segunda-feira, 12 de abril de 2010

Marcelo Caetano - a oposição à Restauração da Monarquia.

«A 18 de Abril de 1951, Carmona morreu e, para espanto de Marcello, os monárquicos decidiram restaurar a Monarquia. A Assembleia Nacional preparava-se para rever o capítulo da Constituição que tratava do Chefe do Estado (...).
Posta a questão, Mário de Figueiredo, Lumbrales e Cancela de Abreu votaram pela Monarquia e Marcello, Albino dos Reis e Trigo de Negreiros pela República. (...)
Num discurso comemorativo do 28 de Maio, descrevendo como puro espírito de "reacção" o seu monarquismo de juventude, Marcello Caetano pronunciou-se claramente a favor das instituições republicanas e, depois de ter defendido a candidatura de Salazar à presidência (que Salazar não quis) participou com zelo na campanha de Craveiro Lopes. Isto fez dele o inevitável porta-voz da ortodoxia, quando, já passada a eleição, se soube que os monárquicos tencionavam voltar à ofensiva (...)».
in Vasco Pulido Valente, «Marcello Caetano - As desventuras da razão», ed. Gótica, 2002, pág. 35.

6 comentários:

Francisco RB disse...

Pois, mas segundo o responsável do Arq da Fundação Mário Sóares, parece que não foi assim, é que a monarquia era uma espécie de Estado Novo derrubado por uma revolução civil!!!

João Afonso Machado disse...

Caro Francisco: já li quem marcasse a diferença do 5/OUT, como revolução civil, e o 25/A como revolução militar. A questão pode ser encarada de muitas formas.
Uma delas será: forte a ditadura, e segura, só os militares a podiam derrubar...
Não me choca este contraste. Não ignoro a agitação de rua, instigada pelo Partido Republicano; e não desconheço a fragilidade de um jovem Rei (18 anos) que só pensou em sê-lo após o assassinato do Pai e do Irmão mais velho...

Filipa V. Jardim disse...

João Afonso,

Parece-me esse um ponto fulcral:a fragilidade de um rei, jovem, que ainda por cima, não estava designado para sê-lo. E, acabou por se encontrar numa situação para a qual não teria sido, evntualmente,preparado...

João Afonso Machado disse...

Filipa:
Podemos estar a falar de coisas que tosoa desprezam.
Na exacta medida em que a Família Real não previu o Regicído, D. Manuel não previu ser Rei. Mas foi-o, numa eventualidade de poucos minutos, Pai e Irmão mortos à bala. Tinha 18 anos. Assumiu o Trono e fez o que pode e soube fazer.
Um Soares qualquer pasava o resto da vida a chorar, pedia Tribunal para conseguir a indemnização, depoisdizia que não - fosse lá ao que fosse - e batia-se ao cargo de senador. A seu tempo, invocava pergaminhos repiblicanos para se candidatar à Presidência.
Está a ver a diferença?

Luis Ferreira disse...

Vou aqui invocar o exemplo de um rei, não português é certo, que não estava preparado para sê-lo e foi. Jorge VI de Inglaterra que foi rei após o seu irmão Eduardo VIII ter abdicado, durante o seu reinado demonstrou uma grande coragem e patriotismo pois não abandonou Londres durante os bombardeamentos alemães. Penso que em situações destas muitos presidentes não teriam a mesma coragem e dedicação pelo seu povo.

João Afonso Machado disse...

Tem toda a razão, caro Luis FeFerreira.
Imagine Soares ou Cavaco sob bombardeamentos. Ou Alegre (em Argel, claro).