quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A situação econónima antes e depois de 1910


A regeneração foi na verdade um “boom” económico que poderia ter adiantado os actuais níveis de vida em 30 anos, não tivesse sido a revolução de 1910 as crises económicas de 1890 e a implantação da republica no Brasil…


A linha azul mostra a evolução do rendimento “per capita” durante a monarquia, no período de 1855 ate 1910

A linha vermelha mostra a evolução do nível de rendimento durante a I República

A linha vermelha fina mostra a “tendência” (trend) que o ciclo económico poderia ter levado se não tivesse havido aqueles 16 anos ,entre 1910 e 1926

1- O 1910

Em 1855 o PIB era de 248.000 contos de reis, para uma população de 3.901.000 indivíduos, tal significava um rendimento per capita de 82 escudos (escudos de 1914). Esse rendimento viria a subir até 176 escudos (escudos de 1914), ou seja 114 % em 33 anos. A manter-se esse ritmo , o rendimento real per capita em 1921 teria sido de 189 escudos e não 90 como efectivamente foi (um hiato de 110%), sendo que era um valor inferior ao auferido em 1799.
Não podemos dizer que o nível de vida em 1799 fosse melhor do que em 1921, embora os dados indiquem nesse caminho, mas podemo-nos questionar onde foram parar os 110% de rendimento per capita, ou mesmo como foi possível a um país com um PIB real de um milhão de escudos em 1910 regredir para metade desse valor em 11 anos (555 000 contos em 1921). Para um país com seis milhões de almas e um rendimento per capita de 90 escudos… pode dizer-se que em 11 anos (1910-1921) Portugal efectivamente regrediu mais de 60 anos, anulando todo o desenvolvimento que a regeneração havia feito, condenando o país a um eterno atraso de uma a três décadas.

2- A REPUBLICA DO BRASIL E AS CRISES DA DECADA DE 90

Que ocorreu então entre 1890 e 1910 ?. A economia quase estagnou, mesmo apesar de em 1910 ter atingido o maior valor para o Rendimento Interno até então conseguido (1.007.000 contos a preços constantes de 1914). Mesmo apesar da enorme dívida que todos os anos crescia 11.000 contos, o país crescia… não havia uma tendência no sentido da descida, como se veio a verificar desde 1910 até 1921.
Para cumprir os programas de fomento necessários Portugal tinha obrigatoriamente de recorrer ao crédito internacional, e para isso era obrigatória a entrada no sistema do “livre câmbio”, através do sistema “padrão ouro” (cada moeda valia efectivamente uma quantidade fixa de ouro).
Esta abertura ao exterior era um enorme risco para uma economia ainda agrícola e a prová-lo estão as pautas aduaneiras portuguesas, que eram à altura as mais elevadas da Europa (o Estado cobrava em média 30% sobre as importações) o que no fundo reflecte o carácter proteccionista sobre a industria nacional.
Mas não se pode dizer que Portugal fosse efectivamente uma economia aberta, pois o peso das importações e exportações nunca ultrapassou os 7% (em Inglaterra a média era de aproximadamente 20%). Só com advento da República é que esta fasquia foi ultrapassada tendo a Balança comercial registrado desvios de 21 pontos percentuais com as importações a representarem 28% do PIB (1921) face aos 7% das exportações.
A real abertura da economia não advinha da balança comercial mas da exportação de trabalhadores (emigração - modelo idêntico ao italiano, com as mesmas consequências). Portugal exportava os trabalhadores, que enviavam remessas sob a forma de letras de câmbio sobre a praça de Londres (porque o Brasil tinha mais relações económicas com Inglaterra) permitindo aos nacionais e ao Estado ter crédito para contrair empréstimos.
Então tudo o que se passava no Brasil tinha reflexos imediatos no valor da moeda face á libra. Isto foi verdade na guerra do Paraguai (1868-71) e particularmente grave na implantação da republica do Brasil (1890-1907).
A desvalorização da moeda face ao exterior provocava o imediato aumento da Divida Pública e de facto o crescente endividamento que se verifica desde 1890 não advém de um endividamento real, mas do seu menor valor. Na altura todos queriam ver culpados no Fontes Pereira de Melo ou numa conspiração inglesa. Foi num estudo de 1915 ( “O Ágio”, Salazar) por um académico de nome Oliveira Salazar, que se provou o que já era sugerido por alguns… Foi o câmbio da moeda brasileira que determinou o câmbio da moeda nacional até 1907.
Tudo estava bem se tudo estivesse bem no Brasil (e D. Carlos sabia-o), mas desde Novembro de 1889, com o fim da monarquia no Brasil que este pais descambou num Carnaval de golpes de Estado, sendo que em 1891 já as praças internacionais previam a bancarrota, com o cambio da moeda portuguesa a cair 25 % e as transferências do Brasil a passarem de 4355 contos (1888) para 800 contos em 1891, uma queda de 80%
Portanto foi uma consequência da conjuntura internacional, o que determinou a fraca performance económica (1890-1907), sendo que o PIB per capita de 1909 só seria igualado em 1928…19 anos de diferença! e a prova do fracasso da I republica
De facto a I república foi um fracasso, não só ideológico como social. O Liberalismo assentava grande parte do seu pensamento no equilíbrio do Poder pela sua divisão. Ao monarca, o poder moderador contrapunha o poder executivo do governo e das assembleias. Mas a implantação da República apenas veio vincar o acrescido gosto pelo poder que as “elites” vinham vindo a adquirir e o quanto era incomoda a presença de um poder moderador. A enorme liberdade de movimento financeiro e executivo dos sucessivos governos veio provar que a independência orçamental tinha sido subestimada e que esta era de facto mais forte do que os poderes consignados na Constituição…mas seria de facto mais eficiente?
A República implanta-se muito devido ao escândalo dos tabacos, que em 1926 ainda não tinha sido resolvido.
O aumento do nível de vida foi uma mentira escabrosa… as diferenças sociais aumentaram, e se em 1910 não se vivia muito bem, em 1921 nem pão havia para comer, o que diz muito da igualdade entre os homens!
A dívida pública aumentou e não se construíram quaisquer estruturas. É legitimo perguntar-se para que serviu a republica ou se a monarquia era assim tão desnecessária.
Bom entre a linha azul e a vermelha a única diferença (do gráfico) é o Rei porque o resto estava lá tudo: as estruturas, os políticos, as mentiras e omissões!
…afinal a monarquia fez falta!

