terça-feira, 19 de outubro de 2010

O ar da República...

(...) É paradoxal: os reis constitucionais cultivavam, na rua, a dessacralização do poder. A República, porém, fecha-se nos seus palácios. Nos anos 70 e 80 do séc.XIX, o rei D.Luiz, pai de D.Carlos, ia todas as tardes ao Rossio, beber a sua ginginha com os amigos. Sozinho e sem segurança. Qualquer súbdito poderia trocar dois dedos de conversa com o rei, que se apresentava no seu grosseiro jaquetão burguês, e trocar com ele umas palmadas nas costas. Hoje, qualquer mísero secretário de Estado passa em carros topo de gama de vidros fumados, alheio à plebe. O ar da República está irrespirável. (...)

- Filipe Luís, O ar impuro da República, na Visão.

1 comentário:

José Cardona disse...

Um pequena mas verdadeiro exemplo da diferença entre "majestade" e "excelência".
O Rei tem majestade, representa o povo, a Nação, a história.
Partilha as suas alegrias e as suas dores.
As excelências estão a prazo, pouco ou nada valem. Quem melhor mete e engana, mais votos tem e qualquer borra-botas se torna "sua excelência". Daí aproveitar-se ao máximo do que a Nação lhe põe ao dispor, do que é pago com os impostos pagos pelo povo.
Partilha as suas próprias alegrias com os seus comparsas e encarrega-se de piorar as dores dos seus concidadãos.