domingo, 14 de março de 2010

Porto, 19 de Janeiro de 1919

«A cidade aceitou o facto consumado, não houve perturbações da ordem, não se registou qualquer protesto violento ou sem violência, os espectáculos realizaram-se, o povo divertiu-se, as tropas marcharam em várias evoluções pelas ruas, bandeira azul e branca desfraldada ao vento, e as bandas marciais entoaram o hino da Carta. Numa palavra: manteve-se a normalidade. E se os republicanos aceitaram o facto consumado, entendendo que naquele momento nada podiam fazer, como o não haviam de aceitar monárquicos confessos?»

(palavras do advogado republicano portuense Dr. Álvaro de Vasconcelos, durante o julgamento dos membros da Junta Governativa do Reino, em Abril de 1920).

6 comentários:

El-Rei disse...

Viva El-Rei!

Filipa V. Jardim disse...

João Afonso Machado,

Sendo Républicano, o Dr. Álvaro de Vasconcelos achou bem que se desfraldasse a bandeira azul e branca e se entoasse a Carta?
Seria ele "completamente" repúblicano?
Não conheço o episódio em questão. Mas,talvez nos remeta para o campo do que é possível e não é possível mudar abruptamente.

Hoje, reparei numa curiosidade: em Lisboa o Terreiro do Paço, que se tentou mudar para Praça do Comércio com o sucesso mais do que relativo...está designado na estação de metro correspondente, pelo Metropolitano de Lisboa,da forma como todos os lisboetas o conhecem: como Terreiro do Paço.
Cem anos de republica não tiveram a força de mudar o nome.



Filipa V. Jardim

João Afonso Machado disse...

Minha Senhora:
A transcrição que comenta reporta-se à Monarquia do Norte, implantada no Minho e Trás-os-Montes sem disparar um único tiro. Apenas em Vila Real, Mirandela e Chaves houve oposição das forças republicanas.
Daí a serenidade deste advogado, assumida e publicamente pró-República.
No entanto, sendo pessoa íntegra, aceitou defender monárquicos, quando da retoma repúblicana do Poder, no Tribunal constituído para o efeito.
Tal como Guerra Junqueiro foi testemunha abonatória de alguns chefes monárquicos, nesse mesmo julgamento.
Mas, quanto a isso, lá iremos brevemente.
A nota importante, que o causídico também quis realçar, é que na restauração da Monarquia no Porto não hoube violência. A população aderiu espontaneamente e isso consta, com clareza, de periódicos da época e da literatura disponível.

Quanto ao Terreiro do Paço/Praça do Comércio:
T. do Paço, porque ali se situava o Paço Real, até ao terramoto de 1755 (creio).
P. do Comércio porque também foi um local previlegiado da mercancia lisboeta (há docs. antigos que dão relevo à importância de comerciantes ali localizados, com a devida licença)
Na terminologia corrente, parece que os lisboetas dão mais enfase à situação do Paço Real do que, históricamente, à importância daquela praça como sitio de comércio. A acreditar nos dísticos de electricos, autocarros e metro...
Os meus cumprimentos

Nuno Castelo-Branco disse...

O tipo de drogas que hoje são vendidas, obedecem a um "comércio" bastante distinto daqueles a que o terreiro se habituou durante séculos. Talvez daí venha a insistência dos reps em chamar-lhe comércio, até porque muitos deles poderão beneficiar com proventos.

Anónimo disse...

Senhor Nuno Castelo Branco,

Vou fazer a experiência,da próxima vez que apanhar um táxi para a zona de S. Bento de mencionar as Cortes.
Como sabe, o jardim contíguo ao palácio, é conhecido pelo jardim das cortes. Não sei se tem outro nome, se tem eu não o conheço.


Filipa. V. Jardim

Anónimo disse...

Sr. Afonso Machado, sempre considerei a questão da Monarquia do Norte um pouco complexa tive pessoas de família a lutar de ambos os lados da barricada. Quando as forças monárquicas chegaram à zona de Aveiro já existiram alguns confrontos, em Coimbra surgiram os famosos batalhões académicos.
Mas de facto a República foi mais vingativa que a Monarquia do Norte, não podemos esquecer os processos movidos em Coimbra e noutras cidades contra os monárquicos ou alegados monárquicos, sem provas e com decisãod e condenação pré-decidida, sem que aa própria Relação do Porto tivesse colocado grande oposição a tais deturpações processuais.