Fonte : Leonidas, Somos Portugueses, Forum Realistas

10 comentários:

Anónimo disse...

Vejam se eprcebem de uma vez por todas:
A República falhou.
Houve muitos factores para a República falhar, desde as incursões monarquicas e os dissidentes monarquicos até ao sistema passando pelo crash da bolsa americana e a 1ª guerra mundial até ao regime exessivamente parlamentarista.
Mas ainda assim, ao contrário de vocês orgulho-me de saber hoje que Portugal pela primeira e unica vez na sua história ter estado na vanguarda das revoluções e progressos no mundo. Falo obviamente da implantação da República.
Se a República não tivesse falhado imaginem como seriamos agora, sem duvida uma grande nação.
Não há que estar a massacrar a República, o que está feito está feito, esta República já não é como a primeira.
Temos estabilidade politica e económica, apesar de já nãoi termos laicismo e valores como na 1ª República.
Só ha uma razão para continuar a bater na mesma tecla, a vontade de querer reinstaurar a ditadura franquista em Portugal.
Enfim, há gente para tudo.

Anónimo disse...

Ditadura franquista ? epá estás a concorrer com o Ricardo Pereira ? E as ditaduras de Esquerda não existem ? E a república da China ? URSS ? RDA ? Coreia do Norte ? Cuba ? .... uau tantos exemplos que deves adorar ...
A república instalou-se através de um acto pouco democrático mas afinal isso não é típico de comunistas e fascistas ? qual a diferença ?
Enterra-te space_eye, só espero que não tenhas estado no 1 de Fevereiro mascarado em frente à estátua de D.José armado em "palhaço" que aliás foi o que os "rapazes" disseram que estavam lá a fazer ... e até levavam uma faixa grande a dizer de um lado "Viva o Buiça e o Costa" e do outro lado diziam "Bloco de Esquerda".
Coitadinhos ....

Anónimo disse...

