sábado, 15 de maio de 2010

A Verdade - o fundamental

O meu Amigo Nuno Couto, com quem, neste e noutros blogs, tenho mantido demorados debates sobre a questão de regime, prefere ser ele a escolher o Chefe do Estado; pela minha parte, obviamente, acredito muitissimo mais na opção dinástica para esse efeito. Não será por isso que alguma vez nos zangaremos. Somente por esta fundamental razão - ambos buscamos acima de tudo a verdade dos factos. O que actualmente é sonegado pelo «mundo oficial» à maioria dos portugueses, impreparada e desinteressada em os conhecer.
Sirva esta introdução para explicar o meu agrado pelo trabalho de Ernesto Rodrigues, «5 de Outubro - Uma Reconstituição», editado pela Gradiva em Fevereiro passado. Desconfio que o Autor não preza particularmente o regime monárquico. Mas, do que já li, os factos estão todos lá, ao dispor do leitor e das conclusões que este queira tirar. É assim mesmo. Pela minha parte, aqui deixo uns excertos, creio bastante elucidativos.
Logo na Introdução, a referência à divisa da República: «Ordem e Trabalho». Não se vê, hoje em dia, muitos republicanos a recordá-la. Nem convém...
Depois: «O Partido Republicano e a Maçonaria serão os principais responsáveis pelo trabalho de propaganda e erosão do regime, em momentos-chave (1880: tricentenário da morte de Camões; 1882: centenário da morte do Marquês de Pombal, que serve para campanha anti-jesuítica; 1890: Ultimatum; 1891: revolta republicana no Porto), que se agudizam entre 1906 e 1910 - já com a Carbonária e a Junta Liberal (...). Efectivamente, foi necessário erodir a Monarquia; e os méritos e o hábito da propaganda republicana foram continuando a dar excelentes resultados, no correr dos tempos...
Faça-se justiça: «Machado dos Santos resiste na Rotunda e, com populares, afasta a ameaça de Paiva Couceiro, rara nobreza de herói que o último governo da Monarquia não acompanhou».
Da Contemporary Review, que Ramalho cita em carta a sua Mulher: «Quando o rei D. Carlos, confiando o poder à energia e inteligência de João Franco, os republicanos assassinaram-no». De outro modo - sem o recurso ao assassinio - não haveria República. Os republicanos nada podiam contra o "pulso" do Rei e do Principe Real.
« Com a revista pensamento Social (1872), Oliveira Martins e Antero, utópicos, levam a que o socialismo se afaste do movimento republicano». E a aproximar-se das "reservas" monárquicas. Por isso, O. Martins foi ministro num governo presidido por Dias Ferreira; e por isso esta fabulosa carta de Antero ao seu amigo Lobo de Campos, que eu nunca mais encontrava no desarrumo dos meus papeis:
«Creio que teremos República em Portugal, mais ano menos ano; mas, francamente, não a desejo, a não ser de um ponto de vista todo pessoal, como espectáculo e ensino. Então é que havemos de ver o que é atufar-se uma nação em lama e asneira. Falam da Espanha com desdém - e há de quê -, mas eles, os briosos portugueses, estão destinados a dar ao mundo um espectáculo republicano ainda mais curioso: se a República espanhola é de doidos, a nossa será de garotos».
Sábio Santo Antero!!!

16 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Eu diria outro tanto: pelos vistos, é a república dos mitras (gunas, como se diz no Porto?).

João Afonso Machado disse...

Cá é gunas. São os miúdos que se penduravam nos electricos à boleia. «Andar à guna». Ficaram os gunas, com brincos, tatuagens, BMW, retórica e demais adereços conhecidos.

Filipa V. Jardim disse...

João Afonso,

Parece-me que isso é o mais importante: que os factos estejam lá, ao dispôr das pessoas. Depois as opções sãos as que se quiserem, ou as que se puderem tomar. Até pode ser que muitas pessoas vão mudando a sua forma de pensar, perante os factos.
A História constroi-se todos os dias.
Ontem já é passado.
E os factos de ontem são os que são...
Importante que se vá reportando,o passado, para com isso, se repensar o presente e sobretudo, o futuro.

Nuno Castelo-Branco disse...

Simples, Filipa. Leia a excelente entrevista que o Rei deu este fim de semana. Calou muitos e provocou mal educadas reacções de frustração noutros.

Filipa V. Jardim disse...

