Vasco Pulido Valente, Público
domingo, 6 de junho de 2010
República: "Um "estado de coisas" em que se matavam cidadãos pelas ruas na maior das impunidades"
Ainda sobre este artigo: (...) Convém começar por dizer que nenhum dos críticos que apareceram neste jornal é especialista da I República e que alguns nem sequer nunca foram historiadores. Pela simples razão de que a mais vaga familiaridade com a ditadura do Partido Democrático de Afonso Costa e de António Maria da Silva e com a guerra civil endémica que o "5 de Outubro" (e não o "28 de Maio" ou Salazar) inaugurou em Portugal lhes mostraria que a I República não precisa que a "diabolizem". Um "estado de coisas" (porque não se pode chamar ao que então existia um verdadeiro regime) em que se matavam cidadãos pelas ruas na maior e mais santa impunidade (incluindo um primeiro-ministro) e em que grupos terroristas muitas vezes mandavam de facto no Governo não se recomenda por si próprio ao mais faccioso campeão da igualdade e do "progresso". Quanto a Salazar, é bom não esquecer o caos de onde saiu e a espécie de Europa em que viveu. A questão puramente nominalista de arrumar ou não o Estado Novo na prateleira do "fascismo" (com que tantas cabeças se consumiram) não leva a nada. Como não leva a nada contabilizar as vítimas (bastava uma) ou fingir que se mede o grau de repressão (dura, branda, dura e depois branda, e por aí fora). O essencial é tratar o Estado Novo como resultado da situação externa e interna portuguesa e não como um epifenómeno do que sucedeu em Itália, na Alemanha e, mais tarde, em Espanha. E isso Rui Ramos conseguiu - com equilíbrio e penetração. Quem não gosta que escreva uma História de Portugal como ele escreveu. Se for capaz.»
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3 comentários:
Definitivamente vou comprar o livro.
A história é circular, não me canso de dizer isso, se apareceu Salazar é porque chegava a hora dele, o mesmo aconteceu com a república e com o 25 de Abril mais tarde.
Nada acontece ao acaso e ninguém chega a líder contra a vontade de um povo, o mesmo até pode mudar de opinião mas todos os "ditadores" chegam ao poder em tempos onde encontram um espaço para existirem.
Caro Bicho,
Anda vou no começo, mas vale a pena.
Claro que sendo num único volume, não é uma história exaustiva, de detalhe, mas sim uma visão mais global dos factos, chamando os episódios relavantes à cena, sempre que necessário. Parece-me que isso é uma das facetas interessantes deste tipo de Histórias.
Permite também, uma leitura mais seguida, sem ser em 6 o 7 tomos gigantes.
Cara Filipa.
Só agora vi o comentário.
Já tinha lido sobre esse livro num site qualquer uma referência ao facto de ser uma visão diferente dos factos.
Eu que até sou um dos poucos "diferentes" que por aqui anda obviamente que o compro, até por uma questão de solidariedade com o autor ;).
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