quarta-feira, 5 de maio de 2010

A suprapartidária mentira


Manuel Alegre anunciou a sua candidatura a presidente desta república. Anunciou – como todos os outros – a ladainha de pretender ser o presidente de "todos" os portugueses. Repetindo o que já há uns anos dissera, enalteceu o seu estatuto republicano e socialista com o aperitivo acrescido de polvilhar o seu discurso com o aviso de que "não é neutro"! Enquanto os portugueses não se aperceberem que a eleição à presidência é uma eleição tão partidarizada como para o parlamento, vamos continuar a viver num regime cujo chefe de estado é um gestor de interesses e esquemas. Proferir que são "o presidente de todos os portugueses" é um arroto de hálito fétido.

12 comentários:

Ega disse...

Excerto de «Memórias de um Átomo»:

«- Luis Vaz, eh Luis Vaz!
- Quem sois que dizeis conhecer-me?
- Sou eu, o Manuel Alegre, cavaleiro da Républica...
- Falais de quê, moço?
- Eu... eu vinha só oferecer-te a minha Praça da Canção-
-A Praça de Mazagão? Estivesteis lá, combatendo o infiel?
- Não, Luis Vaz, estive em Argel, lutando pela Liberdade...
- Que dizes, traidor. Pois ousasteis libertar os inimigos de Cristo?! Quem sois, criatura do Demo, castelhano malvado?
- "Erros meus, má fortuna, amor ardente"...
- Então andais clamando a minha poesia, almocreve sem mula, por onde passeais a tua gula?
- Não Luis Vaz, glosa antes as minhas trovas. eu "canto de pé no meio do país amado"...
- Pois toca a embarcar para ceuta. Onde pensais que perdi este olho. Na peleja, mancebo, na peleja. Ide, que os tempos são da combate.
- Luis Vaz, "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança"...
- Confiança... Abuso, dizeis vós!
- "Amor é fogo que arde sem se ver"...
- Eh pá chega para lá. Quem pensais ser? D. Catarina de Ataíde? Vós, nem Natercia. Abrenuncio!
- Eu sou um candidato a Presidente, nesta República que matou os Reis! Nesta República heróica, nesta " ocidental praia lusitana".
- Matasteis o Rei? e vindes agora recitar os meus Lusíadas que eu guardava para ofertar a Sua Megestade?
- "Pergunto ao vento que passa, novas do meu país"... Luis Vaz dá-me o teu apoio, dá-me o teu voto "e o vento cala a desgraça, o vento nada me diz"...
- Eu cá digo o que te dou, meu perdigão. Parai essas cenas! Anda cá que te arranco as penas. Olhai esta espada que tantas tripas furou
e El-Rei sempre amou. Olhai, malandrim!
- Não, Luis Vaz, não! Piedade, Luis Vaz...

Pedro de Souza-Cardoso disse...

Como é possivel ser um candidato presidencial deputado eleito por um partido e ser o presidente de todos os portugueses?? Estou um pouco confuso!

O Faroleiro disse...

O Alegre poderá ser até um bom exemplo que uma república nem é assim tão má; candidata-se, diz uns disparates e no fim leva uma abada !

E nem é preciso reunir as cortes...

Lurdes Gonçalves Pereira disse...

Esse excerto das "Memórias" está demais!!! Arrasa com o Alegre! Põe-no um alegrete falhado e triste!
Presidente de todos os portugueses??? Ele que fale por uns quantos deslumbrados pela sua "lábia poética". Meu só se for oficialmente, ( se ganhasse...) por imposição da minha cidadania portuguesa. Como monárquica, de alma e coração só reconheço D. Duarte Pio! Como Rei, claro!

O Jerónimo disse...

Ahahah
O Manuel Alegre há-de ser tanto Presidente como o D. Duarte Rei. Mas ficam bem na iconografia nacional.

João Afonso Machado disse...

