Saúdo este debate entre realistas e republicanos.
Estou convicto que o centro da polémica reside na questão da igualdade que é a bandeira da democracia de todos nós.
Saúdo também que os realistas afastem liminarmente as visões saudosistas de monarquias autoritárias que apenas servem de cómodo bombo da festa a republicanos intelectuamente preguiçosos ou mentecaptos.
Sei que nesta também nossa 3ª República, a coberto da igualdade de direitos, em que todos podem ser elegíveis para todos os cargos políticos e em que há limites para mandatos sucessivos, existem profundas desigualdades de facto não só no acesso aos cargos políticos - ser presidente da república é o coroamento de uma carreira partidária - como no acesso a empregos movidos através das oligarquias do dinheiro e das influências.
Sei que existe um regime em que uma excepção na igualdade de direitos - a dos direito dinásticos conferidos pela história - salvaguarda a independencia pessoal do monarca perante os poderes do dinheiro e da política e salvaguarda a identidade nacional perante as organizações internacionais com que partilha a governação, como é a União Europeia. Não sei se esse regime se chama monarquia constitucional, república coroada ou se temos todos juntos que lhe arranjar outro nome.
Sei que alguém escreveu que justiça é igualdade para os iguais e desigualdade para os desiguais e a que a isso se chama equidade. E sei que a nossa 3ª República mostra em cada dia que passa escândalos de bancos, concursos públicos e de más decisões de governação que são as faces de um problema de falta de equidade.
Sei que esses escândalos com origem ou cobertura nos vários governos da série beta, vêem de gente do regime e, em particular, do centrão de negócios do PSD e do PS, e que chocam com os esforços reais das familias portuguesa para educarem os filhos, dos bons empresários que conseguem inovar e dos agricultores que se agarram à terra porque essa é um bem que já não se produz.
Em resumo, sei que em república democrática, todos somos formalmente iguais mas cada vez mais desiguais de facto; em monarquia democrática, o rei é desigual para que todos possamos cada vez mais iguais e livres.
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