segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
a falhada meritocracia da "república"
Diz o nosso paciente contendor do Corta-Fitas (o André Couto que daqui desde já saudamos), que ..."Não deixa de falir o seu argumento, na medida em que o Chefe de Estado também não o seria pelo mérito. Discordamos na questão das modas ideológicas. Acho muito questionável que o Rei seja uma pessoa ideologicamente imune(...)"
O rei é antes de tudo um homem, com os seus defeitos e as qualidades que cada um de nós tem. Não valerá a pena voltarmos às justificações de cariz filosófico que justifica o seu estatuto de primus inter pares, pois os nossos amigos conhecem bem os textos e os autores. Foram mesmo estes textos que fundamentaram a independência, a resolução da Crise de 1383-85 ou a colossal obra dos intelectuais juristas da Restauração de 1640. Em suma, justificam a essência das razões da própria perenidade de Portugal primeiro como Estado e depois, como auto-reconhecida Nação. Nem os "republicanos" de oitocentos se atreveram a contestar o facto.
A questão do mérito é igualmente um tema perigosamente controverso. Será possível discutir os méritos do prof. Cavaco Silva que podem (?) não estar em causa para o assunto que aqui nos tem trazido. Tudo pode ser discutido, mas não temos a distância temporal suficiente para o julgar e sinceramente, creiam-me quando vos digo que tenho grandes dúvidas acerca do seu registo futuro na História. Nem de Fontes os nossos contemporâneos se recordam!
A república portuguesa, está povoada de titulares da sua suprema magistratura, cujo mérito é, no mínimo, discutível. Passando gentilmente sobre os vivos - há que manter a cortesia -, tenho sérias reservas quanto à capacidade de discernimento, valor intelectual e mesmo probidade de certas figuras que prtenderam calçar as botas de D. Carlos. Por exemplo, conhecendo todos o terrível menu apresentado ao país pelos senhores de 1910-11, temos logo à cabeça Teófilo Braga, seguindo-se Bernardino Machado (deposto duas vezes por incompetência absoluta que roçava uma vaidosa idiotia), a demagogia palavrosamente estéril do A. J. Almeida (não está aqui em discussão o seu íntimo e recalcado arrependimento, ao procurar ajudar tantos e tantos presos políticos monárquicos). Preferimos nem sequer fazer considerações aos presidentes do Estado Novo, meras figuras de cartaz que o glossário do anedótico popular celebrizou no seu momento. Enfim, da longa lista sobra o sr. Arriaga, que tão pouco tempo se manteve no cargo; o almirante Canto e Castro, um monárquico que cumpriu a contragosto mas lealmente, as funções que lhe tinham sido confiadas; e o sr. Teixeira Gomes, literato, polido nos salons do cosmopolitismo de um certo fim de belle époque e que resignou, exilando-se, enojado com o regime que ajudou a implantar. Uma leitura dos textos de republicanos ferrenhos como José Relvas e João Chagas, são um bom critério para o entendimento e valia dos caudilhos republicanos. Nem os monárquicos do seu tempo foram tão longe nos impropérios. E escritos para a posteridade, para que constasse!
Sinceramente, não nos parece ser esta república, coisa que decidido valor dê à questão do mérito. Os meus dedos quase sofrem súbita cãibra por não poderem escalpelizar devidamente a acção dos mais próximos presidentes, aqueles que conhecemos. A situação a que o país chegou e a própria farsa em que consiste o messianismo imaginado na mente de cada eleitor que se digna a votar nas presidenciais, demonstra à saciedade a quimera de tudo isto. Somos respeitadores das instituições e reprovamos como indignas quaisquer atitudes de índole pessoal. Até porque não é nada disto que está em causa.
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6 comentários:
Falhada meritocracia da republica.
Inexistente meritocracia da monarquia.
Não? Portugal existe por obra de quem? Do Afonso Costa?
O grande homem que criou o 1º Canil mas que devia ter sido utilizado para o meter lá mais os outros que afundaram o país
Quem falou no Afonso Costa?
Vocês têm uma obssessão pelo homem.
Pois temos, pois temos. Não queremos repetir a dose. E olhe que Costas não faltam por aí, mesmo que usem outros nomes.
Olhem, eu não quero voltar à idade média.
Mas não passo a vida a responder a comentários invocando a idade média.
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