segunda-feira, 29 de junho de 2009
A não perder
domingo, 28 de junho de 2009
A bandeira da ignorância e do fanatismo.
"Tomemos um outro exemplo, não mediterrânico, mas pertencente, também a ele, à Europa Meridional, o de Portugal. Até 1910 as armas e a bandeira articulam-se, também aqui, à volta do azul e do branco, cores heráldicas dos reis de Portugal desde o século XII. Sobrevém a Revolução, e põe-se a questão da bandeira do regime republicano. Que cores escolher? O azul e o branco, que fariam recordar excessivamente a monarquia derrubada, são excluídos. Ao amarelo acontece o mesmo, pois evoca de maneira excessivamente o poderoso e temido inimigo espanhol. Restam portanto o verde, o vermelho e o preto. Em 1911, em circunstâncias mal elucidadas, e por motivos que ainda se discutem, a jovem república portuguesa adopta uma bandeira verde e vermelha, divida a meio. Essa é, ainda hoje, a bandeira de Portugal, e é uma das raras bandeiras europeias que infringe a regra das cores heráldicas: o verde (sinople) e o vermelho (goles) tocam-se, o que é estritamente contrário aos princípios da heráldica (de resto, a escolha do preto, justaposto ao verde ou ao vermelho, não teria laterado nada no que diz respeito à transgressão desses princípios). Depois da adopção desta bandeira, de algum modo por dedução, pois escolheram-se as cores "que restavam", foram avançadas diferentes explicações de ordem histórica ou simbólica, para justificar a escolha destas cores. O verde, cor da Marinha portuguesa, sublinharia o papel desta no derrube do Antigo Regime. (Avançou-se mesmo que a nova bandeira retomava totalmente o pavilhão verde e vermelho, dividido a meio, do navio Adamastor, que tinha tido um papel decisivo no sinal de partida da Revolução.) Ou então, o verde seria a cor da Liberdade e o vermelho proclamaria a maneira como ela tinha sido conquistada: pelo sangue. Banal simbólica de cores, solicitada fora de tempo e que evidentemente nada explica. (...)
[verbete "BANDEIRA"]. PASTOREAU, Michel - Dicionário das cores do nosso tempo: simbólica e sociedade. Lisboa: editorial Estampa, 1997, pp. 34-35
Numa análise sucinta, mas extremamente bem documentada, o medievalista e especialista em simbologia Michel Pastoreau, caracteriza a bandeira forjada na revolução portuguesa de 1910 «à pressa e na confusão» (p. 35). Ela é, sem dúvida, um dos grandes exemplos de como os republicanos temiam a força histórica presente do simbolismo das instituições monárquicas. Não bastava arrancar do pano a coroa, havia que tingi-lo com outras cores. Os tons escolhidos evidenciam o pânico e acrescentam-lhe violência, conflito e agressividade. Vermelho de sangue (sangue do antes e do devir, sangue do regicídio, de La Lys, da noite sangrenta) que empurra um verde cínico, seiva nova da nova aristocracia: os políticos de carreira, ociosos comendadores e ditadores de oportunidade. A República não desejava apenas um novo regime. Queria um novo país e a bandeira positivista, assimilada graças ao futebol (que é, como sabemos, a melhor maneira de electrizar as massas), auxiliou essa refundação.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Desníveis, elevações e losangos no deserto empedrado
A reformulação do projecto para o Terreiro do Paço, limitou-se a limar algumas das mais agrestes e contestadas arestas do anterior. O arquitecto nomeado sem concurso público, decidiu que os aspectos fundamentais previamente apresentados, permanecerão mesmo que esbatidos. Os losangos que todos perceberam ser uma alegoria muito evidente, as raias alegadamente "evocativas de cartas de marear" e sobretudo as várias e ainda incompreensíveis variações que sobre-elevam ou desnivelam a praça na sua placa central e no torreão ocidental (poente), lá estão no projecto reapresentado. Da estátua equestre, não há notícia do seu pleno restauro em tudo o que isto implica.
