domingo, 4 de janeiro de 2009

Mais uma contribuição para a questão da monarquia

Em monarquia o peso do mérito é maior, porque a existência de um chefe de Estado perene e imune a modas ideológicas impede que o mérito de alguns impeça o desenvolvimento do mérito de outros (para aceder a cargos politicos é necessário ter uma cor politica e isso não tem nada a ver com mérito...nem tão pouco com génio)

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Se se perguntar a alguém se prefere ter como primeiro ministro um computador (que avalie com os melhores modelos matemáticos as melhores vias de decisão) ou um homem (ou mulher) a maioria (para não dizer a totalidade)das respostas será a que preferem ter um ser humano a uma maquina a comandar-lhes o destino

Porque se trata aqui de exercer Poder (com todas as chatas consequências para o livre arbitrio individual) tal como um republicano nega a eficácia de um Rei, também seria lógico que essa estrutura cognitiva fosse extensivel à preferência de uma maquina, expoliada de todos os defeitos humanos, em relação ao humano falivél.

[b]são exactamente as componentes faliveis do julgamento humano que condicionam a liberdade daqueles que são afectados por essas mesmas decisões e nesse aspecto as republicas não são melhores do que as monarquias porque ambas são geridas por homens e mulheres, tão faliveis e voluveis quanto o resto da população que representam
Mas mesmo assim preferimos a humanidade da ilusão à ditadura da certeza matemática.Sucumbimos a nossa liberdade e dos outros ás nossas falhas porque a humanidade é mais importante do que a sua ineficácia[/b]



Equidade



As monarquias encerram dentro de si um elemento com todas as falhas humanas cuja natureza ,partilhada com o restante povo torna esse povo mais livre, porque mais próximo de si mesmo, porque justamente auto avaliado, porque consciente que não é na perfeição do seu Representante politico máximo que reside a solução, mas no esforço comum

Um povo que julga eleger o melhor (ou o menos mau) porque detém uma base de escolha maior (a população com mais de 35 anos) e porque o sistema assim o permite, embarca numa ilusão perigosa.
Julgará, mais tarde ou mais cedo , ter a possibilidade de ter um "salvador" na Chefia do Estado e delegará nesse homem ou mulher a responsabilidade dos seus erros (o que explica 90% da psique lusa) porque perfeito ou melhor do que aqueles que o elegem..triste ilusão!

[b]A eficácia de um Estado depende em larga escala do reconhecimento entre os Orgãos de soberania e o povo que detém a legitimidade e esse reconhecimento é independente do factor eleição, merito, ou igualdade de oportunidades, mas sim totalmente dependente da partilha de defeitos, esperanças, erros e virtudes.
Se supostamente elegemos "o melhor", então claramente não somos semelhantes nem mutuamente identificados.

Temos sempre a versão beta de um proto-Chefe de Estado porque, por e simplesmente, o candidato é mal avaliado (e a distorção na avaliação é proporcional ao nº de eleitores) não tem experiência (o merito na capacidade de evoluir no espectro politico que sustenta a candidatura não tem qualquer peso na capacidade de lidar com a adversidade e complexidade das aspirações do povo que representa) e o tempo que lá passa (10 anos no máximo) pouco melhor é do que um curso.

Exactamente no momento em que temos um PR preparado para o cargo, mandamo-lo embora e vamos á procura do novo candidato numa eterna espiral de repetição e correcção de erros passado.

Este ponto é importante porque o Rei é o garante do Contracto Social.
Tem de haver em todas as sociedades "dados adquiridos", um eixo institucional, que permita ás sociedades poderem evoluir de forma, socialmente, justa
É essencial que o Contracto Social seja estável e não modulado ao critério da cor politica do Governo
Basta imaginar o que ocorreria se um governo viesse por em Causa o ensino gratuito e tivesse legitimidade para o fazer, ou questionar os direitos sociais porque simplesmente o momento politico do sufrágio assim favoreceu o espectro partidário


Aliás a questão da falibilidade do Rei é importante porque quem reconhece as suas falhas tende a melhorar....muito em oposição com quem acha ter sempre razão e o faz sem consequência porque dai a 5 anos já não está no cargo
Em ambos os casos a eficácia ou a racionalidade não são o cerne da questão

Então a pergunta basilar será:Porque gostamos tanto do falivel ,humano e ineficaz e porque são as monarquias mais avançadas em qualquer indice económico (supostamente medidas que medem resultados decorrentes da eficácia)...será uma contradição ou uma má avaliação?

Convém reter algumas palavras do Rei D. Carlos I, dirigidas a Mouzinho de Albuquerque no dia em que o tornou responsável pela formação do Príncipe, que hoje repousa com ele na paz eterna:

Quote:

«Tenho grandes imperfeições como homem e como Rei. Os meus defeitos procedem de duas causas: primeira, a hereditariedade
na gestação do meu ser ; segunda, a influência do meio em que nasci e me criei. Considero como primeiro dos meus deveres de pai eliminar ou, quando menos, restringir, por meio da educação mais atenta e escrupulosa, no temperamento, no carácter de e na inteligência dos meus filhos, a intervenção dos elementos que
actuaram na minha tão imperfeita compleição»

("Rei D. Carlos o martirizado"-pág. 4- Ramalho Ortigão)




A forma monárquica tem sido, no decurso dos tempos, sistematicamente associada com as qualidades do sujeito por herança genética em detrimento da capacidade de aprender, ou seja em detrimento da própria maior virtude humana...a capacidade de evoluir na adversidade

Somos vitimas da própria longevidade (curta) humana.Se nas monarquias procura-se ultrapassar pelo esforço os defeitos e incapacidades actuais (com o exemplo desse mesmo esforço nos monarcas), nas republicas procuram-se essas soluções já concretizadas em qualquer um dos habitantes (exemplo do excesso de expectativa em Obama...um simples senador, sem qualquer génio, do qual se espera a solução que só pode advir do conjunto da população).

Pois que a eficiência advém, não da resposta, mas da procura da solução

bem haja

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