augusto Saldanha, foi um dos resistentes ao 5 de Outubro de 1910, o que lhe valeu a prisão e muitos dissabores na carreira militar e na vida familiar. Os seus argumentos, simplicidade e emoção oratória não deixavam ninguém indiferente. Era um homem de histórias que adorava as tertúlias e a conversa inteligente. Não o revejo em nenhuma das actuais figuras políticas nem nesta moralidade e costumes. Não deve ter sido por acaso o seu alheamento do (recente) PPM e dos "lugares" que lhe ofereceram. Costumava dizer-me, no seu tom irónico, que se ele fosse "republicano" um "dedinho" do que ele dizia já lhe tinha dado direito a uma comenda!
Pelos seus ideais e pelas causas que o moveram, ergo uma homenagem ao João Camossa. Que as saudades que deixa sejam força para continuar a lutar por um verdadeiro Portugal.

* O Centro Nacional de Cultura tem em agenda uma homenagem a João Camossa no início de 2010.

Cronologia da república - 16 de Outubro

1911

  • Afonso Costa defende a intransigência com os inimigos da Republica
  • 55 pessoas são presas sob a acusação de tentarem derrubar a Republica
  • Incursão realista no norte de Portugal

1913

  • É fechado o jornal “7 de Julho” de Chaves

1915

  • Portaria determinando a colocação de bustos da república em todas as salas de audiência dos tribunais

1918

  • Ataque aos presos do levantamento de dia 12, registando inúmeras mortes e feridos

1921

  • É fechado o jornal “Voz de Guimarães”

1925

  • Decreto 11154 extingue a repartição central da secretaria do governo civil de Lisboa

Fontes: aqui

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Engorda


O tempo passa e os cidadãos nem reparam no peso deste regime. Não estamos a falar de gramas. Estamos a falar de toneladas. A República passou a ser o Estado. O Estado passou a imiscuir-se na política legislativa. A independência entre o Estado e a política, ou um Estado independente, apolítico, não existe em República. O Estado passou a ser um assunto "privado" ou arrendado de 5 em 5 anos. A República está a engordar e a arrotar caprichos vai para 100 anos. E pesa, descaradamente. Até quando os cidadãos vão querer alimentar este regime?


** Adenda, para os mais sensíveis: esta foto montagem procura ir ao encontro da alegórica-República, a mesma que passou a personificar o regime da mama e que foi mandada colocar, por decreto, em tudo quanto era sítio, e que, como tal, é esculpida de peito ao léu. Acontece que, nesta foto actual, a República já está gorda de tanto fartar.

Fazer história

O jornal O Diabo publica na sua última edição uma selecção de posts deste blogue, numa iniciativa que deve honrar os seus autores. No mesmo sentido vem a grata notícia de que a Plataforma do Centenário da Republica nos últimos tempos duplicou a media de vistas diárias: estamos certos com o aproximar da triste efeméride o nosso esforço ganhará mais relevância.

Cronologia da república - 15 de Outubro

1918

  • Confrontos bombistas em Lisboa
  • O comandante do regimento de cavalaria 5 em Évora é assassinado em Évora

1920

  • É fechado do jornal “A bandeira vermelha” de Lisboa

Fontes: aqui

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

XII – LISBOA “REPUBLICANA” (3)

Em balde as empresas substituíram títulos regalengos de T. de D. Maria II, D. Amélia, Príncipe Real, etc., por outros mais consentâneos da nova idolatria populacheira. A gente de dinheiro não sai de casa, ou debandou para a província, e quanto à outra, como há quase dois meses não trabalha, claro que não tem dinheiro para espectáculos, e engana o estômago fazendo demonstrações festivas aos mandantes, e mesmo nos intervalos desta a si mesma…»

ALMEIDA, Fialho d’ – Saibam quantos… (cartas e artigos políticos). Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1912, pp. 31-32.

Cronologia da república - 14 de Outubro

1924

  • Encerramento de várias casas comerciais contra a legislação sobre impostos
  • Tumultos no Porto e em Espinho contra o lock out

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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Viva a Monarquia Socialista Açoriana

E não é que a familia ganhou?

