sábado, 27 de setembro de 2008

Republicanos, laicos e socialistas - mas não democratas



A tríade liberdade-igualdade-fraternidade, tão cara a socialistas e republicanos, não é mais do que a versão laica de princípios cristãos enraizados desde há séculos. A liberdade refere-se ao livre arbítrio que Deus nos concedeu, a igualdade provém da forma como Deus nos vê a seus olhos, e a fraternidade não é mais do que a ideia cristã de que somos todos irmãos. Claro que a laicização desta tríade trouxe perversões na sua interpretação. Perversões que foram sendo adaptadas consoante o tempo e o modo que mais convinham aos republicanos. A igualdade era muito bonita e até serviu de argumento para tentar confinar a Igreja católica ao domínio do privado. Tentativa que, aliás, se continuam a verificar no Portugal contemporâneo. A igualdade serve hoje para justificar o injustificável, como o casamento entre homossexuais. A liberdade foi transformada num direito individual absoluto em que não existem limites. A mensagem do Maio de 1968 ‘é proibido proibir’ tornou-se no fundamentalismo da moda. A fraternidade não é mais do que um chavão necessário para dar uma imagem pretensamente humanista face à violência e intolerância que caracterizou a generalidade das revoluções republicanas e, em Portugal, toda a primeira república.

O argumento da igualdade e a defesa do sufrágio universal, tão propagandeada pelos republicanos, não impediu, no entanto, que estes só deixassem votar alguns, os que mais se identificavam com a ‘ética’ republicana. A república, onde os partidos usavam e abusavam da palavra democracia, restringiu o direito ao voto a todos os que poderiam ser influenciados pelas ‘nefastas’ ideias conservadoras (e católicas, claro está). Oliveira Marques, na sua História de Portugal, tenta minorar esta questão ‘mostrando’ que cada eleito na república recebia maior número de votos do que na Monarquia constitucional.

Mas a verdade é que nas eleições republicanas só os partidos ditos republicanos podiam participar. Os partidos monárquicos tinha a existência prevista na lei mas as milícias republicanas asseguravam-se de que não concorreriam em qualquer eleição. Esta foi a prática até Sidónio Pais, que repôs o sufrágio que a república velha, nomeadamente o partido que dava pelo nome de “democrático”, tinha reduzido com o objectivo de se manter no poder. Afonso Costa justificou, em 1913, a retirada de direito de voto a 400 mil pessoas com a seguinte argumentação carregada de hipocrisia: ‘indivíduos que não sabem os confins da sua paróquia, que não têm ideias nítidas e exactas de coisa nenhuma, nem de nenhuma pessoa, não devem ir à urna, para não se dizer que foi com carneiros que confirmámos a república’. Claro que a verdadeira ‘carneirada’ votou toda em partidos republicanos. Não havia alternativa.

11 comentários:

Anónimo disse...

sobre a tríade: http://gazetadarestauracao.blogspot.com/2007/10/para-uma-revalorizao-da-trilogia.html

Anónimo disse...

Obrigado caro GDR

Pedro Fontela disse...

Bem meus caros, acho que vocês fazem um melhor trabalho a explicar o pouco apoio que os monárquicos têm que todas as campanhas de difamação republicanas... Estão pesos a um passado anacrónico, a uma moral que não é universal e nem de defender uma nova dinastia mais capaz que os Braganças são capazes quanto mais de arranjar soluções originais. Diz-se que o Rei seria a figura neutra mas um rei proposto por vocês seria a maior figura da reacção no cenário político.

Anónimo disse...

È UMA OPINIÃO, A SUA CARO PEDRO FONTELA, SEM QUALQUER FUNDAMENTAÇÃO

Anónimo disse...

Bem, eu pensei que tinha encontrado um sítio de reavaliação honesta da história e encontro apenas um blog de verborreia de extrema direita e fanatismo cristão. É uma pena. Então foi o vosso deus que inventou a igualdade e a fraternidade? Ah, e a (deixem-me rir) liberdade? E coitadinha da Igreja, que está a ser remetida para o direito privado? Juizinho é que fazia falta. Só falta afirmar que o Santo Ofício foi uma bênção e que os roubos diários de párocos dessa igrejinha aos menos informados não são "pecado". Ou não me diga que nunca ouviu falar? Se precisa de fundamentação é porque anda muito mal informado. Que ideias retrógradas, que só afastam ainda mais qualquer possibilidade de reconciliação da nação com a sua monarquia, a passada (que é a que mais interessa). E já agora, porque não desenvolver a desgraça da I República na sua extensão destruidora que foi a II República? A omissão é perigosa...
P.S. - O que é que o casamento entre homossexuais tem a ver com o caso? "Mas que apocalipse, que coisa mais injustificável!" são uns porcos, não é? Deixe lá, no paraíso do Senhor não os haverá, a não ser que os apóstolos...

Anónimo disse...

Fernando tem toda a razão, e eu que o diga que já ando aqui a cuscar este blog á já umas semanas.
Isto não é história, isto é pegar na história e conta-la apenas segundo a visão monárquia, cristã e conservadora.
Mas deixe lá que também já lhe dei gozo.

Pedro Fontela disse...

Pelos vistos não é só a minha opinião nem é tão infundada como isso...

Nem os monárquicos vocês representam de forma correcta. Apenas o sector mais seguidista dos Braganças e mais reaccionário.

Anónimo disse...

Como é hábito, os caros comentadores limitam-se a fazer juízos de valor sem apresentarem quaisquer factos concretos. Até vêem monarquicos onde eles não estão. Leiam, informem-se, mas não usem apenas as fontes de confirmam os vossos pensamentos pré-concebidos. Se não o fizerem nunca mais saem da cêpa torta.

quink644 disse...

Viva, talvez fosse boa ideia a leitura de um post que coloquei no meu blogue e que, dada a sua extensão, não posso colocar aqui.
Fica o link:
http://porquemedizem.blogspot.com/2008/09/sobre-questo-da-fundamentao-da.html#links

Tiago Prates disse...

Em relação à 1ªrepública têm toda a razão em contestar aqueles que foram os 16 piores anos de Portugal no séc.XX. Para mim,acho que a implantação da República em Portugal foi uma precipitação, que teve como consequência 50 anos de Salazarismo. Eu sou monárquico porque acho que o Rei é uma figura à parte da política, além de que para a coesão nacional, a festas reais são sempre factor de união no povo. É claro que denota-se que esta iniciativa é feita pela direita conservadora, cristã e monárquica. Porém acho que deve ser levada em conta, e deixo um apelo consciencializemo-nos para a pouca importância que o PR tem na tomada de decisões no nosso país, acho que nenhuma já que somos uma república semi-presidencialista.
Por fim digo que neste momento sou PS, mas monárquico, e deixo o meu blog: tiagomiguelprates.blogspot.com

Anónimo disse...

"Nem os monárquicos vocês representam de forma correcta. Apenas o sector mais seguidista dos Braganças e mais reaccionário."

Pedro Fontela também concordo consigo, sabe eu apesar de ser republicano tenho uma certa admiração por alguns traços de personalidade de D. Manuel.
Ele era verdadeiramente patriota, pediu para servir no CEP por Portugal e foi a favor da 1ª guerra mundial para defender as colonias atacadas.
Tambem era contra as incursões monarquicas que foram feitas contra a sua vontade.
Já a grande maioria dos monarquicos era diferente.
Fanáticos que não queriam saber do pais e ate queriam uma ditadura monarquica semelhante ao fascismo. Havia uma facção mesmo reacinária chamada o Integralismo Lusitano.
É do genero dos cronistas aqui deste blog.
Enfim.
Bem haja