Muitos se lembram do fim da 2ª República. Do 25 de Abril. Da Junta de Salvação Nacional e do primeiro Presidente da 3ª República - o Gen. António de Spínola.
Esses, também não esqueceram o conturbado período do PREC. Com a Esquerda totalitária a avançar todos os dias na escala do Poder. Em Portugal.
Em Espanha, por essa altura, verificava-se a pacífica ransição para a democracia. Coroada com Juan Carlos no Trono.
Por cá, o Presidente Spínola, averso a totalitarismos, tentou inverter a marcha dos acontecimentos. Com ele, outros. O insuspeito 1ª Ministro Adelino da Palma Carlos demitiu-se em Junho de 1974. Sucedeu-lhe o pai do "Gonçalvismo", o Cor. Vasco Gonçalves.
A avalanche comunista não cessava. Com Spínola a tentar opor-se-lhe. A manifestação do "28 de Setembro" fracassou pela acção de rua do PCP. Os meses corriam e o predominio comunista era cada vez maior. Chegámos ao "11 de Março".
Foram ataques a quarteis, "revolução" para aqui, "reacção" para ali e - Spínola no exílio. Começara abertamente o PREC.
Antes, logo em Setembro de 1974, «perante as câmaras de televisão, Spínola anuncia a sua renuncia. O homem que, meses antes se comprometera em servir o País com a mesma isenta devoção com que sempre o servira como soldado, revela que não pretende transformar-se num presidente decorativo» (vd. António de Spínola. col. Presidentes de República - Museu da Presidência da República, pág. 76).
Faltou a Spínola a autoridade para, num apelo só, imobilizar intervenções tão fortes como a dos extremistas comandados por Milan del Bosch, em Espanha, 1982. Para actuar como um Rei.
8 comentários:
Meu caro amigo.
São tantas as nuances que podem ser referidas no meio do seu texto que ficávamos aqui toda a noite...
Alguns pontos, nem o Spínola sabia o que queria para o país, o "Portugal e o Futuro" é um livro sem nexo e irreal, comparar Spínola a Marcello Caetano até chega a ser ofensivo mas infelizmente foi a cara da "direita" que apareceu.
O 11 de Março, pérola do Gonçalvismo surge como reacção a boatos de golpe de estado do mesmo Spínola, foi a desculpa que Cunhal precisou para arrombar o país, com Palma Carlos a coisa poderia ter sido evitada, mas não se esqueça que com Soares, partilhavam o "avental", tão pouco seriam a solução desejada.
Por fim Juan Carlos, sem querer ser polémico e de um ponto de vista histórico, quer o meu amigo discutir a influência da Opus Dei no regime Franquista ? O Rei foi imposto por Franco influenciado por quem ? Onde nasce a Opus Dei ? Quem é Josémaria Escrivá (até foi canonizado e tudo)?
Respostas, leva-as o vento...
João Afonso,
Nota interessante esta sua, como sempre.
Onde eu aprendi muito sb esta conturbada fase da nossa recente história foi na obra " 25 de Novembro", testemunho de 4 militares oficiais superiores. Julgo ser bastante esclarecedora no sentido de deitar luz sb um período tão complexo e difícil, de tanta instabilidade política. Muita gente continua com uma visão errada. A comparação q faz com a situação na nossa vizinha Espanha leva-nos a repensar, mais uma vez, nas vantagens d figura de um Rei como factor de união nacional e estabilidade política.
E afinal, tal como o Spínola diz por experiência própria, não é só um rei q pode ser decorativo num esquema de hierarquia política de um país ( segundo uma das frequentes acusações e argumentos contra a monarquia, sb a inutilidade da figura do rei )
Também um presidente pode, e muitas vezes é mesmo, ser um mero bibelot. Nas fachadas dos regimes comunistas, é sempre assim.Com a desvantagem de ser uma figura transitória, sem a carga simbólico-histórica contida na pessoa do Rei.
Parabéns pelas suas publicações neste e noutros blogues, q eu continuo a seguir sempre com muita atenção. Continuação de um bom Verão.
Caro Amigo:
Hoje, mais de 30 anos volvidos, temos absoluta consciêcia do fenómeno politico em Portugal de 25/A a 25/N.
Concretamente, Spínola (que sabia de politica menos do que eu... que nada sei) foi utilizado, dada a sua patente, o seu prestigio militar, para cabeça de cartaz no 25/A. Em que o PC já tudo controlava, mas não podia assustar os portugueses logo à nascença da Revolução.
Spínola, coitado, foi um joguete. E, quando o percebeu, reagiu. Afinal, sempre era (continava a ser?) um grande «cabo de guerra»
Neste sentido, o acento tónico do post está na sua recusa em ser «figura decorativa».
O paralelo estabelecido com o Rei de Espanha alerta para o facto de, pese embora a escassez de poderes constitucionias, Juan Carlos valeu-se do seu prestígio pessoal. E, só com isso, evitou uma guerra.
O que spínola, coitado, não conseguiu. Raápidamente, traído, embrominado, sei lá que mais, teve de fugir para não ser preso.
Lurdes:
UM Rei que não tenha prestigio pessoal, dificilemnte será ou se manterá rei. Isso também acontece com os PR's. Quando perdem as eleições. Como o rei não tem eleições para perder, uma de duas: ou perde o prestigio e é deposto, ou não é deposto porque mantem o prestigio.
Creio que esta última é a situação mais verificada.
Cara Lurdes Gonçalves Pereira,
Não será só porventura nos regimes comunistas que o pr é uma figura meramente decorativa. No caso do regime misto portugues o pr é uma figura meramente decorativa. O unico poder que verdadeiramente tem - o da dissoluçao da ar - apenas por uma vez foi usado, e da forma que o foi quer-me parecer que tao cedo não vamos ter outro.
Tirando isso o pr nao tem mais poder nenhum. O veto presidencial então é uma verdadeira anedota pois mais que nao serve do que fazer perder tempo à ar...
Caro amigo,
De facto enquanto a Espanha teve uma Constituição democrática e aprovada por todos, com um amplo consenso nacional entre os vários sectores sociais e corporativos, o que teve Portugal, um parlamento cercado e os deputados forçados a aprovar uma constituição socialista.
No fundo os Espanhóis estavam fartos de divisões e de poder vir a repetir-se a guerra civil, os Portugueses por seu turno queria era o contrário, penso inclusive que muitos dos "actores" da III República em segredo quereriam a guerra civil, para acabar com o outro lado!!!
João Afonso,
Certamente reporta-se à época actual quando fala da suma importância do prestígio da figura do rei. Pois nem sempre o prestígio pessoal foi apanágio da figura real máxima. Também o contrário: tal como por vezes aconteceu, o mesmo não impediu q ele fosse deposto.
Concordo consigo, mas tb acho q para além da extrema importância do prestígio pessoal, ( q pode ser muito relativo ) outros factores concorrem para a manutenção da figura do Rei como chefe máximo da nação.
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