Cronologia da república - 13 de Outubro

1911

  • Afonso Costa visita os jesuítas detidos em Caxias

1917

  • Decreto 3458 cria a taxa de guerra aplicada nas colónias
  • É fechado o jornal “O mundo” em Lisboa
  • Lutas entre militares e polícias em Lisboa

1918

  • Declaração do estado de emergência pelo governo
  • Assalto ao jornal “O Mundo”
  • Assalto ao clube democrático dos fenianos no Porto
  • Assalto a sede “A Montanha” no Porto

1921

  • O partido democrático declara-se em oposição ao governo

Fontes: aqui

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Cronologia da república - 12 de Outubro

1910

  • Conflitos entre Republicanos
  • Os carbonários exigem que o seu símbolo: as cores verde e vermelha com o escudo e a esfera sejam a bandeira nacional

1911

  • Prisão de 142 monárquicos, na tentativa de derrube da república, no norte
  • Incursão de grupos monárquicos armados

1916

  • É fechado o jornal açoriano “O Dia”

1918

  • Tentativa parlamentarista de derrube da república em Coimbra, Évora e Vila Real
  • O decreto 4891 suspende a constituição
  • Tentativa de derrube da república em vários pontos do País

Fontes: aqui

domingo, 11 de outubro de 2009

Cronologia da república - 11 de Outubro

1910

  • Detenções por suspeita de jesuitismo em Almada

1922

  • Greve geral de marítimos de longo curso

1923

  • Pescadores e Armadores protestam em Lisboa contra o vandalismo espanhol em águas nacionais
  • Greve geral de marítimos de longo curso

1924

  • É fechado o jornal açoriano “A voz do campo”

Fontes: aqui

sábado, 10 de outubro de 2009

A ética será republicana?

Esta é uma ideia cara aos nossos presidentes da República que, perante o calendário de feriados predominantemente religiosos fazem questão, uma vez chegado o 5 de Outubro, de recordar ao país a importância da ética republicana. Cavaco Silva não foi excepção. Não duvido que os presidentes da República que temos tido defendam a ética da República mas daí a dizer-se que existe a ética republicana vai um passo demasiado largo. E no caso português perigosamente largo. Em primeiro e mais óbvio lugar porque não é o facto de o regime ser republicano ou monárquico que o torna mais ou menos ético. Portugal é uma república e a Suécia e a Holanda monarquias mas no que à ética da vida política e pública respeita temos muito a invejar aos súbditos de Carlos Gustavo e de Beatriz. Em segundo lugar esta associação entre a ética e a natureza republicana do regime envenenou-nos todo o século XX e ameaça-nos o XXI pois incapazes que somos de dissociar a ética da República esquecemo-nos da primeira para não nos malquistarmos com a segunda. A nossa incapacidade de debatermos o regicídio, a noite sangrenta ou, no pós 25 de Abril de 1974, a descolonização resultam em grande parte desta atávica associação entre a natureza do regime e a ética da sua classe dirigente. Onde estava em Novembro de 1975, a ética dos militares e políticos portugueses que, como relata Leonor Figueiredo no seu livro “Ficheiros Secretos da Descolonização de Angola”, deixaram para trás nas prisões e campos de concentração de Angola cidadãos portugueses que tinham sido raptados pelo MPLA?

Enquanto os factos menos nobres praticados na República, a corrupção e o falhanço da Justiça continuarem a ser vistos como notas de rodapé na exaltação mais ou menos folclórica da ética republicana continuaremos reféns daquela divisão jacobina do mundo que envenenou a I República e que, de sinal contrário, se prolongou no Estado Novo, aí com a tentativa inversa de transformar em boa a ditadura com o argumentário da honestidade pessoal de quem a chefiava. A República que somos será mais ética não por ser república mas sim por ter entre os seus políticos e na sua administração quem não veja na condição republicana (tal como outrora o viram na condição monárquica ou em “ser da situação”) um atestado de impunidade.

