domingo, 18 de janeiro de 2009

a demagogia da iliteracia e da emigração...mais dois cromos

Movimentos de população de Portugal para o exterior, devido a quê?


o Caro Tiago já respondeu aqui, vamos ás partes:

Segundo os cálculos apresentados, com reservas, por António Nóvoa, [a taxa de analfabetismo era de] 82,4% em 1878 e 79,2% em 1890. Também segundo esse investigador, baseado na documentação inédita de uma inspecção realizada em 1867, os alunos das escolas primária, apesar de um proveniência social heterogénea, tinham predominância urbana e pertenciam geralmente às «classes abastadas».


É um facto que antes de 1850 (de 1850 até 1900 o nº de escolas cresce 4 vezes), não havia uma rede coerente de ensino , só em 1835 é estabelecido o ensino primário gratuito.
Também é verdade que o ensino não chegava ao interior, mas esse facto merece uma explicação.

Mas a I Republica não contribuiu, antes piorou, o panorama da iliteracia em Portugal

Se em 1910 a taxa de iliteracia nacional era de 60,6%, nas cidades era de 40% e ainda havia o aspecto de 40% dos letrados exercerem uma profissão...uma profissão a sério e não como as actuais profissões, que não passam de um nome para esconder incapacidades técnicas

Aliás se assim não fosse não haveria tanta gente capaz de fazer bombas e armas a a partir do nada em 1910

A explicação para a iliteracia é simples, se de 1836 parte-se do virtual zero (seria uns meros 10% a ter educação primária) para 60,6% (valor extrapolado com base num decrescimento da iliteracia em 0,4 pp por ano) em 1910 isso é uma queda na iliteracia de 49%
Para além desse esforço houve uma opção estratégica (e única viável, porque apenas o Estado Novo resolveu o problema dos progenitores não considerarem o ensino relevante no futuro da prole...impediam-os de frequentar a escola, e esse cenário ainda é uma realidade) de criar e intensificar a rede de ensino primordialmente nas cidades porque seriam os focos de desenvolvimento e os únicos centros capazes de absorver as capacidades técnicas decorrentes do ensino

[b]A iliteracia contrariamente ao que muita gente pensa cresce durante a I República, pois passa de 60,6% para 66,2% em 1920 e em 1930 continuava acima do nivél do periodo do Rei D. Manuel II[/b]...é importante frisar este aspecto

Quanto à emigração, o caro Tiago (agradeço o gráfico, por acaso até gosto porque sintetiza)

Num país que era tão próximo dos países mais desenvolvidos da Europa e, por consequência, do Mundo, a taxa de emigração cresceu a olhos vistos na segunda metade do século XIX. Se calhar o PIB crescia muito, mas nem todos o sentiam. A velha história da igualdade e da falta dela.


A distribuição do rendimento era de facto desigual e decorria das incapacidades técnicas da população que emigrava (maioritarmente do interior e sem qualquer qualificação), a população do interior por e simplesmente não estava capacitada para o novo modelo de desenvolvimento.
Portugal não foi o único, Itália também exportou mão de obra desqualificada nos mesmos moldes.
Contrariamente à Republica que chegou a "proibir" a emigração (difcultou, cancelou documentação...etc), a monarquia facilitou a emigração porque sabia que a mão de obra não qualificada era útil em paises com moldes diferentes de desenvolvimento ,onde havia falta de gente (os então, Estados Unidos do Brasil, principalmente)
Repare-se que não havia quase emigração para Inglaterra ou Alemanha, ou qualquer outro pais desenvolvido

O Estado Novo percebeu esta realidade e foi por isso que se criaram redes de escolas técnicas (que actualmente são 6 e estão na falência!)...graças à 3 republica não há ensino técnico e os "iletrados" actuais são licenciados (a desadequação estratégica na Educação que a 3º republica abraçou)

Mas voltando à emigração...existem partidas e chegadas e se havia emigração também havia o contrário:

Photobucket
Como se pode ver a taxa liquida de migração mais do que triplicou (iam mas não voltavam...quem quer voltar para o caos?) e apenas o Estado Novo inverteu a situação (por pouco tempo)

Curiosamente estamos a niveis superiores do que no tempo de D. Carlos e D. Manuel II
...se como o caro Tiago disse a emigração aumentou a olhos vistos na Monarquia (é verdade),então, os olhos saltam das órbitas na República porque 1/3 da pop. sai do Pais nesse periodo

Como o gráfico mostra a Monarquia era para os contemporâneos mais atractiva do que a tempo actual

O caro Tiago disse:
Em resumo, durante a Regeneração e o Fontismo, assistimos a um desenvolvimento da indústria, mas com fortes limitações. O peso da indústria cresce, mas virada principalmente para o mercado interno. Desenvolvem-se as industrias ligeiras e tradicionais - com excepção da cortiça e conservas -, com fraca competitividade internacional. O peso do artesanato e da manufactura continua a ser muito grande e verifica-se uma situação curiosa: os sectores mais modernos e tecnicamente aperfeiçoados trabalham para o mercado interno, enquanto os sectores onde predominam as formas e técnicas artesanais ligadas *a matéria-prima nacional são os que mais facilmente exportam.


concordo, mas era inevitável .Querer competir logo à partida é impossivel, em 1936 nem havia uma ligação viável entre o Norte e o Sul no Inverno, quanto mais comboios e portos capazes de exportar
Aliás este cenário da produção para mercado interno ainda é uma realidade

bem haja

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