Em Agosto de 1911 o Partido Socialista Português dava a conhecer ao público a opinião das classes proletárias, de quem se afirmava íntimo amigo e confidente:
“Na consciência pública principia a despontar a suspeita, que julgamos deveras arrojada, de que todo o trabalho de demolição feito pelos apóstolos da República, longe de se basear na legítima aspiração de um ideal infindo, teria tido por mero e desprezível objectivo a conquista do poder por motivos de ordem mercantil.
Não o quere assim acreditar o Partido Socialista Português; mas como, pela índole e natureza dos seus ideais, mergulha no mais fundo das numerosas falanges do proletariado, nele surpreende a formação sempre crescente e cada vez mais nítida desta deplorável corrente de opinião.
Nas falanges anarquistas, tanto como entre os sindicalistas e socialistas, e mesmo na opinião mais ou menos hesitante dos chamados indiferentes; no seio, enfim, de todo o proletariado português lavra profundo desgosto, e até revolta, contra o triste espectáculo que ao país e ao mundo estão dando neste momento os mais denodados caudilhos da democracia republicana.
(…) E, mais do que isto, o Partido Socialista entende que deve ser lançada aos actuais dirigentes e aos elementos mais preponderantes da República Portuguesa a inteira responsabilidade por todas as perturbações de ordem últimamente havidas e por todas que parecem prestes a haver, incluindo as responsabilidades duma possível Guerra Civil (…)
Lisboa, 31 de Agosto de 1911 - O Partido Socialista Português”.
Comunicado transcrito nas Memórias de Raúl Brandão, Vol. II.
1 comentário:
E tinham razão. Aliás, olhando para as fotos dos caudilhos republicanos, a profusão de casacas e de cartolas lustrosas, denunciava logo as origens e os interesses.
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