Helena Matos 8 de Outubro, 2009 no Público

Cronologia da república - 10 de Outubro

1910

  • 46 padres presos no Limoeiro
  • 82 padres presos em Caxias
  • 233 freiras presas no Arsenal da Marinha
  • Destruição dos jornais “Liberal” e “Portugal” de Lisboa

Fontes: aqui

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O gato e o melro

Entrevistado (ou esmiuçado) pelo tareco da moda, Mario Soares não se deixou enganar. Sabe-a toda, como se diz na gíria! E driblou o gatinho com a maior das facilidades. Assim, bastou-lhe uma simples menção à actual terceira república, para atalhar de imediato ripostando que não existe nenhuma terceira república e que esta é apenas a segunda! E deu uma explicação surrealista: - segundo Mário Soares o estado novo, não conta, porque a ditadura não é republicana nem monárquica! Perante esta revelação o mínimo que se esperava de um gatinho inteligente é que perguntasse de seguida - então se a ditadura, que durou quarenta e oito anos, não conta, o que é que vamos comemorar no centenário?! Ou seja, o que significa a expressão 'centenário da república'?! Mas o tareco, tão espertinho noutras ocasiões e com outros convidados, calou-se, e mudou de assunto. E o pessoal lá em casa foi aldrabado outra vez.
Então não andamos a comemorar o 5 de Outubro há cem anos! Que eu me lembre o estado novo sempre fez feriado no 5 de Outubro!
Enfim, com melros destes não saímos da gaiola.
.
. Saudações monárquicas

Cronologia da república - 9 de Outubro

1910

  • É fechado o jornal “Echos do Liz” de Leiria
  • É fechado o jornal “União” de Santarém

1911

  • É fechado o jornal “Popular” de Lisboa

1915

  • Conflitos em Amora entre operários e a polícia

1920

  • Milhares de operários ficam desempregados

Fontes: aqui

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Não te enganaste Rafael

Haja Paciência


Muita. Para aturar o ressabiamento, o ódio, o desprezo, a ignorância, o cuspe dos que se dizem "defensores" em prol desta república. O que me dói é a sorrateira desonestidade que embrulha os assuntos professados pelos evangelistas do regime. O léxico mental destes revolucionários não passa de três palavras falsamente manipuladas: privilégio, passado, diferença. Como se o "Estado" fosse o único mérito para as nossas vidas e o politburo o único grupo com direitos, como se o futuro já existisse, como se a "igualdade" fosse respirada por decreto. Quando estes revolucionários se levantam de manhã não devem por os pés assentes na terra. Não querem... mas não há outro remédio. Por isso tudo agridem pela sua frustração. Paciência.

Quem cuida da res-publica?

Finalmente um orgão de comunicação de referência pega no caso dos gastos da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República que já tinha sido denunciado aqui. Acontece que eu espanto-me que não cause enorme escândalo o facto do design do deste simples site ter sido adjudicado por 99.500,00 euros. Eu pasmo com a naturalidade com que se aceita que se gastem às expensas dos impostos dos cidadãos 90,000,00 euros em "estacionário" (envelopes, canetas, papel de carta etc.). De resto, com a sua empresa a facturar 180.000,00 euros nestes dois ajustes directos, Henrique Cayatte só pode estar feliz: uma comenda da republica no dia 10 de Junho será a cereja no topo do bolo.

Cronologia da república - 8 de Outubro

1910

  • Prisão aleatória de padres a mando de Afonso Costa
  • Basílio Teles visa a instauração de uma ditadura revolucionária

1911

  • Convocação urgente do congresso, devido a todos os actos conspirativos pelo país
  • O ministro da guerra é demitido por não ter mobilizado o exército para combater as incursões monárquicas do norte

1912

  • Conflito entre populares e a GNR em Silves que resulta 2 civis gravemente feridos

1916

  • Distúrbios no Porto

Fontes: aqui

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Já começam as ameaças

Perante as "acções" monarquicas, que muito parecem incomodar a Maçonaria. Esta começa já a fazer ameaças. Um avental de nome Carvalho Homem, perante a manifestação da noite do passado dia 4 veio fazer ameaças à integridade física dos monárquicos, à boa maneira da formiga branca.


