«A cada instante o PRP forçava a legalidade estabelecida: ou seja, não se limitava a usar os seus direitos, mas sistemática e deliberadamente os transgredia. De 1903 a 1908, a imprensa republicana constantemente cresceu em brutalidade e intolerância. Em 1907, por exemplo, O Mundo fez vários apelos explícitos à revolução, lançou uma campanha contra o pagamento de impostos e chegou mesmo a incitar ao assassinio político. Depois da morte de D. Carlos, tratou os regicidas como mártires e abriu - com propositado aparato - uma subscrição a favor dos filhos de Buíça. Também no Parlamento os deputados republicanos não perdiam uma oportunidade de provocação: Afonso Costa não hesitou em ameaçar D. Carlos com o patíbulo; João de Menezes e Alexandre Braga foram suspensos por insultos ao rei; e António José d'Almeida só não os seguiu porque a Câmara não lhe quis dar esse prazer»
(Vasco Pulido Valente, «O Poder e o Povo», ed. Círculo de Leitores, pág. 59)
12 comentários:
Caro JAM,
Mas um facto é certo até 1910 o partido republicano cresceu em matéria de votantes (tal como em Espanha), embora nunca tivesse chegado a ganhar eleições que colocassem em causa a monarquia.
O Directório e o tal jornal (que parece ter sido financiado por um lupanário) sabiam bem o poder real que tinham, pelo que apelaram, tal com os comunistas em 74 e 75 à revolta armada, pois sabem que as forças democráticas têm mais dificuldade numa guerra civil de matarem os seus irmãos que os apoiantes da repressão.
Caro Francisco RB:
Concordo consigo até certo ponto. A força do PR era eleitoralmente inocultável naquilo a que hoje chamamos a «Grande Lisboa». Já muito menos no Porto. E pelo País fora... Não esqueça o célebre dito de João Chagas: «a República seria proclamada por telégrafo».
Isto quer dizer, além do mais, que as populações viviam à margem da política; as autoridades locais divagavam; e «resolvido o problema» em Lx, o resto viria por arrasto e inércia do cidadão.
Independentemente dessa questão, o que se deve salientar é que o PR participava no jogo político-eleitoral-parlamentar de igual para igual com os outros partidos de então. Tinha deputados, como se viu. Somente, estes não se sabiam comportar, eram insultuosos.
O que aconteceria a um deputado dos nossos dias se, em plena AR aludisse ao Rei nos termos em que o fez A. Costa?
Imagino o que aconteceria a qualquer deputado, se se atrevesse a abrir um inquérito parlamentar a certa gente que comprou acções fora da Bolsa e com elas lucrou 125% ao no. Por exemplo. O rol de "comissões" seria infinito. Mas o mais provável seria o atrevido ser processado e forçado a pagar uma indemnização "ao outro". Conhecemos o sistema.
Apesar de tudo, os «cornichos» do Ministro Pinho eram insignificâncias quando comparadas com o célebre «por muito menos crimes que os do Senhor D. Carlos, rolou no cadafalso a cabeça de Luis XVI» (A. Costa).
Lembremo-nos daquela estudante que NA UNIVERSIDADE se lembrou de Perguntar a Soares se este tinha pisado a bandeira...
Uns deputados monárquicos na Assembleia a criticar a República eram bem-vindos...
M. Figueira.
Sem duvida seriam bem vindos. O que falta saber era se monarquicos que chegassem à AR teriam a coragem necessária para o fazer, se teriam as suas convicções bem assentes, se seriam leais aos seus ideais, ou se, ao invés, não seriam apenas mais uns sonhadores que, deparando-se com tamanha quantidade de "tachos" "panelas" e "gamelas", rapidamente se deixariam levar pelo ar que se respira naquela assembleia, quais bernardinos do nosso tempo.
Não me lembro do PPM alguma vez ter feito alguma coisa enquanto lá teve representação.
Julgo ter feito mais o CDS ao votar a favor da proposta de alteração do artº 288 b) do que o PPM fez em toda a sua historia de representação na AR.
Caro amigo,
O Deputado hoje que disse tais impropérios era louvado, com direito a Te Deum e tudo...
Veja o caso do Candal com o outro do PSD, ou a história do palhaço!
