Nos meados dos Anos 50, o Presidente Marechal Francisco Craveiro Lopes é um assumido admirador de Marcelo Caetano. A partir de 1957, é mesmo voz corrente que está nos seus planos levá-lo à chefia do Governo, substituindo Salazar. este, naturalmente, não apoia a sua reeleição, mas o Exército divide-se e o mal-estar é inocultável.
Neste cenário surge a figura do General Humberto Delgado. Afirmando que Salazar «está fora de moda» e decidido a confrontá-lo. Por isso anuncia a sua candidatura à Presidência da República, encontrando pela frente o candidato da «Situação» - o Almirante Américo Thomaz.
Em Maio de 1958, numa conferência de imprensa em Lisboa, Delgado declara que se for eleito demitirá Salazar - «obviamente, demito-o». Num ápice, a Oposição à esquerda, que até aí o intitulara «general fascista», adopta-o, cola-se-lhe, transforma-o no herói que hoje povoa a toponímia nacional.
Na verdade, Humberto Delgado vem a realizar um campanha eleitoral ímpar de participação popular. Perdeu, é certo, mas com resultados animadores para quem contestava a »Situação»: em 9 de Junho de 1958, votaram 999.872 eleitores (70,7% dos recenseados), dos quais, segundo as contas do Governo, 750.733 (75,1%) em Américo Thomaz e 234.026 (23,4%) em Humberto Delgado.
Nota: ouvi ontem a entrevista na RTP1 do Alegre candidato. Espero não continuar a ser insultado por S. Ex.cia insistindo em que 48 anos de República não foram república. Quanto ao mais, bem pode ganhar as eleições - S. Ex.cia é o retrato fiel deste Regime que quer Camões de mão dada com o cobrador de impostos.
Fonte: «História de Portugal», coordenada por Rui Ramos, pág. 676.
3 comentários:
Caro amigo, como sabe Humberto Delgado ganhou as eleições, só a fraude eleitoral e a recusa de publicar os resultados oficiais levou à "vitória" de Thomaz.
Quanto ao demais, Delgado era um apoiante moderado do regime, mas posteriormente foi-se aproximando da esquerda.
Pois não digo que não, caro Francisco. Creio seriamente que só teriamos a ganhar, todos, com a vitória de Delgado. Infelizmente, foi como foi. Não há efeitos sem causas. Por isso, reflectirá porque chegámos onde chegámos. Em boa verdade, é isto: como seria se Delgado fosse à Presidência?
(os portugueses não têm culpa de que a república se dê ao cambalacho).
Bom fim-semana para si.
Boa pergunta; se tivesse ganho Humberto Delgado como seria ?
Poder-se ia também fazer a questão, se Marcelo Caetano consegue arranjar uma forma positiva de acabar com a guerra colonial como seria ?
Ou então, fazendo o relógio andar para trás, se João Franco continua no poder após o assassinato do Rei como seria ?
Insistimos neste país em combater extremismo com extremismo, as soluções de transição nunca servem porquê ?
Será sina ?
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