Estas ameaças apenas nos encorajam a seguir a nossa luta contra o cancro republicano de Portugal. Precisamos de mais aventais como este Carvalho a dar-nos a devida força.

Comemorar a instabilidade

O 5 de Outubro chegou ao fim, com a indiferença da larga maioria dos Portugueses, que cada vez menos crêem na estafada propaganda republicana. A I República foi tudo menos um regime recomendável: Vigorou entre 1910 e 1926, durando menos de 16 anos, mais exactamente, 188 meses. Nesse curto período histórico, Portugal teve oito Presidentes da República e 44 Governos. Ou seja, cada Presidente não durou sequer 2 anos e cada Governo não durou mais do que 4,3 meses…
Para que se não pense que o regime era instável mas pacífico, abundam os exemplos de anarquia, de assassinatos políticos e de irresponsabilidade governativa.
Basta lembrar os feitos de um cacique do partido democrático, conhecido por “Ai-ó-Linda”, o qual, a 16 de Janeiro de 1920, entrou armado no Gabinete do presidente do Ministério (o equivalente a Primeiro Ministro), de seu nome Fernandes Costa, obrigando este a demitir-se no próprio dia em que tomara posse...
Outro episódio, ainda mais grave, foi o ocorrido a 19 de Outubro de 1921, quando a tristemente célebre “camioneta fantasma” percorreu Lisboa assassinando António Granjo (Primeiro Ministro demissionário) e Machado Santos (um herói do 5 de Outubro), entre outras pessoas.
Entre 1921 e 1925 conta-se que deflagraram, só em Lisboa, 325 bombas, o que dá a bonita média de uma bomba cada 4 dias…
Mesmo esquecendo esta deplorável realidade, também ao nível da governação a I República se saldou por um enorme fracasso, como os indicadores seguintes expressivamente ilustram: a mortalidade infantil passou de 14,6, em 1910, para 43,9, em 1920; o analfabetismo desceu apenas de 57%, em 1910, para 46%, em 1923; o défice da balança comercial subiu 50%, entre 1913 e 1924; a taxa de inflação subiu 2509%, entre 1914 e 1925; o défice orçamental subiu mais de 2000%, entre 1910 e 1925.
O estado de Portugal sob a I República chegou a um tal ponto, que um ilustre republicano, Guerra Junqueiro, declarou, enojado: “isso que para ai está é uma bacanal de percevejos numa enxerga podre”
Comemorar a República?
Apenas por ignorância ou sectarismo.

Rui Crull Tabosa no 31 da Armada

Cronologia da república - 7 de Outubro

1910

  • Reposta em vigor, a legislação de Mouzinho da Silveira que extinguia as ordens religiosas

1911

  • Incursão monárquica de Paiva Couceiro
  • Monárquicos são espancados em Lisboa
  • Prisão de monárquicos

1920

  • Greve de motoristas em Lisboa

1922

  • Assalto ao jornal “Palavra” de Lisboa
  • Assalto ao jornal “Correio da Manhã” de Lisboa

Fontes: aqui

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Que República se comemora em 2010?

Em 2010, a propósito do "centenário da república", vamos comemorar o quê? Uma ideia – a ideia de república? Um acontecimento – o derrube revolucionário da monarquia constitucional nas ruas de Lisboa em 5 de Outubro de 1910? Ou um regime – o que resultou do monopólio do Estado e do constrangimento da vida pública por um partido da esquerda radical, o Partido Republicano Português, entre 1910 e 1926? Talvez alguém, um dia, nos venha explicar o que significa a efeméride. Entretanto, examinemos as hipóteses, antes de reflectir um pouco sobre a especulação político-partidária que pode estar por detrás de tudo isto.

UMA IDEIA?

Se é para comemorar a ideia de república, a escolha do 5 de Outubro de 1910 não é a mais feliz, embora seja há muito tempo feriado nacional. É que aquilo que desde o séc. XVIII interessou aos verdadeiros "republicanos" nunca foi saber se o chefe de Estado é electivo ou não mas o tipo de Estado e vida pública. O ideal republicano era o de uma comunidade de cidadãos independentes a viver sujeitos às leis e não ao arbítrio de outros homens, mesmo que tivessem um rei, como a Grã-Bretanha.