Nuno Castelo-Branco

Li a entrevista.
Tenho seguido as intervenções do Senhor D. Duarte, nomedamente através dos meios informáticos de que hoje dispomos.
Reparei que não é muito adepto. Que tem reservas em relação a toda esta modernidade.
É verdade que tem que ser bem gerida, para não se tornar naquilo que não queremos. Mas permite coisas muito importantes.
Somos dez milhões de portugueses residentes. Temos que acrescentar a isso os portugueses que vivem fora e, os portugueses de segunda e terceira geração.
Quando o Senhor D. Duarte é lido em simultaneo aqui e, em qualquer parte do mundo,isso parece-me importante.
Há duas ideias fundamentais:
proximidade e modernidade. Sem isso, o que quer que se diga sobre monarquia,neste século XXI,cairá no vazio.

O Faroleiro disse...

Caro amigo.

Antes de mais deixe-me agradecer a atenção que me dedicou e retribuir os meus cumprimentos a uma sempre leal "adversário" das soirées.

Curiosamente tenho andado a ler João Franco, o "último cônsul de D Carlos" de Rocha Martins, um historiador monárquico.

Você sabe bem que na minha opinião a monarquia caiu por ela, em muito devido ao vintismo o qual veio das invasões napoleónicas.

D Carlos era um Rei pouco interessado em política, era um romântico, um artista, um humanista sim, mas não era político de todo, e cometeu o erro de entregar o governo a progressistas e regeneradores em rotativismo, o que transformou o parlamento numa espécie de circo onde alternadamente o poder era distribuído.

De Facto D Carlos não nasceu para Rei, herdou da mãe dívidas enormes, o que provocou a questão dos "adiantamentos à coroa", o que aliado à "questão dos tabacos" abriu a janela do parlamento aos republicanos nomeadamente a A Costa e a Benrardino Machado.

João Franco aparece neste contexto e era no mínimo "sui generis", atacava a monarquia, como diziam "navegava nas águas dos republicanos" tinha um discurso reaccionário e alternava entre a ditadura e democracia, expulsou os anarquistas enquanto ministro de Hintze Ribeiro, e amnistiou-os enquanto primeiro ministro, voltando mais tarde a uma estratégia ditatorial congelando as cortes e ameaçando de novo à expulsão da "reação" o que veio a ditar a morte do Rei.

Há quem diga que João Franco era republicano, muitos dos que lá estavam eram republicanos, até por uma questão de desgaste do regime; o país pagara bem caro as misérias das invasões, do vintismo, dos Cabrais, do rotativismo, e dos devaneios da coroa, ausente em caçadas e expedições marítimas, sempre "alheada" da "ganância" progressista e regeneradora que repartia o poder entre si.

No fundo o povo queria mudança, e a propaganda jacobina falsamente prometeu essa mudança; muitos como Homem de Cristo, fundadores da república, ao verem a penumbra em que mergulhou o país durante a ditadura Afonsista rapidamente mudaram de flanco.

A prova foi o aparecimento de Sidónio Pais, visto como um "salvador" por impor à força ordem na república por meio do seu absolutismo.

Casa onde não há pão meu amigo, todos ralham e ninguém tem razão.

Nuno Castelo-Branco disse...

Cara Filipa,

Permita-me dar a minha opinião. Segundo depreendi das palavras do Rei, a questão da modernidade não se põe, até porque o Senhor D. Duarte tocou em assuntos que há mais de trinta anos eram considerados excêntricos, desde a defesa do ambiente ao ordenamento territorial. Não confundamos modernidade com modas. O Rei não pode "estar na moda". Ou se é Rei intemporalmente, ou não se é. Ora o Senhor D. Duarte tem vindo a beneficiar do maior conhecimento que a opinião pública tem das suas posições. Não sou um cortesão nem sequer faço parte de qualquer organização monárquica, portanto estou livre de me exprimir, sendo insuspeito. A sensatez e moderação tem sido sempre o timbre das suas intervenções, enfim, o senso comum que tanta falta faz a este país.

João Afonso Machado disse...

Filipa:
Além de aqui manifestar o meu acordo quanto tudo o que o N. Castelo Branco disse, acrescentaria apenas que »a História é a mestra da vida (Tucídedes, creio eu). Enfim pelo menos a historiografia tem interesse, sobretudo pela luz que possa fazer para vermos o fundo do tunel, ou pelo menos não tropeçarmos muito. E Antero acertou em cheio - previu uma «República de garotos»; que o foi, é, e continuará a ser, de Freeport em Freeport até à desmoralidade total.