Caro Sr. Jerónimo Eleutério:
Concordo, em parte. D. Duarte, já Rei, não ocupará a chefia de Estado. Alegre talvez não - eu espero que sim, porque ele retrata bem a República.
Agora o certo é que o Príncipe D. Afonso será um dia Chefe do estado, como Rei, e representante da Nação. De todo, não assim com o filho de M. Alegre.
A alternativa é deixarmos de ser Portugal. Se os portugueses assim quiserem...
Aceite os meus cumprimentos.

Lurdes Gonçalves Pereira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lurdes Gonçalves Pereira disse...

E precisamente na sequência desta conversa e da msg original q a suscitou: eu, que estou fora de Portugal e das andanças políticas q por aí se desenrolam, nomeadamente no seio da liderança dos monárquicos, coloco aqui uma questão. O que se faz concretamente, nos dias de hoje, em prol da restauração da Monarquia, em cenário aparentemente tão adverso como o da actual sociedade portuguesa??
Ir ao cerne da questão era o ideal, mas como? refiro-me aos programas escolares da disciplina de história, para já, à divulgação, educação e esclarecimento da população, aos meios de comunicação, por outro lado. Mas quais as melhores estratégias para mudar o esquema mental da maioria dos portugueses que nem sabem sequer que HÁ OUTRA OPÇÃO DE REGIME e que esta NÃO É UTÓPICA! Seja D. Duarte ou o príncipe D. Afonso, eu quero pensar nisso como uma realidade bem possível e não como uma simples quimera...
Este blogues são muito interessantes, sem dúvida, e produtivos. Mas.. temos de dar o salto para a outra margem e converter os "hereges"... Eu, na minha modesta contribuição, até já consegui converter um: a minha mana... espero não me ficar por aqui...
Ah... outra humilde contribuição: como professora, em Portugal, aproveitei sempre que pude os feriados históricos para inculcar uma outra visão da monarquia aos adolescentes, diferente da que estes estão habituados. O 1 de Dezembro, e até o 1 de Fevereiro, q não é feriado. Fugi sempre à linha de actuação do "blá-blá" sem força educativa( neste propósito, é evidente) q a maioria dos meus colegas adoptava, ou seja, tudo menos falar da importância da soberania da Nação na pessoa de um Rei, do seu papel e postura nos tempos modernos, as vantagens da sucessão hereditária...as ideias básicas... discretamente, como é óbvio. Enfim, pelo menos já tentei fazer alguma coisita que estava ao meu alcance.
E agora espero q a pertinência da minha questão não seja vista como uma interpelação oca.

juliana disse...

Lurdes G. Pereira

O que se faz em Portugal em prol da monarquia, é feito essencialmente através da Causa Real e das Reais Associações, que pode encontrar facilmente, numa pesquisa via google.
Quanto à questão que coloca sobre o ensino da História,faz-se possivelmente como a Srª e eu fazemos: tentando esclarecer e dando uma visão o mais possível alargada dos acontecimentos. Os manuais, são o que são e não ajudam muito,isso é certo. Mas com boa vontade, consegue-se, não "converter hereges" que não é essa a função de um professor, mas possibilitar aos alunos bases, para a sua própria pesquisa, análise e capacidade crítica.

Lurdes Gonçalves Pereira disse...

Juliana

Se me permite uma pequena correcção, eu nunca disse no meu comentário q o papel do professor é de "converter hereges". Isso até poderia ser considerado um absurdo e um degenerar do papel último de um professor, o de educador e orientador. A não ser q seja perspectivado em última análise.
Mas não será esse o fundo de acção de um monárquico militante, pelo menos, através da sua participação activa, defesa do Ideal e argumentação apologista?
Senão, qual a razão de estarmos aqui? Qual a finalidade de tudo isto?
Ou devo acreditar q VPV tem razão quando afirma, reportando-se à realidade da situação dos monárquicos em 1932, que ser monárquico não passa de uma profissão de fé sentimental?......

juliana disse...