Nesse sentido, o processo de republicanização não foi obra da revolução de 1910 mas da chamada "revolução liberal" da primeira metade do séc. XIX: foram os liberais que reduziram o rei a um chefe de Estado com poderes definidos por uma constituição e que estabeleceram em Portugal o princípio do Estado de Direito e as instituições e cultura da cidadania.

Na prática, os liberais fizeram da monarquia constitucional o que eles referiam como "uma república com um rei", isto é, uma comunidade de cidadãos livres com um chefe de Estado dinástico. A Câmara dos Pares estava aberta a todos os que satisfizessem requisitos legais que nada tinham a ver com o nascimento. A Igreja ainda era oficial (como, aliás, nas repúblicas desse tempo) mas havia liberdade de consciência e estava previsto o registo civil.

Nesse sentido, se as comemorações de 2010 visam celebrar o fim da monarquia constitucional, governada pelos liberais, estaremos então perante uma festa reaccionária para vitoriar o fim de um regime que trouxe as instituições do Estado moderno, a extinção das ordens religiosas, o Código Civil e o maior eleitorado, em termos proporcionais, antes de 1975?

Em 1910, é verdade, a monarquia constitucional estava em grandes apuros. Tinha uma classe política desacreditada e incapaz de assegurar bom governo e o jovem rei D. Manuel II era atacado por quase toda a gente, da direita e da esquerda. O Partido Republicano Português, um movimento sobretudo lisboeta, conseguira criar um sério problema de ordem pública que a monarquia constitucional nunca poderia ter resolvido sem se negar a si própria, tornando-se num regime repressivo, o que a sua classe política não podia aceitar. Quando o PRP resolveu tentar a sua sorte, em Outubro de 1910, subvertendo a guarnição de Lisboa, quase ninguém apareceu para defender o regime.

Tudo isto é verdade. Mas se o objectivo é celebrar a morte de sistemas políticos apodrecidos, ignorando o que se lhe seguiu, não deveríamos comemorar também o 28 de Maio de 1926, que pôs fim a um regime desacreditado?

UM REGIME?

Gostamos de contrastar o actual regime democrático, desde 1974, com a ditadura do Estado Novo (1933-1974). Mas o regime implantado em Portugal em 1910 e que durou até 1926, a chamada I República, tem tão pouco a ver com a actual democracia como o salazarismo. A I República passou por várias situações e foi dirigida por várias personalidades. Mas na sua versão dominante, associada ao monopólio do poder pelo Partido Republicano Português de Afonso Costa, foi um dos regimes mais intolerantes, exclusivistas e violentos do séc. XX em Portugal.

A "democracia" do PRP assentou na redução do eleitorado através da negação do direito de voto aos analfabetos: durante a monarquia, puderam votar 70% dos homens adultos em Portugal; com a I República, essa percentagem reduziu-se a 30%. A "tolerância" de Afonso Costa consistiu numa guerra de morte à Igreja Católica, sujeita a uma "lei de separação" que visava, de facto, o contrário: a sujeição do clero e dos católicos à prepotência e arbítrio de um Estado hostil. Críticos e oposicionistas ficaram sujeitos à violência dos ‘gangs’ armados do PRP, que em 1911 trataram de destruir (dizia-se então "empastelar") todos os jornais ditos "monárquicos" em Lisboa.

A I República foi ainda o primeiro regime a excluir expressamente as mulheres da vida cívica, ao negar-lhes por lei o direito de voto. Nas colónias de África, seguiu uma política dura e racista, que em 1915 chegou ao genocídio das populações do Sul de Angola. Afonso Costa forçou ainda a entrada de Portugal na I Guerra Mundial (1914-1918). Em dois anos, houve quase tantos mortos como nos 13 anos de guerras coloniais entre 1961 e 1974. É com este regime que a nova democracia portuguesa quer identificar-se em 2010?

