Um enquadramento poiltico aos problemas que sustentaram a revolução de 1854 em Espanha não é fácil, mas existem paralelos com situações similares ocorridas em Portugal mais de 50 anos depois. Não se trata aqui de um desfazamento no tempo do desenvolvimento porque o cabralismo e o posterior Fontismo (ambos movimentos de regeneração económica ,via planos de fomento e investimento estatal) são anteriores aos planos do primeiro ministro espanhol, António Bravo Murillo (Janeiro de 1851-1852)
ESte fechou as Cortes e governou por decreto, implementando várias reformas a nivel da administração e de fomento económico, mas a drástica redução da base eleitoral (projecto de revisão constitucional de 1852) para apenas 7 mil individuos foi um golpe politico demasiado forte para o espirito liberal da época (que temeu o retorno do absolutismo) e o Primeiro ministro viu-se substituido por vários e sicessivos gabinetes.
Tal como em Portugal, os programas de financiamento que suportavam a construção maciça de estradas, comboios e outras infraestruturas (recorde-se que foram planos de financiamento mal concebidos que precipitaram ,em Portugal ,Costa Cabral)que deram margem politica para originar "escandalos financeiros" que embora envolvendo directamente o Governo acabaraiam por arrastar a familia Real espanhola.
O 1º contracto de concessão de caminho de Ferro ,em Espanha, continha os arranjos financeiros habituais em qualquer outro pais, mas os beneficios atribuidos à Rainha Mãe e o seu novo esposo (um antigo sargento sem ascendência nobre, nobilitado pela Coroa)foram motivo suficiente para as Cort6es recusarem o regime de concessões e precipitar a dissolução do Parlamento
A consequência inevitável foi uma recessão entre 1853-54 (com tentatvas estatais para colectar impostos á frente)e a revolta da Guarnição de madrid.
Esta revolta foi inspirada na revolta de Saldanha de 1851 (em Portugal, para os mais distraidos) já que em Espanha a 'Vicalvarada' foi também um movimento de generais liberais moderados...mas em Espanha foi derrotado e seguido de várias convulsões que icluiram uma revolta em Madrid que durou 3 dias e constituiu a mais significativa revolta madrilena do sec XIX.
Houve novas eleições (constituintes) em 1854 e uma nova Constituição em 55
A grande diferença, que potenciava o republicanismo, entre os dois paises era o peso do sindicalismo.Em Espanha a Internacional era uma realidade e em 1855 houve em Barcelona uma manifestação com 30 000 participantes a reclamar "associação ou morte!", ou seja a legalização dos sindicatos laborais (o qual foi recusado pelo Governo)
O peso social na revolução de 1854 foi o facto novo.As classes média baixa e a classe baixa constituiam uma força que os Progressistas aproveitaram.Entre estes havia os republicanos que exploraram um conceito potenciado pela construção do caminho de ferro, o Federalismo Ibérico.Este conceito teve particular relevãncia em espanha entre 1848-1870.A ideia de uma Federação de nações eliminaria a necessidade da exist~encia de uam linha dinàstica e este factor era potenciado pelo facto das revoluções em Espanha, durante o sec XIX, serem todas regionais
Em Portugal este peso do "factor social" chega mais tarde, por um lado devido à inexistência de sensibilidades regionais passiveis de serem exploradas por forças politicas menos relevantes a nivél nacional, por outro lado a introdução do sindicalismo é mais tardio em Portugal.O próprio Engels o reconhece numa carta de 13 de Fevereiro de 1871, ao Conselho Federal da Região espanhola, onde estimula os trabalhadores espanhois a encetar relações com os "obreros de ese país (...) Aún no tenemos secciones en Portugal"
bem haja
2 comentários:
É a velha obsessão de quererem resolver os problemas deles, às custas do vizinho.
ha ha ha
Mesmo assim as "elites pensantes" portuguesas poderiam ter aprendido com os erros do vizinho
bem haja
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