sexta-feira, 25 de junho de 2010

Edis e historiadores de hoje


Vem esta prosa a propósito do Prof. Amadeu Carvalho Homem, de quem tenho ouvido, últimamente, desfavoráveis comentários de proselitismo, de excesso de zelo na defesa do regime republicano e no menos apurado sentido analítico dos factos históricos. Confesso que ainda não li, ou ouvi, nada do Prof. Carvalho Homem que me consinta formular opinião própria. No entanto, aqui deixo este episódio que bem dará a medida da minha admiração face ao exposto.
A Câmara Municipal de V. N. de Famalicão vem, de longa data, manifestando a sua preocupação em fazer o levantamento histórico do concelho, o que inclui, obviamente, o devido destaque aos seus conterrâneos mais ilustres.
Assim tem procedido, sem olhar a cores e credos políticos. Do lado repúblicano, aí temos o inefável Bernardino, o Dr. Rui Simões, ministro na 1ª República, desaparecido já após o 25 de Abril... Do lado que interessa, Camilo, Alberto Sampaio... e o Secretário do Rei D. Carlos, o Conde de Arnoso. Que a Câmara devidamente homenageou.
Foi num mandato do Dr. Agostinho Fernandes, durante décadas o Presidente pelo Partido Socialista. Homem por quem mantenho a maior estima, a qual, creio, é retribuida. E a cerimónia constou da inauguração de um busto e da publicação de uma biografia intitulada «O Primeiro Conde de Arnoso e o seu Tempo», cuja elaboração foi confiada ao Prof. Carvalho Homem.
Possuo um exemplar, aliás enriquecido por muito amável dedicatória do Autor.
E acrescentarei somente que este soube interpretar magnificamente o espírito e a acção do Conde de Arnoso. O´mais fiel servidor de El-Rei, o sempre inconformado opositor ao silêncio que se quis fazer no seu assassinato. Sobre Arnoso, escreveu, então, o Prof. Carvalho Homem, a finalizar aquele seu trabalho:
«Deve-se a Ramalho Ortigão a melhor síntese do seu arcaboiço espiritual e a mais conseguida caracterização do seu legado moral. Os seus amigos, mesmo os mais próximos, sabiam que os seus juizos se produziam à margem da consideração de todas as suas afeições particulares. Assim, as lapidares palavras com que defeniu Arnoso, na dedicatória das Últimas Farpas, trazem o selo da isenção (...)».
De modo que um dia destes, pego nas pernas e vou ouvir o Professor numa qualquer palestra comemorativa do Centenário. Levando comigo a excelente biografia que escreveu em 1998 para a Câmara de Famalicão.

5 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Compreendo. Há uns meses, "folheando"o blog Almanaque republicano, dei de caras com a clara sugestão de Camilo ter sido... "muito cá da casa", como eles diziam, republicano! Talvez nunca tenham lido coisa alguma que o homem tenha escrito acerca do "partido" e dos seus chefes. Em homenagem a um deles, até deu o nome de Teófilo ao jumento que oferecera ao filho Jorge CB.

João Afonso Machado disse...

Seja bem vindo, Nuno.
Tem toda a razão. Aliás, Camilo, muito à sua maneira, por ter sido insultado por Teófilo, nem esteve para se incomodar - baptizou o jumento e deixou o Teófilo na História

Francisco RB disse...

Ora, imagino a que animal chamaria Bernardino!!!

João Afonso Machado disse...

Caro Francisco:
nas feiras de antigamente havia uns homens que tocavam realejo e tinham uns macaquitos pequenos, peludos treinados para andar ali com um recipiente para as moedas dos espectadores. Devia ser por aí...

Combustões disse...

ahahahahahahaha!