A edilidade deve saber que os lisboetas gostariam de possuir uma praça mais aprazível e próxima da natureza, com a plantação de árvores* criteriosamente escolhidas. Mais importante que a simples exibição de uma muito contestada obra feita, a praça deve ser devolvida à gente de Lisboa. Esta clara necessidade que foi apercebida pela CML de meados do século XIX, é hoje desprezada pela persistência do vincar do espírito de uma carcomida autoridade, num deserto de pedra sem império. Para comemorar a república.
Eles não têm emenda e quando reconhecerem o erro será tarde demais.
* Se estiverem interessados, leiam a caixa de comentários do Público. Confirma o que aqui se diz.
Logótipos
terça-feira, 23 de junho de 2009
Do norte, para "fazer História"...
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Psicografia do Dr. Afonso Costa
sábado, 20 de junho de 2009
“Rei” de táxi do Chiado ao Camões
Pode acontecer a qualquer um num dia menos auspicioso. Não é por se ser Duque que não se está livre destes imprevistos, pelas mais variadíssimas razões. E se o Duque de Bragança, teve de dar o desprazer ao taxista deste não lucrar uma boa corrida, com tão ilustre cliente, penso que foi por uma boa razão, porque, ao privar com o senhor Duque uma vez, fiquei com a impressão de ser uma pessoa bem-educada.
Que os taxistas têm uma má reputação, é pelas mais óbvias razões. Porque tal como este, e como já comprovei, os taxistas tem uma péssima conduta. Não me admira nada, que o taxista em questão tenha vendido a história ao Correio da Manhã, por uma boa quantia. E o correio da manhã, fértil das melhores notícias de homicídios, roubos e mexericos, não perdeu a oportunidade de dar a António Ribeiro Ferreira, a oportunidade de escrever mais um conteúdo noticioso, que mesmo sendo uma crónica, o autor teve a infelicidade de usar expressões mal escolhidas.
Muitos dos leitores podem pensar que estou a perder tempo a escrever, sobre algo que não interessa. Que a melhor arma é o desprezo, que somos superiores a esse tipo de crónicas e afins. Até é verdade.
Mas esta chamou-me a atenção. E procuro fazer evidenciar, como derivado a estes pormenores, a imagem da monarquia é degradada aos olhos da opinião pública, injustamente. A começar o móbil infantil, que deu a origem a crónica do senhor António Ribeiro Ferreira. O título chamativo. As primeiras linhas, em que o autor diz que por estas histórias os portugueses continuam a ser republicanos e ligam muito pouco a monarquia. As primeiras linhas são a conclusão do autor, o resto é o sucedido em si. Perante a leitura, fiquei parvo a pensar, como é que um jornal, um autor com tantos assuntos na baila do dia, mais importantes, perde tempo a escrever um conteúdo jornalístico acerca de um imprevisto do Duque de Bragança, e usa esse imprevisto para mais um mexerico, mais uma história insólita.
Com que objectivo? E a conclusão forte a que chega? Como pode afirmar isso categoricamente? Será tem a ver com o facto do perigo do centenário da Republica ser a oportunidade de a verdade vir ao de cima, e as pessoas perceberem quem os anda a enganar, a começar pela imprensa? Perante casos, desde compra de viaturas de serviço de luxo para os senhores deputados, fortunas gastas em motoristas e viaturas para altos cargos governativos e altas patentes militares, sem que estes paguem um tostão, como é possível vir num jornal um conteúdo desta natureza tão mesquinho.
Isso mostra uma coisa, é por estes pormenores que a imagem da monarquia tem a conotação que tem, sem razão nenhuma. Mas há uma conclusão boa que se pode tirar, se falam dos monárquicos, é porque existimos e temos algum valor, nem que seja pela nossa existência incomodar.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Quando um elogio funebre precisa de ser justificado....
