Em 31 de Dezembro de 1910 a jovem república portuguesa ainda não tinha completado um mês de vida, mas queria garantir já um lugar privilegiado na história. Nesse dia o Diário do Governo “convidava” os autores dos manuais de História de Portugal a actualizarem os seus livros com a inclusão dos acontecimentos do mês de Outubro, dada a importância dos mesmos. Este convite / ordem dava um prazo de três meses para serem feitas as modificações e determinava que a narração dos acontecimentos devia ser feita de forma a “afervorar o amor à república” nos alunos.
Ao longo dos anos este decreto caiu no esquecimento, mas o seu espírito foi zelosamente respeitado pelos historiadores republicanos, que se consideraram investidos dessa importante a missão: compor narrativas que tivessem o condão de “afervorar” nos leitores o amor à república. Com maior ou menor subtileza, todos eles se submeteram ao espírito do decreto. Não foi preciso muito tempo para perceberem que a única forma de afervorar nos leitores o amor à república consistia na omissão de grande número de acontecimentos que ensombraram a vida do regime.
É dentro deste espírito que se pode compreender a exposição dedicada pela Câmara Municipal de Lisboa ao jornal “Os Ridículos”. Numa atitude de grande prudência, tratando-se do tema “Desenho Humorístico e Censura”, entendeu a Câmara que devia limitar a exposição ao período de 1933 a 1945. Critério cronológico, mas sobretudo critério político, debruça-se sobre uma época e um período cujas relações com a imprensa têm sido largamente exploradas, glosadas, comentadas e dissertadas. (...)
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
A Exposição de “Os Ridículos”
Continuar leitura no site da Plataforma do Centenário da República
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Liberdade de Imprensa
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1 comentário:
É a velha técnica leninista do reescrever da história. Assim, umas vezes recorre-se à truncagem pela propaganda; outras vezes, à simples omissão e por fim, à censura pura e simples.
É a conhecida trilogia Inquisição-PIDE-PCP. A república no seu melhor.
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