sexta-feira, 16 de abril de 2010

Portugal no ano 2000

1979. O virar do milénio é uma linha muito lá no horizonte. Os desafios colocados a Portugal são múltiplos e de difícil ponderação. Já se fala abertamente na adesão da CEE, algo por que ainda se teria de aguardar uns tempos. Entre a esperança e as preocupações há um espaço amplo que justificou a compilação de depoimentos, realizada po Jaime Nogueira Pinto, na publicação denominada «PORTUGAL NO ANO 2.000» (Editorial Intervenção).
Trinta anos volvidos vale a pena relê-la. Estão lá as velas todas do macabro centenário que agora se comemora - 16 anos de descalabro político e indisciplina militar; 48 de medo dos antecedentes e autocracia parola; e 36 de jogos partidários e corrupção à la carte. Denominador comum: a perda da consciência nacional, a incapacidade para construir uma economia de olhos postos no futuro.
Uma leitura que se aconselha.
E um excerto, a aguçar a curiosidade dos portugueses. Do depoimento de António Barreto (pág. 50):
«Mau grado as generosidades democráticas que conhecemos nos textos e no regime, a constituição e a lei são, em matéria eleitoral, singularmente sectárias, rígidas e não democráticas. O sistema eleitoral é concebido para conservar a dinâmica de uma sociedade aberta, que será uma das características essenciais da democracia moderna. Modernidade, eis outra palavra chave que devia interessar mais a classe política que apareceu em cena logo após o 25 de Abril. Esta reproduziu "tiques", atitudes e esquemas de pensamento da primeira República, com quase todos os seus defeitos».
Cada um pense para si. Estamos, ou não, como em 1979? Ou como em 1911?

2 comentários:

Filipa V. Jardim disse...

João Afonso,

É uma questão complicada. Muitos factores teriam que ser analisados com isenção.Um regime só por si, penso que não explica tudo, nomedamente quando estamos a falar de um País pequeno, periférico e sem grandes recursos.
Que houve erros, sem dúvida. Que contínua a haver,certamente. Mas olhe,aproveite, que parece que o Sr. Cavaco Silva não consegue regressar a Portugal por causa da núvem de poeira de um vulcão. Sendo assim, parece que estamos numa espécie de interregno...dizem...

João Afonso Machado disse...

Filipa:

Parece que sim - hoje Sócrates na AR para Louçã: «Manso é a tua tia, pá!»