Caro Nuno:
Anda aler J. Franco? Faz muito bem, porque verá que D. Carlos teve um papel muito menos bonacheirão do que pensa.
Aliás, todos os Reis do Constitucionalismo. Há aí um livro com a correspondência de D. Pedro V e o Marquês de Lavradio, a quem se queixa de fazer pouco porque a Carta não o deixava dazer mais. Já então se exasperava com a improdutividade da classe politica.
Mas fundamental são as cartas que D. Carlos escreveu a J. Franco e este publicou, devidamente anotadas.
Será o post de logo à noite: uma carta do Rei, encimado por um galo qualquer a pôr ordem lá no galinheiro.
Um abraço

Nuno Castelo-Branco disse...

João Afonso, existe um manancial de provas do vivo interesse de D. Carlos pelos negócios do reino e a "lenda da borga" vai-se diluindo. Todos que com a Majestade colaboraram ou conviveram são testemunhos a ler com atenção. O Rei tinha e todo o direito a ter um tempo livre e mesmo esse, preenchia-o a pintar, a pesquisar, a visitar exposições, na sua querida lavoura e naturalmente, com os prazeres da carne. Rio-me quando leio gente "progressista" que se atreve a atacá-lo por isso mesmo. Impotentes imorais e talvez, físicos. A propósito do Bordallo Pinheiro, dois dos seus maiores admiradores eram D. Carlos e a Rainha que na entrevista ao Leitão de Barros dizia que era com grande prazer que viam caricaturados pelo génio. Outra coisa, outra gente! Tomáramos nós.
Este país lê mais e quem interessa, informa-se. O futebol e a politicazinha merceeira dos cavaquistas, fica para os demais.
Infelizmente, os portugueses têm uma visão cesarista do poder e jamais compreenderão o que é um monarca constitucional. Sem querer abusar, o Rei mostrou isso muito bem nesta grande entrevista de fim de semana. É disto mesmo que precisamos, daí o gozo que tive ao ler o chorrilho de grosserias e despeito que os do costume debitaram a torto e a direito. Repare que um simples post de duas linhas sobre a Família Real, provoca muitas reacções. Ninguém é indiferente e por mais ordinários que sejam, os ataques deixam-me radiante. Para a frente!, como dizia o grande homem que foi D. Carlos.

Filipa V. Jardim disse...

Nuno Castelo Branco,

Quando falei em modernidade , eventualmente expressei-me mal. Modernidade não no sentido de "modas". Um Rei não pode, nem deve estar na moda ou ceder a modas.
Mas tem que pertencer ao seu tempo.
Talvez fosse mais correcto, falar em actualidade.
A monarquia não pode é ser conotada com coisas passadas e "punhos de renda" que já ninguém usa. Como aliás já aqui se abordou.
Vivi, durante um tempo numa monarquia europeia.Conheci algumas mais.
Olho para esta proposta como uma proposta actual, moderna nesse sentido.(também no sentido das ideias expressas,obviamente)E,cada vez mais próxima dos cidadãos através destes meios que fazem parte do mundo de hoje.
Sei que esta entrevista foi lida em Punta del Este, em Montevidéo, em Buenos Aires, em S. Paulo...coisa que não seria possível sem estes meios actuais, da tal modernidade, que o Senhor D. Duarte não recusa e muito bem, na minha humilde opinião. Porque é assim, que se faz ouvir.


Tal como o Nuno Castelo-Branco, falo com total isenção. Não pertenço a nenhuma organização ou partido.

O Faroleiro disse...

Caros João Afonso e Nuno Castelo-Branco.

Vamos lá a ver, eu não utilizei os termos "bonacheirão" ou "borgas"; o rotativismo já vinha de Reis anteriores e os progressistas e regeneradores, de alguma maneira pareciam manietar o Rei, talvez por isso o seu "desinteresse" e atentem às aspas, pelos assuntos do parlamento que muitas vezes não padeciam de lógica que sustentasse algumas acaloradas discussões, como é o caso da "questão dos tabacos"; o parlamento daquele tempo não era para ser levado a sério, daí o choque de alguém como João Franco aparecer como reformista e homem de rupturas, com o apoio do Rei.

Toda a gente sabe que o Rei dedicava muito seu seu tempo, e não eram só os tempos livres caro Nuno, às lides da caça e das explorações científicas no mar, além da pintura numa fase mais inicial, aliás a sua obra é extensa.

