quinta-feira, 27 de maio de 2010

Descernimento iconográfico

Como comentado em alguns textos anteriores, nalguns jornais portugueses fez furor a imagem da Rainha de Inglaterra na abertura do novo governo parlamentar. Não eram necessárias palavras. Mas alguns "jornalistas" pasmaram-se com o "luxo", a "coroa", a "carruagem", as "jóias", e mais alguma coisa tendo por retranca a crise económica. Os "jornalistas" preferiam, concerteza, que a cerimónia se realizasse de chinelos. Com tais legendas só legendaram a sua própria ignorância. Tenho, todavia, uma segunda teoria. Os "jornalistas" escreveram o que achavam que ficava bem, neste mundo (português!) de modernidades. Fui ver o que os jornais ingleses escreveram: falaram do novo governo – com dúvidas e com esperança. O género de "jornalismo" que se pratica neste país é fruto da orfandade a que estamos votados há cem anos. As nossas jóias da coroa foram roubadas na Holanda e ninguém se escandalizou, os nossos monumentos estão a cair e o povo purga por estádios, o espólio do Museu dos Coches vai ser deslocado para um novo edifício para ser uma referência da "arquitectura".... contemporânea... ....
A rainha de Inglaterra saiu à rua com a coroa e num coche de encantar! Ainda bem. Longa vida e prosperidade a um povo que sabe discernir os seus símbolos e acolhe os seus desígnios, os seus afectos, a sua identidade, sem castrar nem assassinar os que os representam.

4 comentários:

Anónimo disse...

Olha uma foto do Soquétes!!!


M. Figueira

Nuno Castelo-Branco disse...

Exactamente. O que seria se em Portugal o Rei abrisse o Parlamento, deslocando-se numa das maravilhosas carruagens - de longe superiores às inglesas - do património? Decerto seria mais um espectáculo que encheria as ruas e atrairia turistas. Os ingleses não têm complexos com a sua história. Melhor ainda, não são ignorantes.

João Amorim disse...

caro Nuno

Tenho uns amigos australianos, normalíssimos, de grandes barrigas, adeptos do high-tech, etc, que nas festas de família erguem um brinde à Rainha, num acto que pôe em causa um nosso epípteto, tão actual: longe da vista longe do coração.... E depois nós é que somos os civilizados!!

João Afonso Machado disse...

Enfim, continuamos no provincianismo de que já Pessoa falava. Porsches, não coches.
Abençoada republica!...