domingo, 20 de junho de 2010

Congresso de Viseu - a mensagem do Prof. J. Adelino Maltês


Foi um momento inesquecivel, o da intervenção do Prof. José Adelino Maltez, ontem, no Congresso da Causa Real em Viseu. Em tudo e por tudo: pelas memórias pessoais que invocou, pela sua análise histórica, pela sua liberdade de pensamento, pelo futuro no qual frisou acreditar sempre.
Por quantos mitos foram sucessivamente caindo, enquanto falava e dizia claramente que a res publica é nossa, pertence à Monarquia em que Portugal nasceu, cresceu e decerto sobreviverá e recuperará dos seus males actuais.
O seu primeiro contacto com a realidade monárquica: o casual conhecimento desse velhinho simpático, conversador, humilde - afinal o Senhor D. Duarte Nuno, residindo em Coimbra, nos seus pacatos passeios na cidade.
J. Adelino Maltez defeniu-se como um tradicionalista - logo adverso ao reacionarismo; conservador - por oposição a revolucionário ou contra-revolucionário. Um homem livre e, só por isso, monárquico. Porque já nas apócrifas Cortes de Lamego se gritou: «nós somos livres e o nosso Rei é livre». Esse o brado que os portugueses deverão sempre trazer na sua alma.
Em traços breves mas precisos sublinhou os grandes mestres do pensamento monárquico e da oposição à II República - Almeida Braga (entre os integralistas), João Camossa, Ribeiro Teles, Henrique Barrilaro Ruas com quem tanto aprendeu. Homens depois copiados, mas silenciados, adaptados, logo adulterados. "Onde houvesse um movimento oposicionista ao estado Novo, estava sempre lá um monárquico".
Ao longo da sua intervenção, o enaltecimento dos momentos altos da afirmação da nossa identidade nacional: a Dinastia de Avis, o Príncipe Perfeito, 1640, a Constituição ou a Carta Constitucional, 1820 ou 1826, a Maria da Fonte, a Patuleia, o travão colocado ao "devorismo". E o repto: sobrevivamos a este regime, remodelemo-lo, "reelejamos o Rei".
Ficaria bem clara, a finalizar, o conselho - estudem. Estudemos.
Porque, evidentemente, só assim conheceremos o logro enorme com que a República insiste em vendar os olhos aos portugueses. Esse logro que não traz para as parangonas dos jornais o incómodo pensamento de José Adelino Maltez.

6 comentários:

João Amorim disse...

caro João Afonso

Estas suas palavras deixaram ainda mais chateado por não ter podido ir assistir ao congresso.

Aguardo outras usas descrições e novidades sobre o que lá se passou.

João Afonso Machado disse...

Caro João Amorim: perdi a 1ª resposta, espero que ela não apareça entretanto, a duplicar esta...
Destaco a intervenção do Doutor Nuno Gonçalves da Cunha, que declarou a sua recente adesão ao ideal monárquico, resultante da sua reflexão sobre o Portugal actual - desastroso - e as suas causas. Dá aulas em Lisboa e seguiu-se prolongado debate, sobretudo acerca da Guerra Colonial (causas e efeitos).
Depois a intervenção do João Távora e do Carlos Bobone, muito bem estruturada, sobre as perseguições republicanas e a falta de liberdade de imprensa. Nela ficaram bem claros todos os argumentos falaciosos utilizados para justificar a censura, o assalto aos jornais, etc.
Um dos mais comuns - e só para dar a medida... - a destruição de um jornal tinha por explicação «pertencer» aos jesuitas.
Nesta última intervenção já não houve debates, tal a demora dos anteriros. El-Rei estava a chegar a Viseu, entretanto, e as muitas dezenas de congressistas iam esperá-lo ao Centro, a pé, para depois se dirigirem à Câmara Municipa, onde o Presidente F. Ruas O convidara para uma recepção.
Vou ver a repercussão do Congresso na Imprensa viseense.

Filipa V. Jardim disse...

João Afonso,

esqueceu-se, por modéstia, das suas próprias intervenções.Concisas e incisivas.
Bem, esteve também Paulo Teixeira Pinto, num apelo à mobilização dos monárquicos.
Ora reparem...este mesmo Centenário da República, tem sido comentado, não sei se em maioria, mas com presença assídua e bastante participada por repúblicanos e, por pessoas, que se podem definir, pelo menos como "não dogmáticas" em relação ao assunto Monarquia/República, se bem que manifestando interesse em ir acompanhando o que por aqui se diz e se debate.

Anónimo disse...

Caro João Afonso Machado
A interversão de João Távora e Carlos Bobone não foi a última, foi a minha a última. Talvez se tenha ausentado da sala para tomar um café ou reforçar o estômago, o que disse lá era preciso ser dito há muito tempo.

Já agora e se não ouviu a minha interversão, ao contrário da esmagadora maioria que estava no Teatro deixo aqui o endereço.

ler aqui : http://causamonarquica.wordpress.com/2010/06/19/congresso-da-causal-real-em-viseu-discurso-de-rui-monteiro/

o resto ... é História

João Afonso Machado disse...

Caro Rui Monteiro:
Efectivamente, não houvi a sua intervenção. Tinha um compromisso no Porto e já só consegui ouvir o João Távora e C. Bobone, pensando até (como referi acima) que dali partiriam de imediato a esperar o Senhor D. Duarte.
Mas vejo também que a sua comunicação está reproduzida em pos supra. Ainda bem.
Peço-lhe desculpe a minha imprecisão.

O Faroleiro disse...

Ouvir o Professor Adelino Maltez é realmente um prazer, já naquele debate que fizeram com a Fátima Campos no prós e contras foi um animador interessantíssimo com aquela história dele da "monarquia republicana".

Tive pena de não ter ido lá ao vosso congresso, quem sabe numa próxima.