O regime estava digamos "cansado" e o Rei, além de ser mal pago, ainda tinha de lidar com as dívidas da Srª sua mãe, além de ver a sua imagem frequentemente atacada pelos republicanos.

O desgaste foi o corolário, o João Franco ainda agitou um pouco as águas mas talvez o grande erro da monarquia tivesse sido a sua não continuidade no reinado de D Manuel após o regicídio.

O PRP em vez de ser destruído ganhou força, progressistas e regeneradores poder-se-há dizer que tiveram mais olhos que barriga !

João Afonso Machado disse...

Caro Nuno (Castelo Branco):
Ando à muito pouco tempo nisto dos blogs. Nunca imaginei que a mais pequena coisa dita sobre o Rei ou a Familia Real desperte logo tanta raiva. Vd. os outros blogs que frequentamos.
Evidentemente a entrevista de sábado dará que falar sobretudo às Câncias todas do Reino.

Filipa: isso dos «punhos de renda» já toda a gente sabe que pertence ao passado. Há é quem ainda insista na caricatura apenas para denegrir.
São os que pensam que matam o seu próprio medo com 10 milhões, a fazer conferências ou exposições aqui e ali, perante o desinteresse geral e a voz cava dos Alegres (poucos) que ainda por cá se arrastam.
O Senhor D. Duarte foi muito claro (e eu confirmo, com conhecimento de causa) ao referir as multiplas autarquias comunistas que o convidam. Têm menos medo dele do que outros ditos menos papões mas mais jacobinos.

João Afonso Machado disse...

Caro Nuno (Couto)
D. Carlos foi um artista e um cientista.
A maldicência e a desonestidade começam logo aí: são os predicados de que Alegre hoje se quer valer para dizer que é o melhor candidato a chefe do Estado.
D. Carlos pintou, desenhou, deixou muita arte. Investigação no campo da ornitologia e da vida marinha. Sabe que descobriu uma variedade de tubarões ainda chamada Odon... (Bragança)? Para quando um Presidente a esmiuçar o fundo do mar à procura de um caranguejo qualquer desconhecido?
Não meu caro, só se for na marisqueira, às voltas com uma lagosta e o eleitorado.
E deixou-nos o Aquário Vasco da Gama.
Tinha, por coincidência, um mesmo gosto que Alegre: a caça. Mas atirava muito melhor.
O mais... Também se contam aí muitas histórias entre politicos e politicas e maridos (e mulheres) deixados para trás. V. deve estar a pensar nas mesmas pessoas que eu.
Só uma achega: os adiantamentos, como sabe foram trazidos a público por J. Franco. Por transparência e porque a dotação da Casa Real para as despesas de representação não era alterada desde 1821!
Continuamos logo.

Nuno Castelo-Branco disse...

Filipa, até vou mais longe quanto a modernidades. Não gosto nada de ver a Família real exposta em revistas "do coração" que não têm qualquer credibilidade e passam o tempo a inventar títulos do género: "Letícia perseguida", "Letícia vítma", "Letícia desgostosa por lhe tirarem as filhas" (ahahahahah, esta é para rir!). Logo a seguir, "Letícia manipuladora, fria e ambiciosa". Não suporto a inutilidade dos"cronistas sociais" e gostava imenso que essa gente deixasse a Família Real em paz e sossego. Ignorem-na e dediquem-se à kikizada das festarolas. Só se preocupam com o acessório e esta entrevista do Rei, vale por um milhão de fotografias na praia ou no campo. Quem se interessa, lê e depois, comenta. O resto, para não estar a ser desagradável, não passa de ... lixo para escaparates de aeroportos, bancas de jornais, salões de cabeleireiro e caixas de supermercado. Não compro, nem me interessa.

Caro Bicho, aqui estamos plenamente de acordo. D. Manuel não estava preparado para reinar e a boa rainha cometeu o erro supremo de não ter deixado João Franco no poder. Contemporizou com os ferrenhos inimigos do Estado que até estavam na própria corte. Erro fatal. É por isso que hoje em Bangkok e ao contrário de outros episódios semelhantes, o rei ainda não se pronunciou. É que a situação parece e é diferente: está em causa a segurança e sobrevivência do Estado. A Coroa tem o dever de defender a unidade do país e a segurança geral do povo. Defendendo a Coroa, o Rei defende o Estado, logo, o povo. Uma verdade indesmentível. Dar a mão à subversão? Não!

