sábado, 17 de abril de 2010

Monarquia bate República em duelo - JN de 17-4-2010 por Fátima Mariano

Afonso Costa não era homem para deixar passar em branco uma ofensa à sua honra e, apesar de ser proibido pelo Código Penal e condenado pela Maçonaria - instituição à qual pertencia -, desafiava não raras vezes os seus oponentes para um duelo. Foi o que aconteceu a 14 de Julho de 1908.

Durante um dos seus inflamados discursos na Câmara dos Deputados, o líder do Partido Republicano Português insurgiu-se contra a Monarquia e os seus representantes, deputados monárquicos incluídos. Como resposta, um desses, o conde de Penha Garcia (primo de João Franco), aproximou-se de Afonso Costa e disse-lhe baixinho: "Quem assim desconsidera a honra alheia, não pode prezar a honra própria". Como resposta apenas um seco "Logo falaremos".

Assim que terminou o seu discurso, Afonso Costa constituiu os seus padrinhos para tratarem do duelo, escolhendo para o combate a espada francesa. O conde de Penha Garcia era muito melhor espadachim do que o líder do PRP, o que deixou os padrinhos e as testemunhas preocupadas.

Nesta disputa estava em causa muito mais do que uma simples defesa da honra. Os dois protagonistas estavam em lados opostos de uma guerra que há muito tinha espoletado.

Os monárquicos receavam que se Afonso Costa fosse mortalmente ferido, os grupos populares aguerridos espalhariam a ideia de qu ele tinha sido assassinado. Os republicanos, por seu lado, temiam ficar sem o seu líder, indispensável para levar a cabo o derrube da Monarquia.

Antes de se dirigir ao local do duelo, Afonso Costa escreveu a Bernardino Machado: "Vou tranquilo para este lance. Se for fisicamente vencido, o meu sangue regará a terra sagrada da Pátria, e mais um passo se terá dado para a República. Bato-me pela nossa causa e, por isso, quando a sorte me for pessoalmente adversa, convido-o, a si em nome de todo o nosso Partido, a dar à minha memória a compensação de uma vitória próxima".

O duelo realizou-se pelas 11 horas na estrada militar da Ameixoeira, palco habitual deste tipo de contendas.

Temendo que uma eventual morte de Afonso Costa o tornasse um mártir, algumas testemunhas afiançaram que o conde de Penha Garcia se limitou a desferir um ligeiro golpe no braço esquerdo do adversário, deixando-o a sangrar um pouco.

8 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

O Penha Garcia fez mal.

Nuno Castelo-Branco disse...

Desculpa-me Daniel, mas esta nova propaganda ao escroque fica MUITO MAL nesta casa.

O Jerónimo disse...

Afonso Costa não olhava a quem!
Em 1914 tb desafiou para um duelo António José de Almeida. Isto é, queria dar porrada em toda a gente.

João Afonso Machado disse...

Concordo com o Nuno: o Penha Garcia fez mesmo muito mal. E pelos vistos toda a gente estava com medo de toda a gente. Que pena Penha Garcia não ter vitima da sua precipitação e espetado a espada bem espetada no Costa.

Unknown disse...

Um valentão, o Penha Garcia. Lembra aquele filme, o Scaramouche, em que um Marquês espadachim também ia espetando toda a malta que não sabia esgrima. Vejam lá se o Conde disse "Não senhor, isto vai é à pistola, para ficar equilibrado...". Suspeito que o rapaz estava no grupo dos que assim que viu meia-dúzia de maltrapilhos na rotunda aos tiros, cavou e deixou o D. Manuel sozinho com a mãe.

Anónimo disse...

Nuno, longe de ser propagandistico são informações inéditas que a internet dispõe e que as pessoas não têm acesso por não saberem procurar.

Unknown disse...

Em Portugal as pessoas devem ser muito pouco despachadas, porque até no Brasil se sabe desse e dos outros duelos do Afonso Costa: http://www.espbr.com/noticias/espada-duelo-afonso-costa-conde-comite-olimpico

Fácil, né?

João Afonso Machado disse...

Jaime:
Um de nós está a fazer o pino.
Isto porque, tanto quanto sei, o Scaramouch foi desafiado pelo tal «valentão» que, afinal, se trilhou.
No caso de que falamos, o Costa é que desafiou o Penha garcia. E este, comedidamente, só o feriu ao de leve.
Insisto: foi uma pena. Senão, mesmo hoje já nem discutiamos o assunto. Simplesmenre, cristâmente, A. Costa - RIP (o que, aliás, seria dificil, porque o próprio não acreditava no descanso eterno).