sexta-feira, 11 de junho de 2010

O ponto de vista de Miguel Sousa Tavares


Estava-se em 1997. A celebérrima Lady Di morrera há muito pouco, emocionando o mundo inteiro. Era a "Princesa do Povo"... Era? Miguel Sousa Tavares, em crónica na revista «Máxima», dizia que não. E explicava porquê:
«A Monarquia ou se aceita com o seu estatuto e consequências ou se abole. Mas não existem monarquias sufragadas pela opinião pública e pelas revistas de coração. "A Princesa do Povo" é uma expressão muito bonita, mas falaciosa. Num sistema monárquico não existem os Príncipes que o povo escolhe, mas aqueles que nasceram com esse destino traçado. É por isso que eu não sou monárquico. Mas se fosse cidadão de um país monárquico, ou emigrava ou aceitava a condição de "súbdito do Rei". E o que é irónico nisso é que a condição de súbdito não faria de mim escravo do Rei ou do Príncipe, antes faz deles escravos do povo. É isso que é o Príncipe de Gales: um escravo da condição, da tradição e do sistema condicional. Nada, na sua vida, é livre, nem sequer o direito de dizer o que pensa. Porque é que ele não abdica, então? Pois, porque essa é uma das regras não escritas de que depende a continuação da instituição monárquica. Um rei não abdica do trono, como fez Eduardo VII. Porque, ao fazê-lo, ele está a rejeitar a Nação de que é o símbolo. O Rei é o primeiro dos súbditos do povo».

9 comentários:

O Faroleiro disse...

O Sousa Tavares não é monárquico ? Agora é que V me lixou...

Excelente pequeno texto, estou inteiramente de acordo com o autor, boa posta caro amigo.

Revista Máxima ?!!!!!

Não me diga que isso faz parte do espólio da sua imensa biblioteca ?

Tenho que deixar de lado alguns preconceitos e começar a ler a coisa...

Um abraço.

João Afonso Machado disse...

Não meu caro: este recorte faz parte de uma pasta onde guardei coisas interessantes. Estou em publicar um destes dias uma polémica minha no JN com um Juiz Conselheiro - grande amigo - que se insurgiu por El-Rei utilizar em Macau uma viatura oficial, convidado pelo Rocha Vieira. Vai dai, escreveu carta aberta ao Presidente Sampaio, a protestar. Mas quem lhe respondeu fui eu, também no JN.
De modo que está a ver: até a Máxima se recorta nessa pasta.

O Sousa Tavares pai era monárquico. A mãe Sofia Melo Breyner também. O Filho diz que não, mas creio que se confunde. Ele é monárquico. O que não gostava era de ser monarca. Nem eu. Tinha de servir muita gente, sempre sem poder dizer o que me ia na cabeça.

NRC disse...

Isto é que me dá vontade de emigrar (é melhor sentarem-se):
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=175386 e http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/absolvido-homicidio-gaia-freira-confissao-tvi24/1168443-4071.html

Já agora, espero que continuem sentados para esta: http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=175378

Mal livres de Nuno da Câmera Pereira, agora este 'adesivo' ao contrário... os dois são tão monárquicos como o barrete frísio...

O Jerónimo disse...

Eu estou como o "bicho". Perplexo.
Mas vindo de quem vem nada me surpreende.

Mas se não se pode adquirir o estatuto de Sua Alteza por casamento, então coitadas das monarquias modernas. Sangue novo nunca fez mal nenhum, desde que se cumpra o papel.

Cá para mim é inveja do MST. Ele gostaria era ter 1/10 das atenções que teve a malograda Lady Di.

João Afonso Machado disse...

Caro NRC:

Infelizmente a lei é assim e os julgamentos assado. Sabemos isso desde o Regicídio.
E quanto à novidade do dia - Pinto Coelho, candidato a PR, eu preferiria que ele se esquece de falar em Monarquia. Não vá o Mário (nada de confusões) Machado também declarar o seu apoio ao kaiser.

Caro Jerónimo: diga lá o que quiser, mas MST tem razão no fundamental - ser Rei é servir. Até Lady Di tentou passar essa imagem. Lembra-se dela em Angola, cercada de meninos vitimas das minas? E em não sei quantas campanhas de solidariedade.
Por acaso, nunca vi nela grande altruismo, mas enfim, vejo-o em outras pesoas da Familia Real.

O Jerónimo disse...

Ainda sobre o texto do MST e de "Num sistema monárquico não existem os Príncipes que o povo escolhe" lembrei-me da curiosa história contada aos visitantes do palácio de Neuchatel (e confirmada nos livros) que em 1707 ficando o cargo de príncipe vago por morte da princesa Marie d'Orleans-Longueville o povo escolheu entre 15 candidatos, aquele que ficava mais longe (o rei da Prússia). Eles lá sabiam porquê...

Rui Monteiro disse...

É gente como o presidente do PNR que afasta muito boa gente de se afirmar monárquica, têm complexos de ver o seu nome ao lado de alguém que se aproveita para 5 minutos de fama !

João Afonso Machado disse...

Caro Jerónimo:
Porque era o Rei da Prússia! Uma garantia de protecção. Melhor só Napoleão...

Tenente Figueira disse...

Quem sai aos seus nunca degenera.

Ele diz que não é monárquico, mas no fundo é...só que ainda não sabe. Quem percebe, nesta dimensão, o conceito de Monarquia é porque o sente. E quem o sente...já é!

Bom post e bom texto do MST.