António Ayres Pacheco
«Publicando este discurso, tenho principalmente em vista satisfazer a opinião do paiz, que reclama essa publicação, e evitar que me sejam attribuidas coisas que eu não disse e que circularam com applauso em alguns jornaes. O discurso vae exactamente, com escrúpulo inexcedivel, como foi pronunciado. Podia corrigir-lhe um ou outro defeito, mas preferi a isso poder conscienciosamente affirmar que é, sem a minima alteração, precisamente o mesmo que pronunciei no templo de Belém.
Como todos podem ver, para ninguém foi offensiva a minha palavra. Não ha n'ella a minima individualisacão, ha sim a evidente intencionalidade de não querer magoar ninguém, nem mesmo ferir a memória dos dois regicidas, d'esses desgraçados, que devem compartilhar, não dos nossos ódios, mas da caridade das nossas orações.
Reservo, pois, para mim a responsabilidade das minhas palavras, deixando para os outros a responsabilidade da interpretação que lhes queiram dar.
Ayres pacheco»
ler o elogio, clicar aqui
bem haja
Uma Constituição interactiva
Encontra-se em preparação pelo Instituto da Democracia Portuguesa (IDP), o Constituição 2.0, cujo evento de lançamento e debate está previsto para o próximo dia 11 de Julho em local a confirmar. Esta iniciativa tem como objectivo a construção participada, através de ferramentas colaborativas e interactivas ao dispor dos utilizadores da Internet (twitter, blogue, facebook), de uma nova Constituição para Portugal.
Aberta a quem queira participar, a Constituição2.0 terá uma estrutura base. Os participantes serão convidados a reflectir e contribuir com sugestões, alterações ou adições em torno de um blogue Constituição 2.0 e de uma página Wiki (Constituição 2.0 Wiki) permitirá aos participantes dar o seu contributo através de comentários e propostas para a página Wiki da Constituição2.0 e, por último, através da intervenção no debate de lançamento.
Voltaremos em breve ao assunto: não basta dizer mal, para mudar é preciso participar!
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Centenário da expulsão das ordens religiosas
A dimensão histórica está presente, mas muitas outras áreas serãocontempladas: "espiritualidade, cultura, economia, arquitectura, escultura, pintura, assistencial". Um congresso "pluridimensional" que demonstrará que as "ordens e congregações estão vivas" - disse LuisMachado de Abreu, Presidente da Comissão Científica do Congresso, iniciativa a que a Agência ECCLESIA se associa.
A realizar dos dias 2 a 4 de Novembro de 2010, na Fundação CalousteGulbenkian, este congresso pretende chamar "os diferentes actores que estiveram envolvidos" na efeméride. Eduardo Franco salienta que"procuramos envolver instituições de várias identidades ideológicas"com seminários, mostras gastronómicas e exposição de indumentária religiosa.
(Luís Filipe Santos In Ecclesia)
Para mais informações visite o site: http://www.congressoordens2010.net/
Imparcialidade...
G. K. Chesterton, tirado daqui
Os deputados da 1ª República Portuguesa: Inquérito prosopográfico
Este artigo apresenta os resultados do 1ºinquérito prosopográfico, que incide sobre o conjunto dos deputados da 1ªRépublica Portuguesa, realizado no âmbito de um projecto de investigação ainda em curso: O Recrutamento Parlamentar em Portugal, 1834-1926, dirigido por Pedro Tavares de Almeida. Este artigo tem como fonte principal a obra: Parlamentares e Ministros da 1ªRépublica (1910-1926) coordenada por AH de Oliveira Marques e co-editada pela Assembleia da Republica e edições afrontamento em 2000.
