A sobrevivência de qualquer comunidade, da mais circunscrita como a família, à mais alargada como o caso duma Nação depende, de entre outros factores, de uma cultura de serviço e altruísmo, ou noutra palavra, de “amor”. É sobre esta perspectiva que eu descreio profundamente na viabilidade duma Pátria sustentada em contas de mercearia, na disputa de interesses individuais ou corporativos, assente numa cultura de conflito permanente com a sua História, na desconstrução sistemática dos seus símbolos e tradições. Atingida a Idade do sacrossanto indivíduo, democratizado o hedonismo, o grande desafio da democracia, para a sua própria sobrevivência, é a restauração da mística desse “amor”, cimento último de qualquer tribo. Reduzidos por estes dias à figura de Consumidores, com existência circunscrita às estatísticas e sondagens, para toda a sorte de duvidosos interesses, tal metamorfose só será possível através duma inspiradora metapolítica que nos resgate uma causa comum, para voltarmos de novo a ser um Povo.
2 comentários:
E contudo, caro amigo, como diz um Insigne Mestre meu, a solidariedade (fraternidade) ou o amor a que se refere não pode restringir a liberdade individual, como um dia o restringiu a igualdade, pois corremos, desse modo, o risco de Portugal nunca ser uma verdadeira democracia, pois apenas quando o Estado-Nação respeitar os direitos individuais de cada um surge a verdadeira Democracia.
O amor ou solidariedade é um dever de cada um, que surge no seu íntimo, não de uma concepção colectiva, muito menos do Estado-Nação.
De facto foi com a perda dos entes morais, ainda no liberalismo monárquico que se perdeu a concepção de solidariedade (cristã), só por falta de entes morais para colmatar as deficiências sociais é que surge o Estado-Nação, não ao contrário.
Hoje o que devemos pedir é que cada um tenha a consciência do seu dever moral de auxílio ao seu próximo e ao Estado-nação pedir-se que não dificulte aos entes morais (actuais IPSS)a sua acção.
Só assim seremos verdadeiramente livres e solidários, pois ninguém, muito menos o Estado-Nação pode impor a solidariedade.
Concordo com tudo o que escreve, caro Francisco.
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