João Afonso, quanto à opinião da jornalista Fernanda Câncio, há que reconhecer que esta senhora tem uma certa coragem e valor. Já a vi defender certas causas que merecem ser defendidas, doam a quem doer. Eu próprio, um miserável "retornado", beneficie como os demais, para a chamada de atenção para um problema habilmente ignorado pelo regime. O que também não a impede de logo a seguir fazer um inexplicável contraponto e dar a voz a mentiras e preconceitos. Enfim, a F. Câncio está na política activa. Mas tem mais valor do que muitos "comentadores oficialistas", queiram ou não queiram. Se atacar o Rei, fa-lo-á por imaginado republicano despeito, porque no fundo, decerto subscreve 90% daquilo que D. Duarte disse.

D, Duarte nunca teve punhos de renda e a sua vida é bem prova disso, desde o caso da escabrosa descolonização, até à adesão à CEE, ambiente património, etc, etc. Sempre foi inconveniente e para os poderosos e parasitas, não convém que venha a reinar e se por acidente da história conseguisse subir os degraus de acesso ao trono, muitos tudo fariam para que ficasse a meio. Disso não existe a mínima dúvida. O mesmo se aplica ao seu primo de Londres. Os seus piores inimigos estão precisamente em certos sectores que os extremistas de esquerda têm nos seus correligionários do "centro e direita". Assim mesmo! Leia os PSD de serviço na blogosfera, ansiosos por consolidarem certas redentoras banalidades no poder.
Estou muito à vontade para dizer isso, pois (ainda) não sou militante, não frequento nem conheço salões, não sou aristocrata e muito menos ainda, pessoa de negócios (sem qualquer sentido pejorativo para o termo). Digo aquilo que penso e me parece correcto. Nada de extraordináriol.

Filipa V. Jardim disse...

Nuno Castelo-Branco,

Sobre esse assunto que aborda de revistas,não me posso pronunciar. Eu raramente vejo televisão...quanto mais revistas.
(acabo de saber agora por si das notícias da Príncesa de Espanha)
Também concordo que as pessoas se devem expor o menos possível. Mas o facto de fazerem uma vida normal, como fazem, faz com que se vá perdendo, naturalmente o interesse por frivolidades.

Quanto ao rei D. carlos, pelo que li. E, li certamente muito menos, que o João Afonso e os Nunos (Castelo-Branco e Couto) tenho-o em conta de uma pessoa com um sentido estético apurado e grande curiosidade científica.

Aguardo então a carta de logo à noite e, o certamente interessante debate que se seguirirá...

Cumprimentos a todos

O Faroleiro disse...

Em relação aos adiantamentos :

"Aquilo vinha desde a hora em que a assembleia vintista quisera regularizar a vida dos Reis diante da nação(...)os "casacas de briche" tinham separado a lista civil dos príncipes constitucionais dos velhos moldes em que o erário era do soberano tanto como da nação(...)D João VI era rico, acumulara oiro no Brasil e nos cinco anos que vivera depois não tivera que recorrer ao tesouro(...)

D. Miguel,(...) sóbrio nos seus gastos, mas empenhando-se na guerra, deixara aos constitucionais um anémico cofre(...) com D Maria começaram as dificuldades (...) D Maria Pia habituada desde menina a satisfazer os seus caprichos(...) a Rainha não conhecia o preço das coisas(...) legando ao Rei que lhe sucedia embaraços pecuniários de toda a ordem..."

O que escrevo são fragmentos, obviamente que podem descontextualizar a ideia do autor sobre as contas reais mas servem apenas o propósito de "contar a história" do depauperamento da coroa e subsequentes adiantamentos; note-se que a Rainha D Amélia era conhecida pela sua poupança e cuidados com os gastos; note-se também que a coroa Portuguesa era das mais mal pagas da Europa; note-se também que D Carlos comunicou a J Franco a sua vontade de pagar as dívidas, suas e dos seus; por fim note-se que em 1892, o Rei abdicou de uma parte dos seus honorários em prol do país, quando a dívida atingia a quantia de 771.715.700 reis, a oposição não referiu que a quantia devida ao Rei àquele tempo era de 567.900.000 reis, o que reduzia significativamente a real quantia em débito.

Tudo isto para dizer que a discussão não só já vinha de longe, mas também não era "honesta" nem tão grave como queriam fazer parecer.

Um abraço.

Fonte : Rocha Martins - João Franco o último cônsul de D Carlos