A mudança abrupta de regime ocorrida em 1910, implicou uma profunda depuração e substituição da “classe politica”, mormente a nível parlamentar. Globalmente apenas 48 deputados (6,4% do total) da Republica tinham frequentado os lugares institucionais do poder no regime anterior. Na sua maioria, estavam na oposição republicana. Apenas na legislatura sidonista (1918-19) em que Monarquicos e Católicos ocuparam mais de ¼ dos lugares do hemiciclo, se observou um retorno de um numero expressivo de políticos do regime deposto, ascendendo a 17% a proporção daqueles que tinham ocupado cargos públicos antes de 1910.
Independentemente dos ADESIVOS (da minha autoria) de monárquicos ao regime, presente na História Politica da 1ªRépublica de David Ferreira (isto a meu ver), a renovação da elite politica foi profunda, implicando mudanças significativas no perfil social. O resto do artigo dá-nos importantes informações, que, procurarei sintetizar. A maioria da classe politica a nível ministerial e parlamentar nasceu na província, em meios pequenos. A maioria dos deputados da 1ªRépublica fez a sua iniciação na vida parlamentar quando tinha menos de 41 anos. A esmagadora maioria dos deputados tinha uma elevada formação académica. Relativamente as profissões os juristas ocuparam grande destaque. Relativamente ao cursus honorum politico dos deputados, a esmagadora maioria dos deputados fez a sua estreia parlamentar sem ter qualquer experiencia no poder, ao contrario do que se sucedia na maioria dos outros países europeus. Relativamente a carreira parlamentar era precária e de curta duração. Conclusão durante a 1ªRépublica as carreiras parlamentares foram curtas e instáveis, porem, a analise espacial de representação politica nesse período revela um elevado grau de solidez e estabilidade dos vínculos territoriais dos deputados. Ampla maioria dos seus membros tinha uma ligação ao circulo por onde foram eleitos. A mobilidade dos mandatos parlamentares foi relativamente fraca.
terça-feira, 16 de junho de 2009
As repúblicas não são eternas
Conheço alguns ilustres “compagnons de route” que optaram por “congelar” o seu ideal monárquico, imbuídos dum pseudo-realismo e embrenhados na espuma dos seus projectos pessoais, políticos ou profissionais. Tenho pena: eu sei como é difícil apregoar esta ingrata causa que não favorece carreiras ou comendas. Reconheço que a mensagem embate numa implacável “agenda mediática” que emerge do espectáculo popularucho e da mesquinha contenda política, das conveniências corporativas e interesses imediatos.
Não nego a evidência de que hoje os grandes males que Portugal padece são profundos e estão a montante da questão do regime. Como em 1910 as instituições estão descredibilizadas e não funcionam. Os portugueses, habituados ao assistencialismo e pouco atreitos a responsabilidades, parecem conformados com um medíocre destino, cuja perspectiva não passa do amanhã. E temos a merdização do debate político, com a gestão da rés pública ao nível do chão. Deste modo e dentro das minhas limitações, não prescindo de intervir de dentro do sistema em favor da minha comunidade e pelo futuro do meu país, com a liberdade que esta república me proporciona. Mas não me passa pela cabeça hipotecar as minhas mais profundas convicções.
Acredito profundamente na monarquia, na instituição real como a solução mais civilizada para a chefia dum Estado europeu e quase milenar como é o nosso. Num tempo de relativização moral, de fragmentação cultural e enfraquecimento das nacionalidades, creio mais que nunca na urgência duma sólida referência no topo da hierarquia do estado: o rei, corporização dum legado simbólico identitário nacional, garante dos equilíbrios políticos e reserva moral dum povo e dos seus ideais. O rei, primus inter pares, é verdadeiramente livre e por inerência assim será o povo.
Sou modesto: espalhar a doutrina e "fazer" mais monárquicos é o meu único objectivo. Que floresça nas mentalidades o sonho duma nação civilizada e de futuro, ciosa da sua identidade e descomplexada da sua História. De resto, o seu curso é sempre imprevisível e, quem sabe um dia, num instante tudo poderá mudar.
