segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Premonições fáceis


«... o nosso portuguesinho valente era sidonista esperançado como já fora thalassa de gema. E era patrióticamente. Era-o apaixonadamente.
Um dia, numa reunião de optimos portugueses, um deles interrogou-me:
- Que nos diz você cap., Sidónio Paes irá para a frente?
- Incontestávelmente! Não é homem que saiba recuar.
- Por muito tempo?
- Até que lhe façam enterro nacional...
- O quê, matam-no?!
- Como mataram El-Rei D. Carlos...»
in João Paulo Freire (Mário), O Livro de João Franco Sobre El-Rei D. Carlos.

4 comentários:

Francisco RB disse...

Caro amigo, uma Mauser Karabiner 98k, por acaso anterior ao Sidónio...
Quanto ao ditador, o acto patriótico de o "assassinar" até era coberto pela Constituição, Art. 3º nº. 37.º "É licito a todos as cidadãos resistir a qualquer ordem que infrinja as garantias individuais, se não estiverem legalmente suspensas." e nº. 38.º "Nenhum dos Poderes do Estado pode, separada ou conjuntamente, suspender a Constituição ou restringir os direitos nela consignados, salvo nos casos na mesma taxativamente expressos."
Ou seja, salvo melhor opinião, Sidónio era um ditador e os cidadãos tinham o direito o afastarem do poder.
É certo que a república velha tinha falhas, mas era preferível a um simulacro de democracia criado para perpetuar um regime proto-fascista no poder.

João Afonso Machado disse...

Por acaso engana-se, caro Amigo. é uma Kropatschek, de fabrico austríaco, arma distribuida ao nosso Exército no tempo de Fontes P. Melo. Com ela se fez as Campanhas Africanas.
Esta está exposta no Museu de Valença do Minho e veio de um dos 2 regimentos de Caçadores (O 3 e o 5, salvo erro) ali aquartelados.

Quanto a Sidónio, não esqueça, foi eleito por sufrágio directo, na única experiência presidencialista portuguesa. Não o apelido de ditador assim tão rápidamente, embora reconheça que gostava muito da ordem, tal como os portugueses de então, fartos de anarquia e o que então se dizia «a Demagogia».

O Faroleiro disse...

Caro Francisco, interessante dissertação, e o proto-fascismo está bem atribuído, uma espécie de integralismo, mas republicano antiparlamentar.

João, também não foram eleições, foi um plebiscito, e de uma assentada foi demitido o Bernardino e o Costa, presidente e primeiro ministro respectivamente, foi mais um golpe de estado necessário e desejado, na minha opinião, mas estou de acordo que não era a solução ideal, era a possível.

O problema do "proto-fascismo" do Sidónio foi presisamente o facto de ser "proto" misturando, integralistas, monárquicos liberais, legitimistas, democratas (não democráticos) e Igreja, eventualmente, quando lhe deram o tiro no Rossio, a coisa implodiu e acabou naquela "tolice heróica" que foi a "Monarquia do Norte"

Francisco RB disse...

Caro João fico esclarecido quanto à origem da arma, se é austríaca até é de melhor qualidade.
O Bicho tem razão o Sidónio nunca ganharia uma eleição lícita, em particular se quando podia falsear as eleições, nisso não era melhor que o A. Costa.

Caro Bicho, o proto significa que foi o primeiro fascista, foi nele que Primo de Rivera se inspirou, embora Primo de Rivera tivesse maior capacidade intelectual e qualidade política.