Luís de Mascarenhas Gaivão, professor de História, durante anos compilou as maiores calinadas que ouviu da boca dos alunos, ou extraiu dos seus brilhantes testes escritos . É conhecida a conflituosa relação que a III República sempre manteve com o Ensino, daí não sendo de admirar os prodígios reproduzidos na «História de Portugal em disparates» por M. Gaivão.
A obra foi realizada «para pais modernos, professores catedráticos, avozinhas saudosistas, políticos, deputados, ratos de biblioteca, ministros da Educação, netinhos aplicados, historiadores, intelectuais de gabarito, repetentes militantes...»
A sua leitura constitui uma necessidade de primeiro grau. Sirva de exemplo o que nela se regista acerca de «O que foi o 25 de Abril?»:
- Foi a revulsão dos melitares.
- Foi a revolução e o reconhecimento da independência da Guiné e Cabo Verde.
- Foi o soldado português que se revoltou contra a República.
- Foi uma revolta em que as tropas novas deitaram o governo salazarista abaixo.
- Foi uma revolta que o povo fez contra a República.
Que eles, os alunos de M. Gaivão, era cabulões, isso eram. Mas a um ou outro, mesmo assim, sempre seria de lhes dar uma boa nota. Pelo que provávelmente têm de premonitório. Ou de bom gosto e de boas intenções, pese embora reprimidas...
14 comentários:
Os de negrito são jovens com visão de futuro, vêm os amanhãs que cantam.
É, caro Francisco: eu dava-lhes nota máxima, pela visão e pelo arrojo.
Bem, frequente frequente é ouvir gente dizer que o 25 de Abril foi uma revolução feita pelo Sr. Cunhal e pelo Sr. Soares, essa já é um clássico.
Melhor ainda é saber que no fim da confusão, o homem que deu o peito às balas, como militar honrado, regressou ao quartel depois de ter cumprido a sua missão, ao contrario dos Otelos e Vascos que se enfiaram pela política adentro armados em salvadores da pátria...
Ainda melhor que melhor é ver que todos estes espertalhões se fartaram de comer à conta da dita revolução e de ver a pobre viúva do pobre e falecido Salgueiro Maia, que nem direito a um tostão furado teve pela partida do seu marido, um dos poucos e verdadeiros heróis de Abril, o que quer que isso signifique.
Se esse professor escreveu um livro de calinadas, bem que pode juntar essas que eu referi acima, bem mais graves e ridículas que as que escreveu em livro...
Não sei Francisco...acho que o João Afonso também lhes deu umas semanadas. Foi João?:)
De qualquer das formas hoje bem disposto e com o seu sempre excelente sentido de humor.
Esse seu livro já me fez rir a bom rir. Tem partes absolutamente divinais. E o Tonecas? Alguém se lembra das lições do Tonecas? Veio-me agora à memória...
Eu lembro. Achava um tanto ou quanto atrofiante e desprovido de gracinha. Pese embora algumas esporádicas actuações que conseguiram ser razoáveis. Será que alguém aprendeu alguma coisa com aquilo?
Caro Bicho:
Convenhamos que a I República teve um herói. Que, aliás, assassinou - Machado dos Santos. Ele foi o Salgueiro Maia de então. O pior são os tubarões que lhes vinham no encalço.
Filipa:
Não deinenhuma mesada. O rapazinho era tripeiro e eu só lhe garanti que os azuis-brancos do FCPorto haviam de ser os maiores. E não menti.
Agora trata-se de mudar o equipamento à Selecção Nacional.
Sou repúblicano mas não sou fanático. Acho que qualquer um dos regimes merece respeito. Muitos países da Europa são monarquias de sucesso. Qualquer um dos regimes é bom se funcionar bem.
Mário Oliveira
Caro João Afonso.
Tenho a ideia que a monarquia do norte foi o queimar dos últimos cartuchos do Paiva Couceiro, nesse tempo acho que só ele é que devia acreditar que ainda era possível tal feito, e bem que se fartou de tentar...
Vasco Pulido Valente em ensaios de história e política , foi daí que tirei a ideia.
Desculpe Ega, era para si, hehehehe !
Caro Bicho:
Tem razão, VPV deprecia muito Paiva Couceiro. Mas não esqueçamos: a) o seu glorioso desempenho nas campanhas africanas; b) A sua coragem no 5/OUT, tendo sido o comandante da única força (Artilharia de Queluz) que se opôs verdadeiramente à movimentação republicana. c) a sua pretensão nas Incursões de 1911/12 - o plebiscito, a consulta popular; daí as suas «tropas» andarem com bandeira azul-branca sem coroa; d) Monarquia do Norte: quando da intervenção de Sarmento Pimentel, hasteando a bandeira republicana, a 13 de Fevereiro, Couceiro combatia junto do Vouga, na frente sul... Compreendeu que os monárquicos viam nele o «restaurador» e não lhes virou a cara; d) Sofreu o exílio, daí para a frente: quer na Repúbica radical, ate 1926, quer com Salazar, a quem criticou e de quem foi oponente. Moreu muito velho, já na Década de 40 e só regressou do exílio para... morrer.
Amigo Ega:
Digamos que Paiva Couceiro seria uma espécie de Alonso Quixano monárquico dos tempos da 1ª república.
Existe porém um ponto onde discordamos, os feitos militares em África para mim não foram lá muito nobres, utilizamos o Gungunhana como aliado para povoar um território que não nos interessava para nada com o fim de não dar a desculpa aos Ingleses e aos Boers para tomarem aquilo de assalto, quando se tornou conveniente, o Quixote Português aprisionou o Gungunhana e exibiu-o como uma besta selvagem em Lisboa, como um troféu de caça, até posso estar a ser injusto com o homem pois conheço pouco a história mas a ideia que me ficou dessas campanhas em África foi negativa.
Quanto ao resto estamos de acordo, Paiva Couceiro foi o único que lutou até ao fim.
Caro Bicho:
Couceiro não esteve envolvido na captura de Gungunhana. Concordo inteiramente consigo quanto ao que se seguiu: o régulo trazido para Portugal e passseado como um Kihg Kong qualquer para entretenimento da população. Aliás, morreu, pouco depois, de humilhação, sobretudo.
Quanto às campanhas em África: foi a resposta natural ao Ultimato e à doutrina da «posse efectiva» dos territórios. Para quem defenda que dormimos séculos em África, reconheça-se que foi um despertar tardio mas decidido.
Caro Ega.
Olhe que o Couceiro não foi assim tão estranho aos conflitos em Moçambique...
É certo que se notabilizou em Angola, mas não se esqueça que ele foi ajudante de campo do António Enes que à altura era comissário régio em Moçambique, inclusive foi ferido em Magul.
Esses feitos valeram-lhe inúmeras condecorações incluindo a ordem de Avis e foi feito comendador da torre e espada.
Ficou conhecido na altura não só pela bravura mas também por uma certa irresponsabilidade e mau feitio, colocando inúmeras vezes as tropas em risco na sua busca de glória assim como estando várias vezes envolvido em quezílias uma delas envolvendo-o a ele, dois jornalistas Ingleses, um Americano e um taco de bilhar...
Veja este link muito interessante :
http://wapedia.mobi/pt/Henrique_Mitchell_de_Paiva_Couceiro
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