Hoje, 10 de Junho. Entrei na loja e pedi a bandeira. A portuguesa, claro. Respondeu-me tristonho que tivera em tempos uma, lindíssima, toda bordada "a ouro". Pertencera a um senhor de Viatodos que a hasteou no torreão de sua casa, assim a Monarquia foi restaurada. Sim - frisou - porque a Monarquia voltou por umas semanas. Mas depois, com a vitória dos republicanos, esse Senhor foi denunciado e preso. E a criada, com medo que "ele fizesse asneiras", escondeu-lhe a bandeira. Se se dava o caso do patrão perguntar - "Não sei, Sr. Dr., a bandeira há-de estar guardada por aí em algum armário".
O Senhor de Viatodos morreu entretanto, claro. E nomeou sua herdeira a dita criada. A qual, por sua vez, faria oferta da bandeira ao meu interlocutor, o dono da loja. Hoje, dia 10 de Junho. "E depois veio cá um senhor, um amigo, ali de Areias de Vilar, e viu a bandeira. Gostou tanto que logo perguntou quanto queria por ela". Apenas o trabalho de a dobrar e levar...
Tudo leva a crer que a bandeira de Portugal, lindíssima, toda bordada "a ouro" ainda agora permanece no concelho de Barcelos. Hei-de ir a Areias de Vilar prestar-lhe as minhas homenagens. As adequadas aos dias 10 de Junho.
11 comentários:
Caro J.A.M.
Deixo-lhe aqui uma proposta de compromisso que vi em http://pedra-no-chinelo.blogspot.com, e de que sinceramente gostei.
Caro Jerónimo Eleutério:
Pensei que tivesse morrido... Seja bem vindo.
O texto do C. Bobone parece-me correctíssimo. Não tenho qualquer problema em dizer que Arriaga me é bastante simpático. P. Castro e Sidónio também. Antº J. Almeida, dentro dos limites. Canto e Castro, viveu um drama, mas até era monárquico. Enfim, isto para lhe dizer que há bons e maus em todos os lados.
Donde: pessoalmente o que mais interessa é que em nome de um interesse politico qualquer se aldrabe a História. E se minta sobre pessoas e factos que não merecem a mentira. O meu empenho é denunciar essas mentiras.
O que é que sobra?
A opção de cada um acerca do melhor regime. O sistema dinástico, quanto a mim, é o mais vantajoso. Do que sei de si, prefere o eleitoral.
Mas nada está nas suas ou nas minhas mãos. Esta na escolha dos portugueses. Eles que a façam ou não façam (que é um modo de escolher, também)
No mais: presos políticos, já não estamos em tempo disso. Nem é pelo lado politico da democracia; é pelo lado humano da educação.
Antº J. Almeida, efectivamente, não tinha os instintos persecutórios de muitos outros.
Viva
Estava a falar de bandeiras :-)
Mas o resto (do texto do CB) tb é verdade. Infelizmente a existência de presos políticos já vinha de trás e só piorou (muito).
Agradeço o seu cumprimento inicial.
Mas às vezes não há tempo para a vida dupla (de Jerónimo).
Caro J.E.
Voltei ao seu link e só lá vi 2 bandeiras: a que foi hasteada no cimo do Parque Eduardo VII, as armas com a esfera armilar - e, também, o emblema do Benfica.
Por exclusão de partes:
Benfica jamé.
A bandeira é, para mim, aquela e só aquela. Por razões históricas e estéticas.
Em minha opinião, os republicanos de bom gosto deviam abrir petição para a azul-branca, ainda que, para eles, sem coroa, claro.
Mas V. concordará comigo: olhe para Selecção Nacional - aquilo não parece um bando de araras a esvoaçar por ali? E de tal modo que a vida lhes corre sempre desastradamente, como às congeneres africanas que nunca vão além dos quartos-final...
P. S.
Só agora reparei que Serafim Lampião deu lugar à inspiração de Guerra Junqueiro!
E por falar na temida «nebulosa conspiração monárquica», deixe-me contar-lhe de um texto que escrevi e perdi, porque a revista onde o entreguei para ser publicado faliu entretanto...
Lampião não estava lá para fazer o seguro. Só chegou com o Caso Tornesol. E o texto era precisamente sobre o Ceptro de Otokar e o monarquismo de Hergé (ou não fosse ele belga).
Adensa-se a nebulosa conspirativa, meu caro.
Se fosse o Afonso Costa o enforcado, o galo não cantava ma mesa do juiz.
M. Figueira
Caro amigo JAM, a bandeira azul e branca, e já agora com um dragão não é?!
Por mim a bandeira da monarquia deve ser a verde-rubra, com uma coroa.
Ou então uma que vi hoje hasteada quando passei ao pé de um tribunal toda rota e rasgada, deve ser um juiz monárquico!
Caro Francisco:
Uma bandeira azul sem escudo real e coroa - então prefiro com o galo de Barcelos.
E seria consensual... O galo também faz parte da simbologia francesa. O passo seguinte consistiria nas cores: os franceses conciliam o azul e o vermelho. Excluem o verde que calha muito mal nesta combinação.
Enfim, podemos estar a dar os primeiros passos para a conciliação do Mundo, sob a égide da Coroa Real.
Mas por amor de Deus não me fale em juizes. Apanhei uma na 4ª feira que era pior e mais venenosa do que a Hidra e a Medusa juntas.
Carissimos,
Estou absolutamente extasiada/abismada com o sentido estético destes cavalheiros.
No caso do João Afonso, percebe-se: Barcelos, a feira, o calor, a agitação do passeio. Sobretudo e todos, a "omnipresença férrea e indomável" do galinácio multicolorido, debaixo do sol...
podem continuar. O espectro cromático é vasto.
Filipa:
Estou a falar verdade: o galo de Barcelos faz muito mais sentido do que a esfera armilar. Em qualquer loja de souvenirs dos aeroportos, não vejo esferas armilares - vejo galos de Barcelos.
Por outro lado, o galo de Barcelos é um cavalheiro, ao pé do «Zé Povinho» do Columbano. Muito menos grosseiro e mais arguto.
Depois, de tão colorido, era o fim absoluto das polémicas sobre a côr da bandeira.
Bom já vi que isto andou animado.
O Jerónimo já veste de azul, mas sem coroa como deve ser, e para dar a minha chancada concordo com a bandeira azul e branca do Jerónimo, é a nossa; e as cores já vêm do tempo das armas dos Borgonhas, a mim nunca me agradou a bandeira maçónica a representar Portugal, acho que aí estamos todos de acordo.
Mas quando a conversa chega ao meu querido FCP há que respeitar uma heráldica muito rica, temos lá as armas da cidade de D Maria, e o coração do pai D Pedro metido no meio do emblema, uma representação do verdadeiro guardado por todos os Portuenses na igreja da Lapa numa pequena urna de prata.
Está lá também a Torre e Espada e o dragão verde dos Suevos, povo que sob a égide dos Romanos colonizou estas terras e que as cristianizou.
Por fim lá temos a inscrição, INVICTA, herdada das guerras liberais onde o povo tripeiro resistiu com coragem às investidas do tirano Miguel I e ao seu séquito absolutista lá no alto do que resta da muralha Fernandina.
Muita da nossa história está contada nesse símbolo, é uma imagem de marca da grandeza do clube e da cidade, e já agora uma justa homenagem ao seu grande Rei (ainda que por uns dias ) D Pedro IV.
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