José Relvas foi um riquissimo proprietário de Alpiarça. O seu "Solar dos Patudos" é hoje um museu dedicado à arte da fotografia, que Relvas praticou e aperfeiçoou com esmero. Aderiu ao Partido Repúblicano em 1907. Talvez pensando num Portugal de Progresso, decerto bem-intencionado. Era um "dandy", foi um lutador por quanto acreditava. Coube-lhe proclamar a República, em Outubro de 1910, da janela da Câmara Municipal.
Ocupou cargos públicos e nunca deixou a fotografia. Dos seus "companheiros de estrada" fez alguns retratos, como os a seguir transcritos. Bem pouco "fotogénicos".
Sobre Teófilo Braga (Presidente do 1º Governo Provisório e Presidente da República em substituição de Manuel de Arriaga): «Nunca houve fama e prestígio menos merecidos (...). Há no seu aspecto externo um desleixo miserável. Sem hábitos sociais, (...) dotado de uma natureza fundamental e incorregivelmente plebeia, avarento, fazendo livros sem probidade, atacando sinuosamente os homens em que receia competidores, descendo até às vis insinuações (...) ambicioso, mas de uma vulgar e baixa ambição, sem a nobreza de quem aspira a um alto destino para a realização dum grande ideal, Teófilo Braga exterioriza o tipo de adelo, coçado ao balcão, em que tem vendido a algumas gerações uma obra feita de retalhos (...) em que as botas cambadas e rotas dos pontapés que deu a Herculano e Castilho emparelham com a casaca de casamento com que teve o impudor de se apresentar na primeira festa diplomática (...)!
Fez do primeiro Governo da Revolução um corpo acéfalo, desprestigiou numa figura sem grandeza a mais alta magistratura da República, atravessando os onze meses de ditadura revolucionária a sofismar (...). É o maior responsável da falta de unidade, que teria desde a primeira hora assegurado a obra de regeneração nacional (...)».
É CASO PARA PERGUNTAR- ENTÃO A REPÚBLICA SALVÍFICA NÃO ARRANJAVA MELHOR PARA COMEÇO DOS SEUS DIAS?
Depois, sobre Bernardino Machado, viciado em Ministérios e por duas vezes Presidente da República: « Nem João Chagas nem Afonso Costa queriam acreditar na duplicidade do homem que fora ministro da Monarwuia com João Franco e que tinha feito em singulares condições o mais entusiástico panegírico da Família Real num banquete dos agricultores de Santarém, do homem que desde os seus primeiros actos de solidariedade como Partido republicano traía, para quem o ouvisse com prevenção, as intenões de supremo domínio, que jamais o abandonaram através de todas as fases da propaganda, da implantação e da evolução das novas Instituições. Foi preciso pôr diante desses dois chefes da democracia as provas evidentes de toda a trama que ele urdia na sombra (...)».
VAMOS TENTAR DESCOBRIR COMO BERNARDINO JULGARIA RELVAS E OS DEMAIS?
4 comentários:
Um personagem triste Teófilo Braga.
José Relvas certamente que fala do Teófilo Braga da 2ª presidência, depois de lhe falecer a esposa e da consequente entrada em declínio.
É uma análise muito superficial feita por um daqueles republicanos produto do cansaço dos últimos anos da monarquia rotativista e Franquista.
Tem uma extensa obra Teófilo Braga e merece respeito, tanto pelo que publicou como pela sua caída em desgraça.
Comparar Teófilo Braga a Bernardino Machado é como dizia um amigo meu, comparar o olho do traseiro ao mês de Março.
Bernardino Machado é um personagem de fraca índole, tal como o seu amigo Afonso Costa; Bernardino queria poder, Teófilo não me parece que quisesse algo sequer parecido, um buscava a glória, o outro buscava servir o seu país.
Tem razão na critica que faz João Afonso, cada um ao seu estilo foram fracos dignitários dessa república que nascia; mas em pólos opostos.
A casa dos Patudos não é um museu dedicado à fotografia. Esse é a Casa de Carlos Relvas (Pai do Patudo) e situa-se na Golegã.
Quem visita a Casa dos Patudos vê aquilo que espera na casa de alguém que se julga pertencer a uma elita esclarecida.
Tudo nessa casa "vem de fora", do estrangeiro. Nesse tempo, tal como hoje o que é Português é algo visto intrinsecamente como Mau.
No entanto há apenas um artigo que é nacional - Os quadros. Na transição do século XIX - XX, a burguesia portuguesa estava, culturalmente falando, 50 anos atrasada em relação à europa. É por isso que José Relvas que gastou rios de dinheiro naquela casa não comprou nem um único quadro francês de final do século XIX (Impressionista), o seu gosto não estava preparado para tanta modernidade. A pintura existente tudo de pintores Portugueses que no ínicio do século XX pintavam quadros que em França não se pintavam há mais de meio século.
Meu caro Nuno: Teófilo foi sempre assim- Amigo de Arriaga há 40 anos cortou relações com ele quando o viu escolhido para PR. E ficou-lhe com o lugar quando Arriaga se demitiu após a «ditadura» pimenta de Castro. Isto só para dar um exemplo.
De qualquer modo, por aqui se vê como «eles» se estimavam. Também em 1926 Mendes Cabeçadas foi logo pela borda fora e com ele outros tantos. Até o Gomes da Costa! Em 1974, logo em Junho, Palma Carlos demitia-se e chegava Vasco Gonçalves... Enfim, está a ver onde quero chrgar, com certeza.
Caro Luis Bonifácio:
Obrigado pelas correcções. Na verdade nunca visitei os Patudos, com pena.
Quis também com o texto acentuar o dandysmo de Relvas, talvez pouco congruente com os «vivas» que deve ter solto da varanda da Câmata de Lx.
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