terça-feira, 6 de abril de 2010

AFONSO COSTA, O «RACHA-SINDICALISTAS»

«O republicanismo sempre foi uma realidade minoritária, pequeno-burguesa, essencialmente urbana, portanto geográfica e sociológicamente localizada, não se estranhando por isso que o seu poder fosse por vezes mais passivamente consentido que activamente apoiado (...). Entalado à direita pela ameaça da contra-revolução, à esquerda pela ameaça da revolução social, o republicanismo viu-se condenado a continuar a tendência para a crispação do poder (...). O hegemónico Partido Democrático de Afonso Costa iniciou assim uma verdadeira política de "terra queimada". À direita, procurando desacreditar as facções republicanas Unionista e Evolucionista e reprimir qualquer sinal de conspiração monárquico-clerical (...). À esquerda, respondendo com um crescendo de hostilidade às reivindicações operárias, o que muito azedou as relações entre o sector do trabalho e o poder democrático de Afonso Costa, significativamente cognomizado de "racha-sindicalistas"».

in José Miguel Sardica, «A Dupla Face do Franquismo na Crise da Monarquia Portuguesa», Edições Cosmos, 1994, pág. 101.

7 comentários:

Anónimo disse...

Racha-sindicalistas?
Vou já contar ao meu caro Carvalho da Silva.

M. Figueira

Filipa V. Jardim disse...

João Afonso;

Isto hoje, "terra queimada", "reivindicações operárias","racha sindicalistas" não tarda nada ainda aparece por aí o Lech Walesa...
Leio os seus textos e penso muitas vezes,em como a História se vai repetindo por aqui e por ali e como se vão cometendo os mesmos erros.
Gostei do texto e do título :)

Nuno Castelo-Branco disse...

João, faça-lhes o favor de enviar o post para a Comissão Oficial e deixar uns copy-paste nos blogs da propaganda do costume. Não se preocupe, porque eles não publicarão. Têm o péssimo hábito da censura, uma coisa que vem de longe.

João Afonso Machado disse...

Filipa:
Muito isentamente, houve republicanos bons e republicanos maus. Os bons, ou voltaram ao monarquismo, ou ficaram na sua vida privada, envergonhadíssimos, ou foram (muitos) assassinados pela própria República.
Os republicanos maus foram estes personagens que eu trago para aqui e que consumaram a República, obra sua e desastre nacional.
A. Costa foi simplesmente um bandido. Repare que até o Antº José de Almeida mereceu estátua maior, em Lisboa. Era muito menos mau.

João Afonso Machado disse...

Nuno: segui o seu conselho e mandei para o Almanaque da República. Está num post em que comentam uma conferencia do J. Adelino Maltez sobre a carbonária. Claro que este chegou lá e afirmou-se logo monárquico.
Já lá pús 2 comentários: um sobre o menino Xavier que andava todo contente por os «fidalgos» já não caçarem; outro sobre o monarquismo do Maltez. A Censura funciomou com a máxima eficácia.

Nuno Castelo-Branco disse...

Caro João, é A Corja no seu melhor. Chamo-lhes agora o "Esquema". Soa bem e acerta em cheio.

Filipa V. Jardim disse...

João Afonso;

Absolutamente rendida à sua deliciosa explicação gradativa dos maus:Os maus muito maus e os maus menos maus.Só faltaram os maus assim,assim:)

Eu sei o que quer dizer: Entre os repúblicanos também há pessoas correctas,obviamente.E mesmo em alturas complicadas,as pessoas correctas de ambos os lados sempre conviveram decentemente.Exemplo disso a história da bandeira arreada da camara Municipal, mandada guardar por um monárquico a um amigo repúblicano. Entregue de novo, cem anos volvidos, a outro monárquico.
E o exemplo do Senhor Dom Duarte que, tanto quanto é público,se dá com toda a gente, independentemente de serem monárquicos ou repúblicanos.
E,os muitos, para quem esta questão ainda se está a por. Por esses sobretudo, é importante a existencia de espaços como este e de pessoas informadas que se empenhem, de facto, em falar sobre esta questão.