Hoje estarei na Nazaré. Terra lindíssima e hospitaleira. Ocorreu-me saber com que paz a Nazaré viveu os anos felizes da ditosa República. Parece que com pouca. Era feroz a disputa entre o Partido Democrático, de Afonso Costa, e o Partido Evolucionista, de António José de Almeida. Com vantagem para este, facto que aquele, como é do conhecimento geral, não costumava perdoar. Vai daí...
São noticias do semanário "A Nazareth":
- A 8 de Janeiro de 1914, a Auditoria Administrativa de Leiria anula a eleição da Junta da Paróquia da Pederneira. Os Republicanos interpuseram recurso para o Supremo Tribunal Administrativo.
- A 9 de Julho do mesmo ano, continua a querela com o Partido Evolucionista. Titulo da 1ª página: »Fantochadas»; no texto, aquele partido é acusado de «... numa ansia perfeitamente dementada de assaltar o poder, numa furia completamente doida de meter a república na algibeira...».
- A 1 de Setembro de 1914, o jornal mostra-se contrário à entrada de Portugal na Grande Guerra.
- A 10 de Outubro de 1910, refere-se que o 4º aniversário da República não foi festejado na Nazaré «por motivos ponderosos».
- A 31 de Dezembro de 1914, noticia-se a inauguração do retrato «do eminente estadista Sr. Dr. Afonso Costa».
- A 9 de Janeiro de 1915 (só para iniciar o ano), fogo intenso sobre Brito Camacho, lider do Partido Unionista: «é politicamente um imbecil, duplicado de um perverso...».
- A 1 de Março de 1915, divulga-se o "Regime de Terror" que grassa na Nazaré. E uma "tentativa de assassinato". Feitas as contas, tudo é atribuido «à vergonhosa ditadura Arriaga-Pimenta de Castro» pelo que lá fica o brado: «Viva a República! Abaixo os assassinos jesuítas!».
Enfim. Espero não me encontrar hoje na Nazaré nem com Afonso Costa nem com o reporter deste semanário democrático. Ainda acabo no xilindró.
3 comentários:
Tempos que podem voltar, se perdermos a atenção às coisas.
João Afonso,
parabéns pelo dia de hoje na Nazaré.Excelente apresentação! Bonita a Nazaré,sobretudo vista do Sítio e da Pederneira.
Obrigado Filipa.
Correu bem. O A. Costa e o A. J. Almeida não andavam por lá. Devem ter ido para Lisboa festejar o 25/A.
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