domingo, 9 de maio de 2010

Afonso Costa uma biografia fiável


É uma edição do Autor. Bom sinal!... O Autor, Eurico Carlos Esteves Large Cardoso, remata as suas "Palavras prévias" assim brilhantemente: «Nós, monárquicos por convicção, temos, porém, sempre em vista, tratar os assuntos dos nossos "adversários" políticos com a maior objectividade, veracidade e isenção, atributos de que já demos provas em anteriores trabalhos, pela simples razão do sectarismo não ser a nossa bandeira, nem a maledicência a nossa divisa»
De modo que fomos procurando dados biográficos desse que se doutorou em 1895, em Direito, com 17 valores e uma tese em que atacava violentamente a Rerum Novarum, pobre coitada! Foi o advogado mais tributado pelo Fisco, gostava de viver bem e tinha automóvel (um dos 300 então existentes em Portugal). Não obstante, preconizava o «socialismo económico na República».
Conseguiu ser eleito deputado pelo Porto. em 1899, aproveitando o descontentamento gerado nas populações pelas medidas recomendadas pelo insígne Ricardo Jorge (que abandonou a cidade sob ameaças de morte) aquando de um surto de peste bubónica.
Sobre ele escreveu Sampaio Bruno: «pseudo-republicano, desleal republicano, que tudo faz para ser deputado, jogando com um ramo de republicanos e socialistas e outro de monárquicos, audacioso piritoso, um Dr. Alonso». Em resposta, Costa esmurrou-o em público. Esmurrou um ancião, ele que andaria pelos 30 anos.
Há muito que ler. Remato com este episódio, ocorrido em 4 de Outubro de 1910, quando Afonso Costa, que prudentemente não comparecera à Rotunda, julgou ser vitima de um atentado contra a sua pesoa. Ouviu tiros, convenceu-se que fora atingido. O médico republicano Malva do Vale, que o detestava, mandou-o despir e observou-o, após o que «declarou sarcásticamente que ele tinha no corpo um buraco de nascença e natural».

4 comentários:

O Faroleiro disse...

"No "discurso de Santarém" e na imprensa Nacional, Afonso Costa anunciou os seus propósitos com meritória franqueza: perseguir os monárquicos e a Igreja, eliminar a oposição moderada, "rachar os sindicalistas" (a expressão não é acidental) e estabelecer a ditadura do PRP, enquanto não terminasse a "obra comum" dos republicanos ou, por outras palavras, enquanto ele quisesse"

VPV-Ensaios de História e Política

As semelhanças entre o "Rumo à Vitória" de Cunhal e a estratégia de Costa são fantásticas, autênticos manuais revolucionários; se o PREC tem resultado para os "maus" era mais um Costa mas este teria o apoio da Rússia por trás e o inverno bem que poderia ter durado mais de 16 anos...

Um abraço.

João Afonso Machado disse...

Concordo inteiramente consigo, caro Nuno. Tudo resultado do fanatismo de ambos. Esta biografia do Costa é interessantissima e eu vou publicr mais alguns exceros de testemunhos da época, aliás republicanos. Não tinha, por exemlo, a noção do ódio profundo entre Machado dos Santos e Costa. Desde 5/OUT até ao fim - 19/DEZ/21, quando assassinaram M.Santos.
Realmente, ode acaba a convicção profunda e começa o fanatismo? Todos nós temos sempre de ter muito presente essa fronteira, que é também a que separa a justiça das atrocidades ou a razão da estupidez.

Anónimo disse...

É falso. O Malva verificou que o Costa só tinha um buraco: a boca. Por lá entrava muita coisa e saía muito mais.

M. Figueira

Francisco RB disse...

Cá está uma obra para ler, não podemos esquecer que o brilhantismo jurídico de a. costa era igual à rudez e brutalidade de modos.