segunda-feira, 19 de abril de 2010
À conversa
Hoje, numa conversa com uns amigos, em Lisboa, falamos de muita coisa. De design, de projectos, de casamentos, de monarquias (onde eu estava em absoluta minoria), da visita do Papa. Vejo que a "República" não está na ordem do dia! Ninguém quer ter o fardo de cem anos desta coisa mais turva que a poeira de mil vulcões...! No fundo, eu era o único a celebrar uma nova ideia, um novo rumo, uma nova esperança no Eterno azul-e-branco português. Gosto de conversar. E de ouvir. Quando vou a Lisboa e, entre outros amigos, tenho o privilégio de estar com o meu melhor amigo – laico e republicano! – volto feliz. Estar entre aqueles que admiro mas que em muitos detalhes são opostos da minha opinião não deixa de ser um prazer. Não discuto para ganhar. Não converso para amealhar. Não pretendo ser a razão. Em muitas das diferenças encontro semelhanças e novas forças para os meus sentimentos. Em muitos óbices encontro o óbvio. Nunca penso que sou o melhor. Mas nunca deixarei de intuir que o que eu penso, e sinto, não se dissolverá no lume brando, carbonarizado, das maiorias!
Etiquetas:
Centenário da República
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
Caro João
Tem razão que parece haver pouca gente a querer discutir justamente no Centenário da Implantação da República o assunto. Parece mesmo só os monárquicos estão interessados no assunto, o que é pena, o debate é importante.
Como republicano convicto, mas de mente aberta gosto de ouvir o que os outros têm para dizer, confrontar ideias e também rir às vezes.
Um cumprimento de admiração pelo seu post.
João, a sua minoria é bem mais sólida que a dita "maioria", sempre tão circunstancial e com a língua presa ao estômago.
Se alguém pretende carbonizar outrém... é porque não conhece outro tipo de argumentos.
Por isso carbonizaram D. Carlos e o Príncipe Real.
Por outro lado, acredito convictamente que, convictos há em Portugal mais monárquicos que republicanos.
E por último, nem é preciso ser democrata - basta ser civilizado. Não é preciso mais para que se aceite as ideias e as razões dos outros. Isso é pacífico, entre nós.
Foi com muita surpresa que descobri a onda de ódios levantada pelo episódio da bandeira na CML (Agosto). Porquê tanto insulto nos blogs. Para quê? Da parte de quem?
A onda de ódios foi muito positiva. Bom sinal, vindo de quem vem. Que se cuidem.
Os ódios são estúpidos vindos de onde vierem (e há sempre dois lados, pelo menos).
Já escrevi, mais que uma vez. A bandeira azul e branca é uma bandeira nacional, tal como as anteriores que tiveram esse estatuto. Simbolicamente a troca de uma bandeira camarária por uma bandeira nacional é pouco inteligente, pois é uma diminuição da bandeira nacional. Mas acho que só estavam interessados no show televisivo.
Como acho que o bom humor é uma arma eficaz, estou à espera de ver o que os monárquicos têm preparado, com um mínimo de imaginação. Mas até agora está fraquito. Vamos ver se anima daqui para a frente.
Infelizmente, não há muita gente com a capacidade, visão e o "saber estar" do João Amorim. Um dos bons prazeres desta vida é justamente uma conversa ou discussão em que a troca de ideias se processa num ritmo aceso mas sempre amigável e, sobretudo, construtivo. Nós, de facto, aprendemos com a diferença, com o olhar "o outro". Profunda e respeitosamente. Para além do que está já visto. Desde, é claro, que esse "outro" esteja ao mesmo nível.
Pessoalmente, nunca esquecerei os intermináveis e entusiamados debates que eu, católica e monárquica, mantinha frequentemente com o meu colega, ateu e bloquista! aquando da minha passagem pela escola de Mértola. Tal como o João Amorim, nunca senti as minhas convicções dissolvidas na corrente pretensamente esmagadora da maioria ( ou do politicamente correcto). Pelo contrário, o gosto da contra-argumentação válida proporcionava (e proporciona) sempre uma maior consciencialização das minhas ideias em torno do Ideal! Além de que, constituía um excelente exercício intelectual. Lembro-me de que acabávamos sempre com um sorriso satisfeito, continuando tão distantes nas nossas posturas políticas e religiosas como antes. Mas talvez mais próximos humanamente.
Hoje, neste ano em que os republicanos comemoram o tal malfadado dia, reparo, de facto, que o regime em si,na sua essência, não é objecto de discussão. Não lhes interessa. Muitos dos supostos republicanos dos dias de hoje ( tipo " sou republicano? ah sim, pois , sou...é verdade isto é república...ou? ) desconhecem ou nunca pensaram sequer nas vantagens de uma monarquia constitucional, confundindo mesmo até a ideia de monarquia com época medieval! É caso para se recorrer à educação política para preencher este vazio da inconsciência e ignorância. Cabe a cada um de nós, monárquicos, essa tarefa. Independentemente do estatuto que possamos ter no meio. É o Ideal que se eleva, acima de tudo.
Enviar um comentário