domingo, 21 de março de 2010

DO BISPO DO PORTO, D. MANUEL CLEMENTE

«Na viragem do século a polémica anticlerical agudizou-se quer no meio socialista, quer no meio republicano; confundia-se o Clericalismo e mesmo o Catolicismo com a Monarquia. (...)É neste contexto que Sampaio Bruno publica em 1907 A Questão Religiosa, escrito fundamental do anticlericalismo português.
(...) Para Bruno, a influência do clero na sociedade vem da sua influência na mulher, através do confessionário. É aí que se deve atacar:
"(...) O que dá força ao clero católico não é o dogma: é a confissão auricular". (...)».


(in «Portugal e os Portugueses», Assírio & Alvim, 2008, pág. 30).

5 comentários:

João Afonso Machado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ega disse...

EXCERTOS DE "MEMÓRIAS DE UM ÁTOMO":


Quando entrou na cabine reinava ainda o silêncio e a solidão. Foi acomodar-se junto do postigo que lhe estava destinado e preparou-se devidamente.
Uma voz surgiu no microfone, carregada de instruções. Outros vinham chegando. Estava tudo para muito breve.
Os ouvidos enchiam-se-lhe agora de palavras amenas e convidativas e sentiu o inicio do movimento, como uma vida que se ergue. Deitou os olhos ao postigo: a ponte, o mistério das águas, insondável mistério...
E uma primeira paragem. O homem trabalha, Deus manda, arrecadai o produto da colheita, farta seja ela...
Mas o mundo não pára. E a vida suja-se nos pântanos, chega-lhe perto o infernal cheiro sulfuroso, a fuga é um alívio até a um próximo momento de pausa e beleza: é a criação em paineis de azulejo, o amor ao próximo que continua a percorrer a cabine, vinde a mim, vinde, vinde, ouve bem claro.
São amplas as vinhas. E os mistérios escondem-se nos choupais, de onde só odem emergir o trinado dos rouxinois e as falas dos profetas.
Também o estudo e o saber são exigiveis ao Homem.
Longa travessia sem mais paragens. As serranias elevam-se a tocar o céu, férteis pradarias lhe sucedem, a vida não olha para trás como também não aqueles rebanhos, o gado do homem rico. E por fim o grande lago, as barcas e as rede lançadas ao peixe.
A voz surge novamente, avisando o fim da jornada. Nada há que dure eternamente. Cuidai-vos! - que o último degrau é sempre o mais perigoso.
Sente a fúria dos carris amainar. Serenamente retira o auricular e elogia em pensamento o excelente programa da Rádio Renascença. O Alfa Pendular imobiliza-se, enfim.
A senhora compõe a saia, dá um jeito na blusa. Graças a Deus chegara bem a Santa Apolónia.

Francisco RB disse...

Caro amigo,
De facto há uma questão interessante, na religião Católica sempre foram as mulheres a prestar especial devoção, talvez até porque, ao contrário do que muitas vozes ditas ajuizadas, esta é uma religião em que a mulher ocupa um papel especial, graças à Virgem Santa Maria, euqnato Co-Redentora da Humanidade e sua Protectora.

João Afonso Machado disse...

Tem toda a razão, caro Francisco.
Mas agora veja a extraordinária opinião de Sampaio Bruno no livro acima citado: OS PADRES DEVIAM OBRIGATÓRIAMENTE CASAR!!! Sabe porquê? Porque temendo que eles relatassem às respectivas mulheres os pecados das senhoras que a eles se dirigiam para se confessarem, estas últimas evitariam o confessionário. E assim cessva a tal maléfica infuência dos padres na sociedade através da confissão das mulheres!
Concordará que teorizar assim não é para qualquer um.

Filipa V. Jardim disse...

João Afonso,

Muito boas as memórias de um atómo.
Quanto aos padres dizerem tudo às mulheres, na caso de as terem, reta alguma dúvida?