Esqueci-me Space_Eye_BackdoorMan ... tens mais alguns argumentos para contrapor tais argumentos ? tens números ? dados ? documentos ? Esperamos por tal intelectualidade escondida no seu diminuto Kernel heheh

Anónimo disse...

Olha filho ja estou a começar a ficar sem paciência, e eu k tenho uma paciência infinita.
Tu misturas tudo!
Para ti é tudo a mesma coisa, comunismo, fascismo, democracia...
O que interessa e vale a pena reinstaurar é o velho regime dos nobres feudais escolhidos por Deus que prestam vassalagem ao rei e que exploram o povo so porque este não tem a linhagem.
Mas que ideia tão retrógrada e ultrapassadissima.
Sem duvida que monarquia é o pior de todos os regimes. Não se baseia mesmo em nada a não ser estupidez.
O que me dizer do Integralismo lusitano? Movimento por trás das incrsões monarquicas no tempo da República? Sim, movimento esse contrário ao pensamente de D Manuel e de uma meia dúzia de monarquicos mais proximos dele.
Pensamwnto que desejava uma ditadura do genero franquista semelhante ao fascismo.
Ha pois é, depois a República é que é fascista e comunista.
Quando aos tipos k falaste que vieram para a rotunda dizer viva ao Buiça viva ao regicidio tenho a dizer-te que nem sequer são republicanos, são anarquistas e vieram demonstrar que gostam de ser palhaços aos domingos e feriados.
Mas por outro lado tambem nao acho k esteja certo toda a gente criticar o Costa e o Buiça, homens simples que deram a vida por um ideial e não haver ninguém a homenegia-los do dia comemorativo do regicidio.

Ricardo Gomes da Silva disse...

bem a Republica falhou 50 vezes em 16 anos!

se isto não é dar segundas oportunidades...não sei!?

a republica actual funciona?....vejamos, temos o mesmo leque partidário desde 1974...bem..leque leque não!..mas as moscas são as mesmas
O interesse da pop....nulo!

o progresso..se não fossem os fundos estruturais estariamos feitos

afinal podemos perguntar em que medida o regime contribuiu..se calhar, se fossemos uma monarquia poderiamos estar melhor...tipo como no Reino Unido ou Holanda
...até a caótica Espanha nos ultrapassou em 30 anos..desde que se tornou monarquia

Considero a Republica como um calhambeque pelo qual temos uma estima especial, embora não sirva para nada..esteve connosco durante quase 100 anos e fomo-nos habituando, como o Napoleão se habituou á sarna que tinha na barriga...chegamos a uma altura que até começamos a achar que a doença era feitio

Tenho a certeza que se a monarquia fosse restaurada amanhã daqui a 20 anos a Republica seria uma má memória que todos qualificariam como "as trevas" da História portuguesa

bem haja

Anónimo disse...

Bla, bla, bla!!
Mais bla bla bla.

Voltemos ao gráfico.

O que o blogger chama de "rendimento 'per capita'" está no eixo escrito como "produto interno bruto por habitante".

E já repararam que a “tendência” depois de 1974 é melhor que nos dias da antiga senhora? E que esta é melhor que na monarquia?

Se é assim que defendem a monarquia e querem escrever história, já estou descansado.

Mas os que são historiadores têm que ser despedidos já!!

Anónimo disse...

E já agora, porque acabam os dados há uma década atrás?

Não nos estão a esconder nada, pois não?

Ricardo Gomes da Silva disse...

O último comentário descreve bem quem não percebe nada e quer deixar opinião

PIB e Rendimento nacional são a mesma coisa, tal como o "por habitante" ou per capita

Depois de 74 nunca houve taxas de crescimento sequer semelhantes á da década de 60

Mas de qualquer forma aconselho-o a ler de novo porque não percebeu nada

bem haja

Anónimo disse...

Dizer que "produção" é o mesmo que "rendimento" é pura mentira!

É verdade que não sou economista, mas sei ler informação. E se querem ter conversas sérias apresentem-na toda.

Para mais é óbvio que o rendimento médio (ou por habitante, ou per capita --escolha ) é sempre inferior à produção média.

Haja seriedade.

Ricardo Gomes da Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.