A imagem mostra uma manifestação popular de apoio a D. Carlos frente ao Palácio das Necessidade, após a declaração de guerra ao Reino de Espanha. Trata-se, como é óbvio, de uma manifestação imaginária, que nunca chegou a acontecer e que serviu de exercício para a Ilustração Portuguesa, revista editada desde 1903, se impor como um dos periódicos portugueses que mais largamente utilizaram a fotografia. E, claro, a manipularam.
Nos primeiros anos do século XX o jornalismo começava a descobrir e a utilizar em média e larga escala os recursos fotográficos aplicados à tipografia. O seu uso não só conferia uma maior veracidade às reportagens, mas permitia divulgar muito rapidamente acontecimentos que por via da escrita ou do desenho demoravam muito mais tempo a expor. Mas ,como qualquer outro processo de impressão, desenho ou gravura, muito cedo a fotografia começou a ser manipulada, umas vezes apenas com sentido estético, como no caso das reproduções a preto e branco aguareladas, ou no caso da emergente foto-reportagem, com o intuito de veicular propaganda ideológica, através de montagens ou adulterações do cenário e das acções seus intervenientes.
Nesse sentido, o novo regime deitou mão deste valioso instrumento, como vimos já no caso do dia 5 de Outubro quando uma certa imprensa fez crer que o Largo do Município estava repleto de fervorosos republicanos para acolherem e dar vivas à República. Mas não só. As reportagens que se seguiram, relativamente a atentados, insurreições e revoltas, nomeadamente as incursões monárquicas que se sucederam entre 1911 e 1919 foram tratadas fotograficamente com vista a fazer passar uma mensagem. Mensagem favorável ao republicanos, obviamente.
Nesse sentido a Ilustração Portuguesa que, depois de 1910, se tornou um dos mais fervorosos órgãos pró-republicanos da comunicação social, tornou-se exímia escola da manipulação fotográfica.
Em ano de centenário, não basta evocar. É preciso conhecer, expôr, estudar. Para quando um estudo sério e profundo sobre esta questão?
Nota: a fotografia foi publicada em RELVAS, José – Memórias políticas, vol. 2. Lisboa: Terra Livre, 1978.
Nos primeiros anos do século XX o jornalismo começava a descobrir e a utilizar em média e larga escala os recursos fotográficos aplicados à tipografia. O seu uso não só conferia uma maior veracidade às reportagens, mas permitia divulgar muito rapidamente acontecimentos que por via da escrita ou do desenho demoravam muito mais tempo a expor. Mas ,como qualquer outro processo de impressão, desenho ou gravura, muito cedo a fotografia começou a ser manipulada, umas vezes apenas com sentido estético, como no caso das reproduções a preto e branco aguareladas, ou no caso da emergente foto-reportagem, com o intuito de veicular propaganda ideológica, através de montagens ou adulterações do cenário e das acções seus intervenientes.
Nesse sentido, o novo regime deitou mão deste valioso instrumento, como vimos já no caso do dia 5 de Outubro quando uma certa imprensa fez crer que o Largo do Município estava repleto de fervorosos republicanos para acolherem e dar vivas à República. Mas não só. As reportagens que se seguiram, relativamente a atentados, insurreições e revoltas, nomeadamente as incursões monárquicas que se sucederam entre 1911 e 1919 foram tratadas fotograficamente com vista a fazer passar uma mensagem. Mensagem favorável ao republicanos, obviamente.
Nesse sentido a Ilustração Portuguesa que, depois de 1910, se tornou um dos mais fervorosos órgãos pró-republicanos da comunicação social, tornou-se exímia escola da manipulação fotográfica.
Em ano de centenário, não basta evocar. É preciso conhecer, expôr, estudar. Para quando um estudo sério e profundo sobre esta questão?
Nota: a fotografia foi publicada em RELVAS, José – Memórias políticas, vol. 2. Lisboa: Terra Livre, 1978.
Sem comentários:
Enviar um comentário