EDITORIAL DO JORNAL DE NOTÍCIAS
«Nós temos a liberdade de reunião: Mas quando é que o povo se poderá reunir livremente? Nós temos a liberdade de escrever. Mas quando se tirará a mordaça aos jornais? Nós temos a liberdade e o direito que a todas as grandes cidades assiste de se governarem por si próprias, de administrar os seus dinheiros, de regulamentar o seu trabalho, de proteger os seus operários, de amparar os seus pobres, de exercer, enfim, todas as suas faculdades no sentido da sua força, da sua honra, da sua prosperidade. Quando é que o Porto será declarado maior, a não ser para o pagamento das contribuições e impostos?
Ninguém sabe. O que se sabe é que, apesar das afirmações intenciosas de que somos entrados em definitivo período constitucional, ninguém pode fazer uso do seu direito nem ter segurança na sua justiça. O que se sabe é que o Porto continua a ser humilhado na sua história de povo livre.
O que se sabe é que a imprensa continua a viver num regime de especial suspeição, ao arbítrio das paixões indisciplinadas e dos caprichos de uma lei que ela não pôde, nem pode estudar, quanto mais desprezar ou corrigir, como todo o acto para o qual os interessados não foram escutados, nem ouvidos. Será isto uma democracia? Será isto a democracia sonhada pelo povo do Porto nos seus sonhos de generosa justiça e de nobreza altiva?»
de 29 de Agosto de 1911.
2 comentários:
Não há qualquer dúvida que a Democracia sofreu rude golpe a 5 de Outubro de 1910 o que ajudou a que o Norte, e particularmente o Porto, tenha perdido todo o seu protagonismo; e o pior, é que não se vislumbra intenção alguma de mudar este estado de coisas.
O bloco central é constituido na sua grande maioria por baronetes lisboetas, vislumbrando-se apenas algumas vozes que clamam no deserto, como as de hoje, do João Afonso Machado e do Daniel Bessa.
Só num quadro restauracionista se poderia inverter esta situação.
Depois queixam-se do Pinto da Costa...
Esse é que defende o Porto e o Norte.
M. Figueira
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