quarta-feira, 26 de maio de 2010

São verdes, não prestam


Talvez sob o patrocínio da Comissão Nacional para as Celebrações do Centenário da Republica do Dr. Santos Silva, o Diário de Notícias titula hoje que a “Rainha pede cortes no meio do luxo” a propósito do discurso na sessão inaugural do parlamento inglês. Este aleivoso título é ilustrado com uma imagem de pompa e circunstância de Isabel II à chegada a Westminster. Num pequeno texto a negrito em baixo pergunta-se, numa tentativa de ironia, se a casa real britânica que cujo orçamento de 2009 foi de 48,2 milhões de euros este ano também vai apertar o cinto.
Espantoso é todo este preconceito alimentado neste país sempre “na crista da onda”, esbanjador e à beira da falência, que pretende, quem sabe, direcionar a ancestral mesquinhez e ressabiamento luso, para os imperialistas da Velha Albion, a mais antiga, estável e prospera democracia do mundo. A rainha deslocou-se numa carruagem dourada usando uma tiara com três mil diamantes preciosos, salienta a jornalista Patrícia Viegas, sem explicar que todos estes artefactos pejados de simbolismo, pertencem ao Estado, e que nestes ancestrais rituais se identifica todo aquele povo empreendedor e orgulhoso. De resto não é feito nenhum estudo comparativo entre os 48,2 milhões e os custos de outras chefias de Estado europeias, como por exemplo a portuguesa: a presidência da república custa a cada português nada menos que o dobro do que custa a cada Britânico a sua Monarquia. A diferença é ainda mais gritante se a comparação for feita em percentagem do PIB (valores Wikipedia para 2007): 0.0115% do PIB em Portugal, 0.0023% do PIB no Reino Unido. De resto, não falemos de eficácia, sobre isso estamos conversados.

Fontes: The British Monarchy e Ministério das Finanças, Direcção Geral do Orçamento

Agradecimentos a Luís Bonifácio

6 comentários:

João Afonso Machado disse...

E se amanhã a preclarissima jornalista se vir no desemprego, é natural que rume a Inglaterra, ond decerto se aceitará qualquer lugar na recepção de um hotel.
E virá à rua ver a Rainha passar, no desfile, com toda a pompa, e baterá palmas, fazendo coro com os «subditos de Sua Majestade».

Nuno Castelo-Branco disse...

Ela que se preocupe com a CÔDEA activa que sustentamos e com as outras três CÔDEAS na "retraite"! para ficarmos por aqui...

Luís Bonifácio disse...

Caro João Machado.

A jornalista não teria tempo para vir à rua tão atarefada estaria a atender os turistas que atravessam oceanos e continentes para ver a rainha passar e que encheria o hotel e por arrastamente lhe pagaria as contas.

Já agora quantas dezenas de milhares de pessoas vêm a Portugal ver o Cavaco a abrir o Parlamento?

João Afonso Machado disse...

Caro Luis Bonifácio:
Não sei. Já me constou que há um render da guarda em Belém, mas nunca assisti. Vi foi o «Changes of Guards» em Londres. Tenho imensa pena, mas suspeito que o de cá é bastante mais pífio.

PPA disse...

E não tenha a mínima dúvida que Portugal, novamente com a sua Monarquia, iria começar a facturar mais também...à semelhança da Grã-Bretanha!

Nuno Castelo-Branco disse...

PPA, a grande diferença é que na Inglaterra existe uma iniciativa privada, uma sociedade civil e indústria e ninguém duvida da saída da crise em que os "do costume" a colocaram. Aqui, a situação é outra.