domingo, 6 de junho de 2010

Retrato robot de um presidente


Está na "Pública" de hoje e é da autoria de Daniel Sampaio. Nestas coisas de arte surrealista e da sua interpretação, não há como chamar um psiquiatra. A obra foi intitulada «O que eu quero de um PR». Está bem.
Sampaio, de cinzel, ou de pincel, em riste, começa manifestando a sua preocupação. Porque o próximo PR será «eleito num contexto de crise económica e social». Quanto a isso, é conclusão a não necessitar de psiquiatra ou artista para ser tirarada. Pelo contrário, reconhecer «a descrença nas instituições já hoje tão visivel» sempre me parece de mais honrosa contrição.
E depois, ataca o bloco de mármore ou a tela, não sei. E vai comentando:
Desde logo, a personalidade do candidato. Terá de ser «alguém com firmeza, mas com capacidade de ouvir, que não soletre as palavras e que tenha um discurso forte, dito sem hesitações e em voz clara. de uma pessoa que não receie os meios de comunicação social...» (toma lá Cavaco, vai buscá-la ao fundo da baliza... Estás a levar uma cabazada).
Claro que o candidato ideal não deverá tratar os «temas relevantes à saída de uma inauguração ou no intervalo de um encontro social». Admite-se o «sentido de humor e linguagem simples» q.b., mas, para isso, «é necessário muita leitura e um passado de cultura que permite a linguagem educada que deve caracterizar um PR». Em suma, «a personalidade do próximo PR deve também caracterizar-se pelo estímulo à produção cultural em todos os sectores, tornando Belém um polo aglutinador de vontades culturais...». (eh lá Poeta Alegre, parece que já temos um apoiante, não?)
Depois, o fatal alerta: a imprescindível «lealdade permanente aos valores essenciais...». (Pronto, pronto não é preciso mais. Sampaio também não abdica da Ética republicana. Alegre vate, estás sempre a somar, saiam mais umas trovas do vento que passa).
A rematar, uma palavra de desapreço para os qe «apenas são conhecidos como cidadãos de algum mérito». (Não adianta, Fernando Nobre, volte lá para a AMI, porque nestas sisudas andanças presidenciais precisaria de «ter experiência política, conhecimento da administração e um passado ideológico convincente»).
«UM passado ideológico convicente»! E´inacreditável, mas foi escrito!!!
Evidentemente, só há duas certezas no Mundo, se não houver outras: eu não voto no vate; nem jamais consultarei o Dr. Daniel Sampaio.
Quato ao mais, retenho na memória a secura de boca com que Alegre respondia a Judite de Sousa na entrevista da RTP1 a semana passada (então quando ela puxou a conversa para os temas económicos...). E, indo a notícias mais importantes, leiam por favor a crónica de Vasco Pulido Valente (de hoje, também, no "Público") acerca das aventuras de Sócrates no «mundo da pedinchice».

5 comentários:

O Faroleiro disse...

Caro amigo.

Esse Sampaio não me serve de grande exemplo, é mais um como o irmão, não questiono o seu profissionalismo mas a sua opinião política é influenciada.

Cavaco continua a ser o meu presidente, neste momento é sem dúvida o melhor que temos, embora o prefira mil vezes a primeiro ministro.

João Afonso Machado disse...

Caro Nuno:
Neste artigo do DS, o que não gostei foi a subliminaridade do recado. Quero dizer: ele podia preto no branco dizer que vota no Alegre, sem andar com rodriguinhos.
Por outro lado, essa de um PR ter de ter uma ideologia politica... E se não tiver? É pior que os outros?
As máscaras é assim que caiem, meu caro
Um abraço

Pedro de Souza-Cardoso disse...

Se nao tiver é pior que os outros?! Meu caro Joao Afonso Machado, para mim e julgo que para a maior parte das pessoas de bom senso, nao ter uma ideologia politica devia ser requisito obrigatorio para um candidato a pr... Alias a impossibilidade de o pr ser apartidario é um dos principais motivos pelo qual eu me assumo como monarquico!

Filipa V. Jardim disse...

João Afonso,

bem apanhada a fotografia...cruzes e caridade.
Gostei da crónica do Vasco P. Valente, sem papas na língua e com o humor que se lhe conheçe.
Quanto ao Dr. Daniel Sampaio, surpreendeu-me o texto, por muitos motivos. Desde logo, porque teve sempre uma postura, que se comprende, de alguma distanciação do tema.
O métier é outro, que não comentador politico. Aí, pode-se ou não gostar do género, mas é uma referência em algumas temáticas, sobretudo ligadas a prolemáticas da adolescência. Claro que se pode questionar a sua abordagem, mas acredite, que pode tê-lo em conta de um profissional sabedor.

João Afonso Machado disse...

Filipa:

Tanto quanto sei a Pública tem determinadas rúbricas semanais: uma pág. para questões do foro psiquiátrico, outra para qesutões nutricionistas, outra para esteticismo das senhoras, outra ...

Percebe-se mal é o que os candidatos presidenciais têm a ver com a especialidade do Dr. Sampaio a que julgo a revista tenha pedido remédio para os males da juventude e de todos nós, tontinhos.
Mas a culpa deve ser minha que não do clube dos Éticos, do que resulta ser, com certeza um marginal compulsivo, isto é, um monárquico... Sem avental nem nada.

Isto tudo, claro, a acrescer ao que já referi em resposta ao nosso amigo Nuno.