sábado, 27 de março de 2010

A REPÚBLICA E O BISPO DO PORTO, D. ANTÓNIO FERREIRA GOMES

«É nesse ano de 49 que se abre, pela primeira vez no regime do Estado Novo, uma campanha para eleições à Presidência da República. Foi candidato pela União Nacional o general Óscar Fragoso Carmona, então chefe de Estado, concorrendo pela Oposição o general Norton de Matos, militar prestigiado e com uma notável folha de serviços em África. D. António Ferreira Gomes lembra aos seus diocesanos a "estrita obrigação, para quantos têm esse direito, homens e mulheres, de tomarem parte nas eleições", acentuando que "se bastante esperança podemos ter nas democracias inglesa e americana é porque elas têm uma definida metafísica cristã" (...) em Portugal, a Oposição (..) "ao solidarizar-se efectiva e e confessadamente com o seu passado, não compreenderá que é a grande ou mesmo a única responsável pelo recuo do ideal democrático". D. António Ferreira Gomes revivia ainda nas suas recordações de jovem a turbulência da 1ª República e a hostilidade que nesse período a Igreja sofreu».
in Pacheco de Andrade, «O Bispo Controverso - D. António Ferreira Gomes - Percurso de um Homem Livre», ed. Multinova, pág. 24

7 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Mas... afinal havia república, ? Não me digam que entre 1926 e 1974, existiu algum presidente da república? ! Verdade? Incrível... ehehehe

Francisco RB disse...

Caro Nuno, acha mesmo República o que é isso, não a República foi só depois do triunfo da classe operária contra exploração social dos patrões, ou o que raio foi o 25de Abril...
Art. 5º Constituição de 11 de Abril de 1933 - "O Estado português é uma república unitária e corporativa, baseada na igualdade dos cidadãos perante a lei, no livre acesso de todas as classes aos benefícios da civilização e a interferência de todos os elementos estruturais da Nação na vida administrativa e na feitura das leis."
Querem ver que era mesmo uma república!!!

Nuno Castelo-Branco disse...

Mas... o dr. Mário Soares diz que vivemos na 2ª república... E eu que sempre pensei que o Tomás, o Craveiro, (burro que nem uma porta), o carmona (uma espécie de Pétain) tinham sido presidentes? Segundo esta gente do "Centenário", não foram. O pior são os "rabos de palha" que deixaram por todo o lado, desde a Constituição, à bandeirola de 1910, etc. Uma maçada.

João Afonso Machado disse...

O que o Dr. Mário Soares diz... coitado, não podemos esquecer a sua idade. É que ele nasceu na 1ª República, viveu o seu exílio dourado na II e chegou a Presidente na III. Claro, o tal exílio fê-lo esquecer o que se passava por cá.
O João Soares também se desculpa: aprendeu no Colégio Moderno e depois foi aquele trambolhão no helicóptero.

Francisco RB disse...

Caro Nuno, que o Estado Novo era uma República ou pelo menos um regime republicano não há dúvida, historicamente há quem defenda a ideia que houve II Repúblicas apenas, tal como o Regime de Vichy não foi república, ou seja, há um hiato entre a I e a II, mas também há quem utilizae o critério de cada regime republicano ser uma república, acho que é mais uma questão jurídica que histórica, mas os juristas aqui do centenário que expliquem, que eu sou de história!
O meu avó foi juiz (de queme ra a Const. que utilizei) no Estado Novo e aluno do salazar sempre defendeu que eles é que eram o verdadeiro regime republicano, não o do afonso costa, nem este comunista, é sempre um problema de ver de que se lado está da barricada.
Quanto ao Soares ele é velho, não ligue, ele não percebe muito da coisa, leia o prof. José Hermanod e saraiva que ele explica essa questão.

Filipa V. Jardim disse...

João Afonso,

Importante relembrar esta voz contestatária relativa à guerra colonial e à segunda república.

João Afonso Machado disse...

Filipa:
A voz de D. António Ferreira Gomes foi sempre - crescentemente - discordante em relação à II República, dita Estado Novo.

A contestação do Bispo do Porto atingiu o auge com a célebre carta que dirigiu a Salazar, na sequência das eleições presidenciais de 1958. Tra-se de um documento muito longo, alegadamente preparatório de um encontro entre os dois. O Bispo, em síntese, preocupava-se e queria saber quais os obstáculos que poderiam ser colocados a uma participaçao activa dos católicos na vida politica do País, que se queria democrática.
Salazar respondeu... no post seguinte.