O que explica então esta fúria comemorativa? Fundamentalmente, as metamorfoses da esquerda. As esquerdas portuguesas, há 30 anos, eram marxistas, de linha soviética, maoista ou social-democrata "avançada". Desprezavam os velhos republicanos, patriotas e colonialistas, de que uma parte até aderira ao Estado Novo na década de 1960, por causa das colónias (Norton de Matos, por exemplo, tornou--se uma referência da propaganda colonial salazarista). Basta ler os livros de História publicados na década de 1970 por autores marxistas: o republicanismo era para eles uma coisa "pequeno-burguesa", de caixeiros com bigodes.

Depois do 25 de Abril de 1974, o coronel Vasco Gonçalves, na tomada de posse do II Governo Provisório, em Julho, avisou logo que a revolução não tinha sido feita para voltar "ao triste passado de antes de 1926". Exactamente: a república, para as esquerdas portuguesas em 1974, era um "triste passado". Aliás, um dos partidos logo convidados para integrar o Governo Provisório foi o Partido Popular Monárquico, por via do arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles. Tanto Álvaro Cunhal como Mário Soares, filhos de antigos republicanos, evitaram o anticlericalismo, até para poderem conviver com os "católicos progressistas", que formaram uma das principais componentes das esquerdas portuguesas na década de 1970.

A Democracia em Portugal, entre 1974 e 1976, foi construída contra o Estado Novo mas também contra a I República. Desde logo, constitucionalmente. Ninguém queria o parlamentarismo e o desregramento dos partidos. Por isso, a Constituição de 1976 inspirou-se na monarquia constitucional, ao estabelecer um Presidente da República que, à parte o ser eleito por sufrágio universal, tinha os mesmos poderes do Rei da Carta Constitucional de 1826. Por essa via, o regime com o qual, de facto, a actual democracia tem mais em comum é a monarquia constitucional de 1826-1910.

As esquerdas portuguesas só mudaram de opinião perante a velha república quando deixaram de ser marxistas e de querer fazer em Portugal uma revolução socialista. Para se distinguirem de uma direita cujo modelo de liberalização económica aceitaram numa forma mitigada, começaram a valorizar outra vez os "valores republicanos", como fez a esquerda socialista francesa, e sobretudo adoptaram o programa de "fracturas culturais" da esquerda americana.

A fim de dar profundidade histórica a esta reconfiguração ideológica, identificaram-se com o laicismo anticlerical da velha I República. Mais: ocorreu-lhes que identificar esta democracia com a I República de 1910-1926 seria a maneira de legitimar oficialmente o exclusivismo de esquerda e fazer com que os liberais e os conservadores não se sentissem em casa no actual regime. O resultado é um travesti histórico. Os velhos republicanos de 1910 eram profundamente patriotas, machistas e homofóbicos. Foi a I República que, em 1922-1923, proibiu e mandou apreender a ‘Sodoma Divinizada’ de Raul Leal e as ‘Canções’ de António Botto, das primeiras defesas abertas da homossexualidade em Portugal. Que diriam os déspotas do PRP se soubessem que a comissão do centenário pensou em comemorá-los com o casamento gay? Saberiam apreciar a ironia da História?

REPÚBLICAS HÁ MESMO MUITAS

A Coreia do Norte é uma república, tal como Portugal; a Bélgica uma monarquia. O actual regime português tem, felizmente, mais a ver com a Bélgica do que com a Coreia do Norte. A nossa República Portuguesa, desde 1910, já foi muita coisa, com situações constitucionais diversas: a I República (1910-17), a República Nova (1918), outra vez a I República (1919-26), a Ditadura Militar (1926-33), o Estado Novo (1933-74), o PREC (1974-76), a Democracia (a partir de 76). Comemorar a implantação é comemorar o quê? Todos esses regimes? Só um deles – e qual?

