Afonso Costa enviou ordem ao Bispo para que se apresente em Lisboa. (...). Aí os carbonários, braço popular da maçonaria, bem industriados, esperavam-no na estação do Rossio. Para uma recepção de ultraje, Afonso Costa mandou o seu chefe de repartição, Germano Martins, esperar o bispo à estação de Campolide. O Bispo do Porto é conduzido de automóvel pelo centro da cidade (...). Os grupos da estação do Rossio precipitaram-se sobre o carro à pedrada e cacetada (...). D. António manteve atitude plenamente pacífica diante da agitação da turba jacobina, incentivada para o desacato (...)
Quando chegaram, o ministro não se encontrava em casa (...). Iniciou-se o interrogatório (...)até alta noite. O bispo é acusado dos seguintes crimes: Ter urgido aos párocos a leitura da pastoral colectiva; ter assinado e feito distribuir, sem o beneplácito do Estado, a pastoral colectiva; ter desobedecido às ordens telegráfucas do ministro da justiça, e ter pretendido insinuar a subordinação às determinações do poder civil, para mais à vontade as fazer infringir fora do Porto". Não obstante as explicações calmas e justas de D. António Barroso (...) a sentença de desterro já espreitava da gaveta, porque tem a data do dia do interrogatório, 7 de Março de 1911, e vem assinada por todos os membros do Governo provisório.
in Amadeu Gomes de Araujo e Carlos A. ;oreira Azevedo - 2Réu da República o Missionári António Barroso, Bispo do Porto", ed. Aletheia Editores, 2009, pág. 255, ss
1 comentário:
Ega:
«Para viver aqui [em Portugal]são necessárias duas condições: não ter medo de morrer; viver fora de Lisboa:parece que custa muito, muitas náuseas, ver a república e os republicano de Lisboa. Sofrer de os ver é uma coisa, ter medo deles é outra. Medo fisico, já se entende. Pois que de resto, agora com o Afonso Costa na Fazenda, é de ter medo e muito medo. Medo de que ele faça à propriedade o que fez à religião. Veremos».
Carta (9.1.1912 do 2º Visconde de Pindela ao poeta António Feijó.
(in João Afonso Machado, «Minhotos, Diplomatas e Amigos - A Correspondência (1886-1916) entre o 2º Visconde de Pindela e António Feijó», ed. DG Edições, 2007.
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