quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A republicana condição feminina: a propósito de algumas mentiras oficiais.


Em 1994 saiu o livro Portugal - 20 anos de democracia (ed. Circulo de Leitores). A elaboração de um dos seus capítulos - «A Familia e a Condição Feminina» - foi confiada a Antónia de Sousa e a sua leitura merece crédito. Depois de afirmar que «quando se deu a revolução de 25 de Abril, os tempos estavam maduros para as grandes alterações que haviam de ser introduzidas na sociedade portuguesa», a Autora constata a necessidade de recuar no tempo para melhor se comprender o novo papel da mulher. E então, ainda no século XIX:
«A Portugal chegara a reivindicação do voto, do direito à instrução e a uma activa participação social. Acompanhando o movimento do mundo, também no nosso País se começaram desde logo a distinguir mulheres em áreas até aí exclusivamete masculinas. Em 1889 tivemos a primeira licenciada em Medicina; em 1911, uma mulher conseguiu exercer o direito de voto, usando a prerrogativa de ser chefe de família. A lacuna da lei quanto ao sexo do chefe de família foi invocada pela médica Carolina Beatriz Angelo, que, desta forma, conseguiu vencer os interditos e votar. Este, porém, foi um caso único durante décadas, pois, para que não pudesse repetir-se a proeza, os homens da I República apressaram-se a corrigir a lei».
O costume, enfim. A situação social evoluindo de acordo com os países avançados, no tempo da Monarquia, a República a demorar voluntariamente esses progressos. Mas não: visite-se um desses quaisquer blogs de propaganda republicana e leia-se a versão oficial da História. Uma mentira tão despudorada como qualquer mulher pública.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas afinal essa Castro Osório não foi a salvadora do mulherio?


M. Figueira