REPÚBLICA PARA TODOS OS PORTUGUESES

O grande problema da I República de 1910-26 foi saber-se se era um regime aberto a todos os portugueses ou só para alguns. Os líderes do dominante Partido Republicano Português de Afonso Costa, situado na esquerda radical, achavam que devia ser só para os militantes do seu partido, que monopolizavam o Governo e todos os empregos no Estado. Recusavam o princípio da alternância no poder ("na república não se governa para a direita") e qualquer desvio à linha anticatólica.

Outros republicanos – como os Presidentes Manuel de Arriaga e Sidónio Pais e o "fundador da república", Machado dos Santos – quiseram, pelo contrário, fazer uma "república para todos os portugueses", isto é, conciliadora com a Igreja Católica e aberta à participação no espaço público de quem não era militante dos republicanos ou não tinha ideias de esquerda. Por isso, Arriaga foi deposto em 1915 e Sidónio e Machado dos Santos assassinados (em 1918 e 1921).

DO GOVERNO DA REPÚBLICA PELO REI

É o título de um livro de Diogo Lopes Rebelo publicado em 1496, no tempo do rei D. Manuel I. Como salientou o historiador Vitorino Magalhães Godinho, os reis e as cortes portuguesas a partir do século XV sempre pensaram no reino de Portugal como uma "república" no sentido clássico: um governo em que, independentemente da origem do poder dos governantes, estes regiam o Estado tendo em conta o bem público e de uma maneira regular e legal, sem arbítrio pessoal.

Mais tarde, sobretudo a partir do século XVIII, acrescentou-se a esta ideia de república o princípio da participação dos cidadãos no governo, através de instituições representativas e em nome da soberania da nação. A monarquia constitucional portuguesa, no século XIX, foi esse tipo de "república". Portugal já era, neste sentido, "republicano" muito antes de 1910.

UM OUTRO 5 DE OUTUBRO: O DE 1143

"Cinco de Outubro? É o dia da verdadeira independência de Portugal!", diz o líder do Partido Popular Monárquico. Mas Nuno da Câmara Pereira refere-se a outro 5 de Outubro, mais recuado no tempo e crucial na fundação do Reino de Portugal: o de 1143. Assinou-se então o Tratado de Zamora, início da independência portuguesa. Este tratado, fundador da nacionalidade, foi o resultado da conferência de paz entre Afonso Henriques e o rei Afonso VII de Leão e Castela, precisamente a 5 de Outubro de 1143.

Lamentando que seja celebrado apenas pelos monárquicos, Câmara Pereira lembra que já propôs ao PS que o 5 de Outubro passasse a ser o ‘Dia da Bandeira’, em que "todos os portugueses, da esquerda à direita, dos monárquicos aos republicanos, celebrassem o dia da pátria".

Rui Ramos no Correio da Manhhã

Cronologia da república - 6 de Outubro

1910

  • A população no geral, reage com indiferença a implantação da Republica

Fontes: aqui

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Há por aí muitos mastros e varandas a pedi-las (11)

A bandeira portuguesa foi hasteada hoje no Palácio de Santa Clara, sede do Município de Guimarães. Daqui.

Reposta a legalidade


Hoje de madrugada foi de novo hasteada a bandeira portuguesa da monarquia na sede Real Associação de Lisboa no Largo Camões, em desafio à ordem da Camara Municipal de Lisboa que após mais de quarenta anos decidiu ordenar a sua remoção. Estranho é que em véspera de Centenário da revolução carbonária, a edilidade que não consegue zelar pela sua própria varanda, se entretenha a vasculhar as dos outros com o fundamento de que a exibição desse símbolo nacional deverá obedecer aos regulamentos de publicidade e mobiliário urbano. Se a CML optar por nos remover a bandeira, isso não faz mal: temos muitas.

5 de Outubro de 2009: resgatar a esparança!

1 - Partida de Belém

Noite mágica

A Grande Festa Azul e Branca

Em Beleza

Terra à vista!

Desembarque monárquico no Cais do Sodré

Subindo a Rua do Alecrim

A caminho do Largo do Camões

Por-tu-gal! Por-tu-gal!

Hastear da bandeira

A mais bela bandeira do mundo!

* Reportagem fotográfica de Francisco Melo