quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A questão do atraso económico Português

Um dos erros frequentes na analise da evolução do nível de vida em Portugal, é considerar todo o período de 1852 até 1914 como um único e indissociável ciclo… fruto da recorrência a autores estrangeiros (a queda da monarquia portuguesa é um facto único na história da Europa do sec XIX ate á I grande guerra, dai ser desconsiderado na analise que estrangeiros fazem). O facto é que existe não um mas dois períodos: o da a monarquia constitucional e o da I republica, sendo que isso não permite que digamos que se em 1852 o PIB per capita a preços constante era de 109 escudos e em 1914 de 142 escudos, que a evolução foi fraca… Falso! Em 1896 esse valor foi de 169, em plena monarquia! Ou seja, mistura-se a ascensão económica do período monárquico com a queda estrutural da I republica para dizer que no período de D. Carlos e D. Manuel não houve qualquer evolução e que as pessoas viviam na mais absoluta pobreza, sendo que a Republica foi a salvação da pátria.
Entre meados do séc. XIX e o inicio da I grande guerra, a Europa conheceu um crescimento rápido da produção. O arranque desta nova estrutura económica começa em 1780-1800 na Inglaterra; 1820-1860 na França (idêntico a Portugal); 1870-1890 na Suécia; 1890-1917 na Rússia.
Se na Inglaterra demora-se 50 anos a atingir a maturidade económica, na França o mesmo tempo, na Suécia 30 anos, na Alemanha 40 anos, no Japão 40 anos, nos EUA 50 anos e para outros países como a Turquia, Argentina, México nunca a maturidade foi atingida e só agora a China e a Índia começam a dar tais sinais, 57 anos depois do “arranque”.
Podemo-nos questionar se efectivamente Portugal estava atrasado em 1900! De acordo com P. Bairoch ("europe´s Gross Natonal Product 1800-1975") um Português em 1860 tinha 77% da riqueza de um alemão, 93% da de um Dinamarquês (imagine-se!!!), 75% da de um Francês, 47 % da de um Inglês… em 1913 cada português tinha 76,4% da riqueza que tinha em 1910 (apenas 3 anos o rendimento cai 23 % !!!). Isso quer dizer que, muito provavelmente (faltam-me dados) em 1910 o rendimento de cada Português poderia ser equivalente ao dum francês, superior ao dum alemão e á dum dinamarquês. Dá vontade de sonhar onde poderíamos estar se não tivesse havido a I republica e toda a propaganda de instabilidade social desde 1890.
Bom; em 1913 cada Português tinha 37% do rendimento de um alemão, 34% da de um Dinamarquês 42% da de um Francês e 29 % da de um Inglês… Em 1975 34% de um alemão, 36% de um dinamarquês 32% da de um francês e 44% da de um Inglês.
Ou seja mais uma vez se prova que entre Portugal e a Europa continuam a faltar o 16 anos de instabilidade da I republica e os 10 anos de propaganda caluniosa irresponsável e homicida que viria a terminar no homicídio do Chefe de Estado e consequente dessensibilização de Portugal no meio internacional.

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Muito pertinente, já fiz o link para o Estado Sentido. É este, o tipo de conversa que as pessoas querem ouvir e que entendem!

Anónimo disse...

Pois é, para a plebe tem que ser já mastigado. O problema é que vão "entender" mal.

Dizer que o *PIB por português* é o mesmo que o *rendimento de um português* é mesmo desinformação.

Por estas e por outras é que já não se fala só de reis na disciplina de história.