Grandes Obras
A aposta em infra-estruturas destas é SEMPRE política, não racional. Recordo-me dos estádios de futebol que estamos todos a pagar…
Determinadas obras, para além dos fins políticos, presuntivamente fomentadores da Economia, servem essencialmente os interesses das grandes empresas de construção civil, que ocupam um lugar relevante na economia portuguesa e no emprego de emigrantes não qualificados.
Qualquer gestor minimamente capaz sabe que um qualquer projecto obedece a várias regras de boas práticas, podendo ser suficientemente abrangente para se equacionarem interesses públicos. Em Portugal determinam-se interesses políticos, aos quais se adaptam os diferentes aspectos da realidade. Deste modo, o governo legitima-se indirectamente pelas eleições para endividar o país para muito além da legislatura sem proveito real.
É menos poluente? Não. É mais rápido? Não. É mais expedito? Não. Assenta em infra-estruturas existentes? Não.
Adiante.
Siga.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Salazar e o Rei ( que não foi )
Salazar e o Rei (que não foi) é a história secreta da relação de amor/ódio que existiu entre os monárquicos portugueses e o Estado Novo. É por isso uma obra cheia de surpresas e revelações. Quando um dia se escrever a crónica melancólica da monarquia e dos monárquicos portugueses do século XX e, mais do que isso, quando for possível descrever com verdade o que o próprio salazarismo representou, este livro de Fernando Amaro Monteiro virá decerto a constituir uma fonte fundamental para ambas as empresas. Não houve episódio significativo de que o autor não desse notícia, documento que não investigasse, intriga ou mistério que não procurasse esclarecer. E os leitores conhecerão, ao lê-lo, toda a panóplia dos sentimentos possíveis: admirar-se-ão algumas vezes, indignar-se-ão outras, acontecer-lhes-á mesmo rir ou comover-se.
A imagem de Salazar, olhada do ponto de vista da monarquia, é na verdade muito curiosa e, sob vários aspectos, devastadora. É certo que não encerra os lugares comuns do ditador facínora, culpado de todos os males passados, presentes e futuros do país, mas deixa, em pequenas pinceladas, o retrato de um homem seco, que acreditava em poucas coisas e em ainda menos pessoas, e que se dispunha a enganar uns e outros para ganhar o direito de permanecer.
Com a sua extraordinária capacidade de dar a ver algumas cenas que ficam como verdadeiros momentos simbólicos, com a sua determinação de deixar «falar» os documentos, este novo livro de Fernando Amaro Monteiro não é apenas mais um trabalho sobre uma época reconhecidamente controversa – é uma obra que permite olhar esse período a uma luz completamente nova, é em suma um livro que fará data.
MCH
domingo, 14 de junho de 2009
Um Humanista na República de Salazar - Aristides de Sousa Mendes
ARISTIDES DE SOUSA MENDES
Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches nasce, na Casa do Aido, em Cabanas de Viriato, Concelho do Carregal do Sal, aos primeiros minutos do dia 19 de Julho de 1885; alguns minutos antes tinha visto a luz do dia o seu irmão gémeo, César, filhos do juiz Dr. José de Sousa Mendes, descendente de lavradores abastados da vizinha aldeia de Beijós, originários da Muxagata, e de D. Maria Angelina Paes do Amaral de Ribeiro Abranches, da nobre Família dos viscondes de Midões, senhores do velho morgadio do Aido, cujas relações familiares estreitas permitiram que aí nascessem.
Aristides pertenceu a uma família aristocrática, católica, conservadora e monárquica - (ele também católico e monárquico). Seu pai era membro do supremo tribunal.
Recusou-se a seguir as ordens do seu governo (o regime de Salazar) e concedeu vistos a refugiados de todas as nacionalidades que desejavam fugir da França em1940, ano da invasão da França pela Alemanha Nazi na Segunda Guerra Mundial. Aristides salvou dezenas de milhares de pessoas do Holocausto. Foi o "Oskar Schindler português" (comparação pouco reconhecedora do facto de Aristides ter salvo um número muito superior de pessoas do que Schindler).
