quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ramalho: de monóculo atento à República(III)

«Ora sucede que, abolida a Monarquia, e achando-nos nós no mês 5 do ano I da República, nenhum pão de pataco dos oitocentos mil que ingeria o rei, foi por enquanto distribuido ao povo, e que o mesmo povo, outra vez transferido de "Povo Soberano" a "Zé Povinho", com indício de estar mudado o Governo da Nação não logrou ainda o regozijo gratuito de ver passar em dia de gala, dos paços do Governo para o paço da Ajuda, em vez do rei antigo, o presidente novo (...)
É certo que nunca as classes dirigentes se divertiram tanto em excursões de recreio, nem se banquetearam tão repetidamente, como hoje em dia.. No caso, porém de cada cidadão, nem o imposto diminuiu nem o passadio embarateceu. (...) durante os dois primeiros meses da era republicana a dívida flutuante aumentou, regular e consoladoramente, para o nosso crédito em 1163 contos».
in «Últimas Farpas (1911-1914)», Clássica Editora, pág. 35.

4 comentários:

Francisco RB disse...

Caro amigo se conseguir o exemplar recumendo-lhe ler o texto de Afonso Costa "As Burlices financeiras do S. Salazar apreciadas pelo Dr. Afonso Costa", publicado em 1933 no jornal clandestino A Verdade.
que tem a seguinte frase "quando eu estive dirigindo as finanças, consegui o equilíbrio que salva e com superavit real, cortando despesas e ainda extinguindo ou diminuido alguns impostos. Se não tivesse vindo a Guerra e estas políticas continuasse, Portugal seria hoje um dos países da Europa com as melhores e mais sãs finanças e com um desenvolvimento económico verdadeiramente admirável, tanto no continente como no ultramar."
Afinal se calhar temos que agredecer algo à I Guerra Mundial, interrompeu a política financeira da Iª República.

João Afonso Machado disse...

Caro Francisco:
A politica financeira de Afonso Costa foi essencialmente uma politica de correcção monetária. Como a dos brasileiros, quando transformaram o cruzeiro em cruzado. Uma ficção, afinal.
Veio a Guerra e foi tudo ao ar.

Filipa V. Jardim disse...

Francisco RB,

Sonhar não paga direitos.Olhe, à falta de melhor...quem sabe, um dia econtramos petróleo no Mondego e tornamo-nos num Dubai.

Francisco RB disse...

Cara Filipa,
No mondego não digo, só se for originado pela poluição, mas no cabo Mondego, na ria de Aveiro ou no alentejo, se calhar!!!
Esse é o espírito portugu~es, temos sempre uma nova Índia, um Novo Brasil, uma Nova Angola!!!