«[...] é importante frisar que a maior parte dos intelectuais e/ou políticos portugueses, do sexo masculino, que prepararam de alguma forma a República, eram assumidamente anti-feministas, entre os quais se encontram Teófilo Braga, Sampaio Bruno, Antero de Quental, João Chagas, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Basílio Telles, Trindade Coelho, Antero de Figueiredo e Heliodoro Salgado. O influente escritor e político Raul Proença, escreveu em 1909: «Que tenham voto, está bem. Que tenham direitos políticos, é justo (…) mas mais importante que Mulher Livre é Mulher Honesta. A igualdade de direitos deveria respeitar a ‘diversidade de missões’», o que exprimia sucintamente a opinião da maior parte dos homens republicanos. [...] § Antes do 5 de Outubro os republicanos fizeram crer que essa seria uma medida a promulgar sem problema de maior. O que se passou foi uma história trágico-cómica, ilustrado pelo episódio em que se viu envolvida Carolina Beatriz Angelo em 1911. Como viúva e mãe considerou que era ‘chefe de família’ e portanto com capacidade para votar, pois o Código Administrativo vigente não especificava o sexo dos chefes de família. Pediu o seu recenseamento. Foi-lhe negado pelo Ministro António José de Almeida. Interpôs recurso. O juiz que apreciou o caso, João Batista de Castro, era pai de Ana de Castro Osório. Ganhou. Apresentou-se no dia das eleições, a 28 de Maio de 1911 e votou. Em 1913, o Código Eleitoral aprovado especifica que apenas têm direito a votar os cidadãos do sexo masculino que saibam ler e escrever. Temia-se o alegado conservadorismo das mulheres (e dos homens analfabetos que também perderem o direito ao voto).» Ler o resto aqui.
Pintura de Rodrigo Costa, Paula Cabral | Galeria de Arte
Pintura de Rodrigo Costa, Paula Cabral | Galeria de Arte
2 comentários:
Razão tinha o Padre Serafim:
(vd. blog Almanaque da República)
3 comentários:
Ega disse...
Marcello dizia-se monárquico na sua juventude. Em 1951, após a morte de Carmona, opôs-se tenazmente, com Albino dos Reis, a uma revisão constitucional que viabilizasse a restauração da Monarquia.
V. sabem isso!!! Poruq eo omitem aos portugueses?
Abril 29, 2010 7:26 AM
Almanaque Republicano disse...
Depreende-se da avessada literária do folgado Ega que, neste nosso zeloso estabelecimento, haveria lugar à instrução & civilização do povo. Mais, que – e assim sendo - estes nossos artigalhos, com ou sem grinaldas, eram contenciosos. Eis, pois, o nosso Ega, tricotando bandeiras e, na sua ligeireza tremebunda, a intimar um nosso presuntivo quantum satis: instruir a “canalha” e, na volta, educar os talassas.
Com tais “argumentos bicórneos” (Eça dixit), não lhe fazemos a vontade! Terá, assim, que ir “obrar” para outro lado. E que não suje a “capa” é o que se deseja!
Mto. Agradecido.
J.M.M.
Abril 29, 2010 8:34 PM
Ega disse...
Boa! Vou transpor esse discurso dirigido ao povo, tal a simplicidade da linguagem e a elevação dos termos, para blogs mais frequentados. Muito obrigado, senhores republicanos!
Abril 29, 2010 8:43 PM
Esse Almanaque também deve ter petiscado uma fatia dos dez milhões.
M. Figueira
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