Uma proposta para uma república em festa permanente há 99 anos
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Levaram as jóias...
Além, óbvia e principalmente, dos ladrões, a culpa pelo sucedido foi: das autoridades culturais e policiais dos Países Baixos – que, além de não terem implementado as mais eficazes medidas de segurança, terão mostrado pouco interesse e empenho na resolução do caso; e de quem autorizou, em Portugal, a cedência de tesouros nacionais tão valiosos sem - confirmou-se depois – estar devidamente assegurada a sua protecção. E de não muito valeu a indemnização que se recebeu e o que se fez posteriormente com ela.
Este foi mais um exemplo do desinteresse, do desleixo, da displicência com que frequentemente as instituições da república tratam as heranças da Monarquia. A não ser, claro, quando aquelas precisam destas para «comemorar» o centenário do golpe de 5 de Outubro de 1910... admitindo, implicitamente, que nada de muito importante, justificativo de ser «celebrado», aconteceu nestes últimos cem anos. O «novo» Museu dos Coches e a «renovação» da Praça do Comércio, e respectivos «cortejos» de dúvidas e de suspeições, constituem dois exemplos recentes e bem conhecidos desse abuso.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
À Espera da Liberdade
quarta-feira, 10 de junho de 2009
As tricas políticas no 10 de Junho republicano
Das comemorações oficiais do 10 de Junho, aqui deixamos algumas notas:
1. A parada.
Tal como estamos há muito habituados, um péssimo enquadramento do desfile. Mau cenário, pouco espaço e sobretudo, pouco público. A escassez de efectivos evidenciou-se uma vez mais, nestes tempos de contenção orçamental.
Notas positivas: a inédita apresentação das históricas bandeiras nacionais, com relevo especial para a última, a azul e branca. Da actual, nenhuma e ainda bem, embora tivesse surgido subrepticiamente nos estandartes das unidades. Como deve ser. Os Meninos da Luz montando belíssimos cavalos brancos, bem tratados e sempre acarinhados pelo público presente.
O novo equipamento apresentado, com viaturas flamantes de novas, desde os Pandur aos gigantescos panzer Leopard II, deveras impressionantes. Não se prevêem avarias em público, pelo menos nos anos vindouros.
Um aspecto a destacar, consiste no aspecto aguerrido e bem equipado das unidades especiais das Forças Armadas, afinal, o que verdadeiramente importa.
Notas negativas: o péssimo marchar das tropas em geral - nem sequer existindo uma uniformidade no passo, bastas vezes descoordenado - , num ritmo triste, lento, quase de aprendizes. Sugestão: contratem instrutores dos nossos "novos aliados" do leste, ou em alternativa, russos ou chineses.
Ausência da presença de um passado que aliás, as Forças Armadas agora comemoram. Mais exactamente, nota-se a falta de uniformes dos tempos da guerra de libertação contra Bonaparte. Faça-se essa justiça em 2010, ano da vitória. Este tipo de eventos deve ter um carácter didáctico e cívico.
2. A sempiterna e escusada polítiquisse.
Foi evidente o mal estar existente entre alguns órgãos de soberania, destacando-se a atitude pouco correcta do actual residente de Belém, que não conseguiu esconder o seu desdém pela figura do seu primeiro-ministro, ignorando-o ostensivamente. Pelo menos, foi o que a televisão mostrou ao país e escandalizou o meu amigo, prof. Serras Gago. No rescaldo das eleições do passado domingo, o dr. Cavaco Silva já se sente suficientemente ancho para não manifestar o mínimo sinal de cordialidade institucional que o decoro exige. Tem assim início o período de sampaízação das relações entre Belém e S. Bento. Vergonhoso.