Lurdes G. Pereira,

Li um pouco do que aqui vai escrevendo e apesar de monárquica e, tal como a Senhora, professora, não posso concordar com o seu discurso. Nem pelo tom que utiliza, nem no apontar de algum erro ortográfico ou eventualmente de outro teor, de outrém. Quando, recorre, sistematicamente, ao uso de abreviaturas. Uma coisa que particularmente evito, tal como a maioria dos meus colegas.
Para isso temos os nossos jovens, que são verdadeiros especialistas. A nós, professores, cabe contrariar esse terrível tendência.

"Pouco há a acrescentar aos excelentes e oportunos comentários a este excelente e oportuno post do Sr. João Amorim.".
Esta também é uma frase da Senhora, parece-me...a qual, me abstenho de comentar.

Mas não vim aqui para argumentar.
Vim sim, para dizer que gostei muito deste espaço, bem como, do espaço do "Bicho".
Sou nova nestas andanças e não sei deixar a ligação. Gostava no entanto, de deixar o convite para visitarem o blogue da Real Associação da Beira Litoral.
Parabéns a todos por este blogue.

Lurdes Gonçalves Pereira disse...

Juliana

Li atentamente o seu último comentário e não posso deixar de confessar q a sra me deixou bem curiosa quando se refere à sua discordância em relação ao meu discurso. Isto poderia até ser pouco preciso, não fosse a sra logo de seguida mencionar a "inconveniência" q foi eu ter apontado certos erros a outros utilizadores, apesar de eu própria recorrer a abreviaturas. Antes de mais, acho muito estranho comparar-se um erro ortográfico a uma abreviatura. Uma abreviatura ( e não me refiro às adulterações à língua pelos nossos adolescentes, q essas sim, devem ser contrariadas ) é um estratagema válido q eu própria como professora ensino a utilizar em determinados contextos de escrita ( já leu textos de português antigo, por exemplo? )e q se aprende desde o secundário e principalmente na faculdade devido à necessidade de uma escrita rápida. No contexto deste blogue, não é de todo inconveniente e muito menos um erro. Para mais o meu recurso é restrito. Um erro ortográfico já é outra questão. Curioso q a reacção do sr. bicho ( um senhor de certeza com muito mais conhecimentos do q eu ) foi bem diferente da sua. Foi humilde no reconhecimento da sua falha ( por distracção obviamente ) e educadamente aceitou. Pela simples razão de q a minha nota foi discreta e educada também. O mesmo farei eu se alguma vez incorrer nalgum erro: aceitarei c humildade. Não sou perfeita e pode acontecer.
Relativamente a :
"Pouco há a acrescentar aos excelentes e oportunos comentários a este excelente e oportuno post do Sr. João Amorim.".
Esta também é uma frase da Senhora, parece-me...a qual, me abstenho de comentar."

Uma pena q a sra se tivesse abstido de comentar depois de ter lançado essa ao ar. Eu teria bastante prazer em saber o q a sra pensa dessa minha simples frase. Não parece, foi mesmo escrita por mim. Disse alguma mentira ou fui de mau tom? não é muito brilhante, de facto, mas reflecte a verdade. E as repetições adjectivais foram deliberadas, se é isso q estranha.

Mas a sra acaba de uma forma ainda mais curiosa: diz q não vem aqui para argumentar, mas depois de ter feito exactamente isso. O q até pode ser um exercício saudável. Pode. Nem sempre é. Mas eu aceito perfeitamente as suas observações. Embora não concorde, claro.

De qualquer forma, fico satisfeita c a sua participação, tal como gosto da de todos os outros.
E grata pelo convite, pela parte q me toca. Certamente não deixarei de visitar o blogue q sugere.
Divergências à parte ( ainda bem, senão este mundo seria super aborrecido se todos pensassem o mesmo ), estamos unidos pela mesma Causa: viva a Monarquia Portuguesa!