segunda-feira, 8 de março de 2010

Afonso Costa e o exílio do Bispo do Porto, D. António Barroso

Afonso Costa enviou ordem ao Bispo para que se apresente em Lisboa. (...). Aí os carbonários, braço popular da maçonaria, bem industriados, esperavam-no na estação do Rossio. Para uma recepção de ultraje, Afonso Costa mandou o seu chefe de repartição, Germano Martins, esperar o bispo à estação de Campolide. O Bispo do Porto é conduzido de automóvel pelo centro da cidade (...). Os grupos da estação do Rossio precipitaram-se sobre o carro à pedrada e cacetada (...). D. António manteve atitude plenamente pacífica diante da agitação da turba jacobina, incentivada para o desacato (...)
Quando chegaram, o ministro não se encontrava em casa (...). Iniciou-se o interrogatório (...)até alta noite. O bispo é acusado dos seguintes crimes: Ter urgido aos párocos a leitura da pastoral colectiva; ter assinado e feito distribuir, sem o beneplácito do Estado, a pastoral colectiva; ter desobedecido às ordens telegráfucas do ministro da justiça, e ter pretendido insinuar a subordinação às determinações do poder civil, para mais à vontade as fazer infringir fora do Porto". Não obstante as explicações calmas e justas de D. António Barroso (...) a sentença de desterro já espreitava da gaveta, porque tem a data do dia do interrogatório, 7 de Março de 1911, e vem assinada por todos os membros do Governo provisório.

in Amadeu Gomes de Araujo e Carlos A. ;oreira Azevedo - 2Réu da República o Missionári António Barroso, Bispo do Porto", ed. Aletheia Editores, 2009, pág. 255, ss

1 comentário:

Ega disse...

Ega:

«Para viver aqui [em Portugal]são necessárias duas condições: não ter medo de morrer; viver fora de Lisboa:parece que custa muito, muitas náuseas, ver a república e os republicano de Lisboa. Sofrer de os ver é uma coisa, ter medo deles é outra. Medo fisico, já se entende. Pois que de resto, agora com o Afonso Costa na Fazenda, é de ter medo e muito medo. Medo de que ele faça à propriedade o que fez à religião. Veremos».

Carta (9.1.1912 do 2º Visconde de Pindela ao poeta António Feijó.

(in João Afonso Machado, «Minhotos, Diplomatas e Amigos - A Correspondência (1886-1916) entre o 2º Visconde de Pindela e António Feijó», ed. DG Edições, 2007.