Pedro Souza-Cardoso, há que não confundir "este" PPM com aquele outro de há trinta anos. Muito daquilo que hoje faz parte do nosso património legislativo quanto ao ambiente, ao Partido se deve. O PPM teve que lutar contra a semi-imbecil oposição da esquerda de então e contra os semi-analfabetos aliados da AD.
Vendo bem as coisas, nem tudo deve ser tão negativo. Quando da votação no Centenário de 1908, a AR partiu-se ao meio como uma noz e sei de fonte segura que muitos deputados socialistas votaram contrariados com a decisão do sr. Alberto Martins. É a tal questão da gamela.
Nuno Castelo-Branco
Sem dúvida que muita da legislação relativa ao ambiente se deve a diversas intervenções do PPM de há 30 anos atrás.
E sem dúvida que isso é de louvar e demonstra a preocupação constante que os monárquicos sempre tiveram com o País no seu todo.
No entanto a minha critica dirige-se antes para a incapacidade do partido popular monarquico, que tinha todas as condições possiveis para o fazer, de em diversos momentos apresentar propostas concretas para o desenvolvimento do movimento monarquico.
A proposta de alteração do artº 288 b)CRP, foi algo que podia ter sido realizado pelo PPM, mas não. Ao invés foram vários jovens que andaram pelas ruas de diversas cidades do País, a angariar quase porta a porta assinaturas para que a proposta pudesse ser levada à AR.
A minha critica ao PPM é a clara inacção. A clara incapacidade de fazerem algo pelo que dizem ser os seus ideais.
Caro Pedro:
Não tenhamos rodeios. V. é neto de aAntónio de Sousa Cardoso que foi uma vida inteira dedicada ao Ideal Monárquico. Uma referência.
E fundador do PPM.
Com ele, Ribeiro Teles, Borges de Carvalho, Barrilaro Ruas, Carlos Santarém, João Camossa, Ercílio de Azevedo, Amadeu Sá Meneses...
Um grupo ilustrissimo de gente sábia, convicta e militante.
Ensinaram nuito, tudo o que os tubarões depois «abocanharam».
Foi pena as opções de R. Teles após o dim da AD. Tenho muito respeito por ele, cumprimento-o sempe que me cruzo com ele, de provecta idade.
Resta dizer que, no tempo desses deputados PPN na AR, ainda se ouviram lá uns «Viva o Rei». Um deles foi do António Moniz.
Depois foi o descalabro, até à fadistice de hoje. Não falemos de coisas tristes.
Caro João Afonso Machado
Sou efectivamente neto de António de Souza-Cardoso e grande parte do ideal monarquico que em mim está presente hoje, a ele se deve.
Foi possivelmente o maior exemplo de serviço e lealdade ao ideal monarquico que conheci. E possivelmente nunca teve o reconhecimento que merecia como deverá saber.
Também por isso, mais me entristece a inércia em que o PPM caiu. E não muito depois da passagem do meu avô e do restante ilustrissimo (sem duvida) grupo que o acompanhou na altura.
Julgo, talvez por força de alguma irreverencia propria da juventude, que fala-se hoje demasiado. Houve tempo em que as pessoas actuavam. Não vejo isso hoje.
E se todos concordamos que é importantissimo informar os portugueses do que é efectivamente a monarquia, parece-me que, desde que me lembro, a situação que mais impacto causou na sociedade portuguesa não foi nenhum discurso, não foi nenhum video que alguem colocou numa qualquer rede social, nao foi um artigo jornalistico. Foi quando diversos grupos de jovens de todo o país se levantaram e içaram a bandeira azul e branca em diversas camaras e juntas de freguesia.
Isso sim, causou impacto na sociedade. Mostrou que a monarquia não é uma coisa do passado. Mostrou que é algo pelo qual vale a pena lutar. Fez as pessoas falarem na monarquia. Abriu telejornais. Condicionou diversos debates televisivos. Criou inumeros artigos nos jornais.
Houvessem mais jovens com este espirito!
Inteiramente de acordo caro Pedro.
Vamos a mais iniciativas públicas. Este blog é uma delas: descobrir a careca à República, impedir que continuem despudoramente a mentir sobre a Monarquia.
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