Sabendo o que ocorre nas monarquias europeias, desde já temos a garantia que sendo rei de Portugal, D. Duarte II manteria uma perfeita relação de lealdade institucional com o seu primeiro-ministro - fosse ele quem fosse -, pois os monarcas respeitam por regra a legalidade saída do escrutínio popular. Disto não temos qualquer dúvida ou hesitação em afirmá-lo. O tempo o demonstrará, se os portugueses assim o entenderem.
3. Nota final.
O surgimento de bandeiras nacionais azuis e brancas nas varandas de Santarém. O povo começa a deixar de ser tímido e a manifestar flagrantemente o seu patriotismo Finalmente.
"Dia de Portugal"?
terça-feira, 9 de junho de 2009
Tempos e Costumes
Um jornal republicano (O Mundo de 24 de Março de 1915) diz a respeito daditadura do conselheiro João Franco: "Tendo tomado uma feição revolucionária etendo sido violentamente combatido, não demitiu um só funcionário do Estado que exercesse lugar vitalício. Muitos dos seus mais intransigentes adversários, monárquicos e republicanos, eram funcionários públicos, mas nenhum foi por esse motivo destituído".
Continuar a ler no site Plataforma do Centenário da Républica
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Ainda bem?
quinta-feira, 4 de junho de 2009
A república em 1910 e as restrições ao culto religioso
Lisboa, 31-12-1910
Aqui houve algumas Missas da meia noute, entre ellas S. Luiz, onde a Mª das Dôres foi com as Mendonças sendo por bilhetes e à porta fechada. Eu, como havia difficuldade nos bilhetes, fiz como costumo aos Sábados, jantei em casa Mª Archangela, e ali passei a noute. (...)
terça-feira, 2 de junho de 2009
Éticas
Zapatero usa el Falcon para ir a un Mitin en Coimbra
A Ética Monárquica
La Reina viaja a Londres en «low cost»
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Chapeladas obrigatórias?
No Público de hoje, Pedro Magalhães informa-nos acerca do cariz perfeitamente democrático da obrigatoriedade do voto - como na Bélgica, por exemplo -, argumentando com a existência de vinte e nove democracias onde tal se pratica.
Discordo. No nosso país, cuja praxis de democracia parlamentar foi entrecortada por um longo hiato de 65 anos, a obrigatoriedade do voto, surge como um abuso ou prepotência de poder. A ausência de credibilidade das organizações partidárias que se criaram subitamente de forma vertical, deve-se antes de tudo, ao seu contínuo confinamento a redutos de defesa de interesses pouco coincidentes com o da generalidade da população. Simplesmente, o povo não se revê nos dirigentes e pior ainda, nem sequer reconhece um verdadeiro valor aos partidos. A culpa cabe inteiramente a estes últimos que encaram a população como mera serviçal, quando deveria acontecer exactamente o contrário.
Em países onde a democracia é uma forma de organização social que se tornou natural pela educação - espírito cívico - e necessidade de afirmação dos múltiplos sectores que alicerçando-se em ideologias, esperanças e interesses a tornaram querida e possível, a obrigatoriedade do voto tem uma plena correspondência com a defesa da própria coisa pública que entendemos ser A Democracia.
Em Portugal, o artifício da obrigatoriedade de ir às urnas, nada mais é senão isso mesmo. Uma forma de suprir por decreto, a clara ilegitimidade que muitos portugueses decidem atribuir ao sistema, simplesmente não comparecendo à chamada que forçosamente significaria o reconhecer legal de situações impossíveis. Hoje o poder tem medo da flagrante ilegitimidade decorrente de uma brutal falta de quorum eleitoral.
Não! O direito à abstenção faz parte do nosso património de gente livre. Enquanto não existir uma verdadeira democracia - aquela que a república impediu de definitivamente se implantar em Portugal -, a obrigatoriedade do voto é uma vergonha, ou seja, uma outra forma de chapelada eleitoral e de subversão da vontade popular.