sexta-feira, 18 de junho de 2010

Brito Camacho perseguido pelos patriotas...


Brito Camacho fora dos que, desde sempre, se manifestara contra a participação portuguesa no I grande conflito mundial. Escrevia o dirigente unionista, em 1916, no seu livro «Portugal na Guerra»:
«Começaram por nos chamar derrotistas; passaram a chamr-nos covardes; e acabaram por nos chamar traidores à Pátria (...) e pois que na legislação em vigor não figurava a pena de morte, vá de incitar a malta criminal anónima a fazer justiça por suas mãos.
De 1914 a 1916 andámos com a vida por um fio, insultados em toda a parte onde aparecíamos; no Parlamento e fora do Parlamento, na rua, nos Cafés, e nos carros eléctricos. Raro era o dia em que não recebíamos aviso de que fora deliberado, num comité de patriotas, coserem-nos a facadas ou queimarem-nos os miolos, alguns desses avisos dimanando da Polícia, que, todavia, nunca prendeu tão beneméritos cavalheiros, sabendo quem eles eram e onde se reuniam concertando o patriotico intento.
Uma noite, na Brasileira do Rossio, apareceu um grupo à minha procura, um grupo de patriotas (...) um deles mal disfarçando debaixo do capote um machado. Propunham-se abrir-me a cabeça, como aconselhara O Mundo, para ver o que eu tinha dentro dela. Por acaso não jantara em casa, nesse dia, e por não fora (...) tomar café à Brasileira (...).
Pagou as favas o dr. António José de Almeida, insultado e zurzido pelos bons patriotas que me tinham procurado no Café (...).
No Parlamento (...) esses executores da alta justiça social se instalaram, armados de bombas e pistolas, na galeria que dominava o sector unionista, dispostos a cumprirem o seu mandao a um sinal convencionado».

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